Bailarina de Corumbá se prepara para audição que garante bolsa de estudos na Alemanha

“Quando sou criança, viro orgulho da família: giro em meia ponta, sobre minha sapatilha”. Esse trecho da canção “A bailarina”, de Toquinho, parece se encaixar no momento que está vivendo Aline Silva Espírito Santos, de apenas 13 anos. A garota, que é aluna da escola de artes Moinho Cultural Sul-Americano e começou a se enveredar no mundo da dança aos 10 anos, carrega a promessa …

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

“Quando sou criança, viro orgulho da família: giro em meia ponta, sobre minha sapatilha”. Esse trecho da canção “A bailarina”, de Toquinho, parece se encaixar no momento que está vivendo Aline Silva Espírito Santos, de apenas 13 anos. A garota, que é aluna da escola de artes Moinho Cultural Sul-Americano e começou a se enveredar no mundo da dança aos 10 anos, carrega a promessa de ser uma das primeiras a alçar voos fora do país.

“Quando sou criança, viro orgulho da família: giro em meia ponta, sobre minha sapatilha”. Esse trecho da canção “A bailarina”, de Toquinho, parece se encaixar no momento que está vivendo Aline Silva Espírito Santos, de apenas 13 anos. A garota, que é aluna da escola de artes Moinho Cultural Sul-Americano e começou a se enveredar no mundo da dança aos 10 anos, carrega a promessa de ser uma das primeiras a alçar voos fora do país.

Ela foi selecionada entre centenas de crianças que frequentam o Moinho Cultural para participar de uma seleção que destina bolsas de estudos na escola de dança Ballet Schule, em Berlim, capital da Alemanha.

Orgulhosa de sua filha caçula, Jaqueline Benedita Silva Espírito Santo, mãe de Aline, confessa que a possibilidade de a filha se aprimorar na dança em um país tão longe do Brasil traz alegria, mas também um sentimento que já começa a sentir: a saudade.

“Meu coração está um pouco acelerado, vou sentir bastante saudade porque sou muito apegada a ela, mas vou torcer para que tudo dê certo e se Deus quiser ela vai conseguir superar os obstáculos que encontrar. Isso nunca passou pela minha cabeça, aconteceu tão rápido, não dava nem para imaginar, mas estou muito feliz por ela ter conseguido ser selecionada para a audição na Alemanha”, afirmou a mãe que teve papel importante para a escolha de Aline, pois a constante presença dela em todas as atividades da filha também foi um fator levado em conta na hora da seleção, como contou ao Diário, a diretora artística da escola, Márcia Rollon.

“Tínhamos cerca de 20 crianças com potenciais técnicos para encarar essa audição, mas a Aline foi escolhida porque se mostrou com um perfil emocional mais equilibrado, teve sempre a família, sobretudo a mãe participando, colaborando conosco, além disso, ela é uma menina versátil, sempre se coloca disponível, na escola regular, tem boas notas. Então, além da técnica, levamos em conta a prontidão, a disciplina e a responsabilidade dela no dia a dia”, disse Márcia que vai acompanhar a garota durante cerca de um mês quando ela deve passar por um período de aulas intensivas na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, no Rio de Janeiro.

“É uma escola bastante respeitada, que é vinculada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Lá, ela poderá se preparar para a audição na Alemanha e também servirá como uma primeira experiência vivendo longe da família”, comentou Márcia que por volta do dia 13 de fevereiro, embarca com a jovem bailarina para a Europa para a audição técnica e de submissão de testes emocionais.

“A escola alemã promove esses testes porque, depois de admitidos, os alunos podem ficar de 1 a 9 anos, vivendo num sistema de internato com pessoas de outros 27 países. Então, é preciso que a pessoa tenha um perfil emocional que não peça depois de pouco tempo para voltar para casa”, explicou.

Márcia Rollon adiantou ao Diário que o Moinho Cultural Sul-Americano conseguiu ampliar o intercâmbio com a Alemanha e que, em 2012, provavelmente algum aluno que estuda música na instituição poderá estar em Berlim se aprimorando numa escola de música alemã.

Talento e determinação

Um lugar que despertava a curiosidade de uma garotinha nos passeios que fazia pelo Porto Geral de Corumbá. Foi assim que começou a relação de Aline Silva Espírito Santo, 13 anos, com o mundo da dança. É que o prédio que chamava a atenção da menina era a sede da escola de artes Moinho Cultural Sul-Americano. “Pensava no que podia fazer ali e quis entrar. Daí, minha mãe tentou uma vaga e fui aprovada na seleção em 2007”, contou a jovem ao Diário.

A menina, que hoje se prepara para concorrer a uma bolsa numa escola de dança em Berlim, quase teve um destino diferente. Isso porque logo no início das aulas no Moinho outra forma de arte a cativou. “A princípio, eu gostei muito de tocar piano, eu queria ser uma pianista, mas aí depois eu fui me encantando com a dança e disse: é isso que quero pra mim”, conta Aline que impressiona tanto pelo talento com a dança como pelo jeito determinado de falar para uma menina de treze anos de idade.

“Lá no Moinho, tem quase todos os tipos de dança, afinal bailarina que é bailarina dança tudo, não pode ficar apegada só com uma coisa. Eu sei um pouco de cada: contemporâneo, de clássico, um pouquinho de street, jazz, mas o que mais gosto de fazer é o clássico”, afirmou Aline que disse ainda saber quais razões a fizeram se destacar nesse estilo.

“Eu gosto mais do clássico porque me identifiquei com ele, pois para o contemporâneo não tenho o corpo adequado, que é uma dança mais forte. Não digo que o balé clássico também não seja, porque exige muita força para você, mas para o público você tem que passar uma leveza enorme”, avaliou a jovem bailarina que não imaginava que poderia ir tão longe.

Aline foi submetida a um teste de vídeo onde teve que mostrar toda sua técnica adquirida nos três anos de estudos no Moinho Cultural. Foi esse material que ajudou a selecioná-la para a audição na Alemanha.

“Eu ia passar as férias na fazenda com meus pais, mas daí a Márcia (Rollon) ligou e disse que não podia ir porque havia passado no teste e daí meu coração ficou acelerado”, contou ao falar qual foi o pensamento que veio à mente no momento que recebeu a boa notícia. “A primeira coisa que falei quando fiquei sabendo da notícia é que um dia irei ver a neve, encostar na neve. Eu achei isso super legal.”

Sobre a temporada para a audição na Alemanha, a garota diz que se esforçará ao máximo para não deixar escapar a oportunidade que tantos sonham.

“Nesses dias vou ter que mostrar tudo que sei e mostrar que também posso estar junto com outros alunos; vão fazer vários testes emocionais para saber se vou conseguir segurar a barra de ficar longe da minha família”, comentou a menina que mesmo jovem, já traça com determinação seu futuro.

“Eu vou sentir tanta falta deles quanto eles de mim, mas eu tenho que fazer isso porque é o que eu quero”, concluiu.

Conteúdos relacionados