A Embraer informou que decidiu concentrar seus esforços no segmento de aviação comercial, por ora, na remotorização de seus jatos de 70 a 122 passageiros –e não no desenvolvimento de um avião de maior porte.

Assim, a fabricante brasileira evita um confronto direto com as gigantes Boeing e Airbus, com faturamento 10 vezes maior e que dominam o mercado de aeronaves de grande porte.

De acordo com a assessoria de imprensa da fabricante brasileira, o desenvolvimento de uma segunda geração da família de aeronaves E-Jets demanda aportes estimados em 2 bilhões de dólares –menos que os 3 bilhões de dólares para um avião totalmente novo. Não está claro quais serão as fontes de recursos que a companhia usará para os investimentos.

A Embraer já sinalizava que não iria apostar em um jato maior. Em 4 de novembro, o presidente-executivo da empresa, Frederico Curado, afirmou que via dificuldade “na equação do retorno de investimentos” em um avião maior.

A Embraer vinha postergando uma decisão sobre sua estratégia para a aviação comercial, à espera dos posicionamentos de Airbus e Boeing –que decidiram colocar novos motores em seus campeões de vendas A320 e 737, respectivamente, com promessa de economia significativa de combustível.

A canadense Bombardier, rival histórica da Embraer na aviação regional, está desenvolvendo a família CSeries, de 100 a 149 assentos, com previsão de ter as primeiras entregas no final de 2013, embora reconheça desafios para cumprir o cronograma.

No final de julho, a companhia aérea britânica Flybe –que lançou o avião Embraer 195, o maior produzido no Brasil– informou à Reuters que tinha grande expectativa de que a fabricante brasileira decidisse equipar os jatos com um novo motor.

“A Flybe tem um grande relacionamento com a Embraer… Estamos sempre compartilhando nossas ideias com a Embraer como parte dessa parceria e olhando à frente para novas tecnologias no mercado de aviação regional para além de 2016. Temos a forte expectativa de que um novo motor faça parte disso”, disse na época o vice-presidente operacional da Flybe, Andrew Strong.

Analistas que acompanham a Embraer descartavam a chance de a fabricante ir para uma disputa com Boeing e Airbus. Além do porte e da musculatura financeira das fabricantes norte-americana e europeia, ambas têm forte apoio dos governos dos Estados Unidos e da Europa, o que desequilibra as forças, segundo relatado por executivos da Embraer.

A Embraer tem conseguido manter e até elevar sua carteira de pedidos na aviação comercial, com novas encomendas em ritmo igual ou superior ao das entregas de jatos.

Em entrevista à Reuters em março, o presidente da fabricante disse ter uma visão de longevidade dos E-Jets.

“Os E-Jets são aviões que estarão no mercado durante décadas… Eu vejo nos E-Jets a história do Boeing 737, que é um produto que tem 40 anos, com três gerações”, disse Curado na ocasião, ressalvando que em algum momento os aviões precisariam de uma nova versão.

A Embraer fechou encomendas firmes por mais de 1 mil unidades dos E-Jets desde o lançamento dos aviões, em agosto de 1999, tendo entregue quase 800 aeronaves desde 2004.