BC deve levar juro para 9,5% em 2012, diz ex-diretor
O ex-diretor do Banco Central (BC) e atual vice-presidente-executivo do Itaú Unibanco, Sérgio Werlang, afirmou em entrevista à Agência Estado que a desaceleração da demanda agregada e a consequente baixa da inflação devem levar o BC a reduzir os juros para “pelo menos 9,5% até meados do próximo ano.” Segundo ele, é claro que o […]
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O ex-diretor do Banco Central (BC) e atual vice-presidente-executivo do Itaú Unibanco, Sérgio Werlang, afirmou em entrevista à Agência Estado que a desaceleração da demanda agregada e a consequente baixa da inflação devem levar o BC a reduzir os juros para “pelo menos 9,5% até meados do próximo ano.” Segundo ele, é claro que o nível de atividade perdeu vigor em função de ações do governo para reduzir o consumo, como o aumento dos juros de 10,75% para 12,50% de janeiro a julho, as medidas de restrições do ritmo de concessão de crédito e a decisão do Poder Executivo de reduzir os gastos, o que está contemplado no cumprimento do contingenciamento de R$ 50 bilhões de recursos do Orçamento deste ano.
Poucos analistas duvidam que o governo vai entregar a meta cheia de superávit primário neste ano, pois, além de ter condições de economizar R$ 117,89 bilhões, a administração federal prometeu elevar esse montante para R$ 127,89 bilhões em 2011.
Segundo Werlang, o agravamento da crise externa desde meados de agosto vai agregar elementos desinflacionários ao Brasil nos próximos meses. Hoje, muitos analistas internacionais e autoridades do governo, como o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, avaliam que a Grécia vai passar por um default organizado da sua dívida soberana.
Adicionado a esse fato, há a necessidade reconhecida por autoridades europeias, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, de recapitalização de bancos europeus em volume que pode chegar a 200 bilhões de euros, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Nossos modelos mostram que, com a desaceleração externa, acoplada à redução do nível de atividade interna causada pelas restrições da demanda já registradas, há espaço para a queda de juros no Brasil para 9,5% até meados do próximo ano”, disse o vice-presidente do Itaú Unibanco.
Nesse contexto de desaceleração do nível de atividade, Werlang destaca que a inflação inevitavelmente vai cair e mostrar no próximo ano seu novo patamar, que será mais próximo da meta de 4,5% – e não a atual marca de 7,3% exibida pelo IPCA de setembro no acumulado de 12 meses. O BC acredita que o IPCA vai baixar para 5,3% em abril ou maio, também no acumulado no horizonte de um ano.
Segundo ele, como o mercado vai começar a perceber que o cenário do BC de convergência da inflação ao centro daquela meta em 2012 é o mais correto, as expectativas para a inflação relativas ao próximo ano vão começar a baixar e ir na direção apontada pelo BC. “Isso vai acontecer. É apenas uma questão de tempo”, afirmou. Segundo Werlang, com a redução da velocidade do nível de atividade, o Brasil deve crescer 3,2% em 2011 e avançar 3,5% em 2012.
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