Caso Veron: julgamento será retomado no dia 21, em São Paulo

Foi designado para o próximo dia 21, às 11horas, na vara Federal do júri de São Paulo o julgamento dos acusados da morte do cacique Marco Veron, ocorrido em 13 de janeiro de 2003, na Fazenda Brasília do Sul, no município de Juti – MS. O julgamento dos réus Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Foi designado para o próximo dia 21, às 11horas, na vara Federal do júri de São Paulo o julgamento dos acusados da morte do cacique Marco Veron, ocorrido em 13 de janeiro de 2003, na Fazenda Brasília do Sul, no município de Juti – MS.

O julgamento dos réus Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde, acusados de matar o cacique Marcos Veron, e tentar matar outros seis indígenas, que se iniciou, na capital de São Paulo, no dia 03 de maio de 2010, não foi concluído, porque no segundo dia do julgamento os quatro Procuradores, que atuavam na acusação, abandonaram o plenário do Júri, alegando que estava havendo cerceamento da acusação em virtude de a juíza Paula Mantovani Avelino, que presidia os trabalhos, ter indeferido a nomeação de interprete na oitiva das vitimas e das testemunhas, todas silvícolas.

A juíza indeferiu o pedido escorado na argumentação do advogado Josephino Ujacow, que defende os acusados, no sentido de que os silvícolas, vítimas e testemunhas, quando ouvidos na fase policial e judicial, não necessitaram da presença de intérprete. E alem do mais, ressaltou o advogado, todos eles declararam saber ler e escrever, extraindo-se daí a desnecessidade de intérprete.

Insatisfeitos com a decisão da juíza, os quatro procuradores retiraram-se do plenário, obrigando a juíza a suspender os trabalhos e designar nova data para o julgamento, que foi redesignado para o próximo dia 21, às 11horas.

A juíza Paula Mantovani Avelino, diante do comportamento ilegal e deselegante dos Procuradores da Republica, condenou os mesmos a reembolsar ao erário publico todas as despesas que haviam sido efetuadas (passagens aéreas e urbanas, despesas de hospedagem e alimentação) na preparação da realização do júri.

O julgamento foi desaforado para a capital de São Paulo, em razão do Ministério Publico Federal ter alegado que o proprietário da Fazenda Brasília do Sul, Jacintho Honorio da Silva Filho, possui prestigio político e social não só em Dourados, onde deveria ser realizado o júri, mas também em todo o Estado de Mato Grosso do Sul, podendo influenciar os jurados, fato contestado pela defesa.

Em entrevista exclusiva ao MIDIAMAX, o advogado Ujacow disse que “O MPF tem sustentado em notas à imprensa que os réus mataram o cacique Marcos Veron a pauladas na fazenda Brasília do Sul. Nada mais inverídico. O cacique recebeu pancadas na cabeça, em sua aldeia, no Porto Cambira, horas após a expulsão dos índios da fazenda Brasília do Sul”.

Afirmou ainda o advogado que “O cacique se envolveu em um entrevero com seus próprios filhos e familiares, que pretendiam retornar à fazenda Brasília do Sul, havendo agressões recíprocas, tendo o índio Laucidio Barrios Flores desferido uma pancada na cabeça do cacique, prostando-o ao solo, utilizando-se para tanto de um banco de pau. A pancada letal foi desferida na aldeia e não no território da Fazenda Brasilia do Sul, já que o cacique saiu andando e caminhando o que seria impossível se tivesse sofrido traumatismo craniano. Isso consta do processo”.

Concluiu o advogado que “O MPF prefere se alicerçar na versão dos indígenas, que, ressentidos e magoados com a expulsão das terras de propriedade do Sr Jacintho,não hesitaram de mentir e falsear com o claro intuito de incriminar os acusados”.

Conteúdos relacionados