Vôlei: Brasil não resiste a Cuba, e perde no tie-break

Quando Cuba vencia por 10/8 no tie-break, a música escolhida por Dante e Rodrigão ganhou os alto-falantes do ginásio Palaolimpia, em Verona: “Sonhar não custa nada, o meu sonho é tão real”. Era real, mas escorreu pelos dedos. Em jogo espetacular nesta segunda-feira, o Brasil caiu no primeiro set e venceu os dois seguintes, mas […]

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Quando Cuba vencia por 10/8 no tie-break, a música escolhida por Dante e Rodrigão ganhou os alto-falantes do ginásio Palaolimpia, em Verona: “Sonhar não custa nada, o meu sonho é tão real”. Era real, mas escorreu pelos dedos. Em jogo espetacular nesta segunda-feira, o Brasil caiu no primeiro set e venceu os dois seguintes, mas permitiu outra virada de Cuba e viu escapar a liderança da chave B no Mundial. A vitória por 3 a 2 (34/32, 18/25, 23/25, 25/21 e 15/12) faz os centro-americanos avançarem invictos. Resta agora à equipe verde-amarela virar a página e pensar na próxima etapa, quando terá pela frente equipes fortes como Bulgária e Polônia.

– Nada de desespero. Perdemos em 2002 para os Estados Unidos, em 2006 para a França. Temos que cerrar os dentes, levantar a guarda e aprender com este jogo. Facilidade nós não vamos ter aqui. Mas não saímos de cabeça baixa. Acho que foi um bom jogo, talvez a segunda melhor atuação no ano, mas eles jogaram com inteligência, desequilibrando – explicou Bernardinho, que maltratou as muletas durante toda a partida.

O Brasil sofreu com os garotos cubanos. Fernando Hernández, de 21 anos, marcou incríveis 28 pontos. O fenômeno Leon, de 17, contribuiu com 24. Foi a mesma pontuação do brasileiro Murilo, que deixou a quadra com dores musculares.

O primeiro set mostrou que a torcida italiana estava diante de um legítimo Brasil x Cuba. Os centro-americanos dominaram a metade inicial, mas os brasileiros acertaram o saque aos poucos e viraram para 10/9. A alegria durou pouco. Beirando a perfeição no ataque, os cubanos logo retomaram o controle da partida, abriram três e forçaram Bernardinho a parar o jogo. O técnico esqueceu as muletas e levantou para gritar com o time, sem economizar nos palavrões. A bronca deu certo, e a seleção se acertou. Com um bloqueio triplo, igualou o placar em 20/20.

Com 23/23, Dante sacou na rede e deu aos cubanos a chance de fechar a parcial. O presente voltou com um serviço para fora. A seleção tomou a frente quando Rodrigão ergueu a barreira na rede e fez 26/25 no bloqueio. Com a tensão no ar, uma troca de saques para fora esticou o placar do set. O equilíbrio se arrastou até parar num bloqueio de Simon, que fechou em 34/32.

O Brasil começou o segundo set tentando desmentir um retrospecto histórico: a facilidade cubana de jogar com o placar a favor. No início da parcial, foi difícil segurar a “boiada desenfreada”, como tinha definido Dante na véspera. Mas não foi por muito tempo. O placar logo pulou para 10/6 a favor do time de amarelo.

Quando Bruninho correu pra buscar uma bola quase na torcida, o técnico-pai arregalou os olhos. Com apenas um levantador no elenco, Bernardinho respirou aliviado ao ver que o filho freou antes da placa de publicidade. Foi esse Brasil ao mesmo tempo consciente e agressivo que dominou o set com facilidade. Após ver Murilo fazer oito pontos, coube justamente a Bruninho fechar o placar, explorando o bloqueio adversário: 25/18.

Sempre sob o comando de Leon, que voava em quadra, Cuba tomou a dianteira no início do terceiro set. As muletas de Bernardinho sofriam com a irritação do técnico. Com Dante e Murilo jogando bem, o técnico manteve Giba no banco, a exemplo do que tinha feito contra a Espanha. Mas o Brasil não conseguia chegar. O adversário chegou a abrir cinco pontos e controlou a vantagem durante a parcial. Era Murilo que segurava a onda – àquela altura, ele já tinha incríveis 21 pontos. Foi numa bola dele explorando o bloqueio que o Brasil finalmente encostou. Vissotto completou o serviço com três pontos seguidos para colocar a seleção à frente: 19/17.

O oposto sentiu o bom momento e passou a virar todas as bolas para a equipe verde-amarela. Com o saque e o contra-ataque funcionando bem, a torcida acordou em Verona. E no embalo dela, o time controlou a parcial até o fim para fechar num saque espetacular de Lucão: 25/23.

Cuba não era só Leon. Aos 21 anos, Hernández cresceu na partida e complicou as coisas para o Brasil no quarto set. Com direito a lance emblemático: ele defendeu uma bola quase impossível, caindo para trás, com a mão esquerda para o alto. Não satisfeito, gesticulou para pedir o levantamento, foi para o ataque e empatou o placar em 14/14.

A jogada deu moral aos cubanos, que passaram a ditar o rimo da parcial e abriram três de vantagem. Bernardinho, mesmo de bota ortopédica, chegou a se jogar no chão para sair do caminho de Theo, que buscava uma bola perdida.

Quando Cuba vencia por 21/19, Giba tirou o agasalho e foi para a quadra no lugar de Murilo, que saiu sentindo cãibras e ficou sentado no chão, fazendo alongamento. Não adiantou. A equipe centro-americana manteve a cabeça no lugar e, no saque de Leon, fechou em 25/21.

O tie-break viu um Brasil tenso, sem conseguir emplacar seus saques. Apesar de ter aberto 3/1 no início, o time não conseguiu segurar a pressão cubana. Quando o rival abriu 10/8, Bernardinho bateu as muletas no chão com força. Foi neste momento que a música escolhida por Rodrigão e Dante ganhou os alto-falantes: “Sonhar não custa nada, o meu sonho é tão real”. Não era. A tentativa de reação esbarrou em Leon, que fechou o jogo num ataque perfeito na ponta. Com autoridade de gente grande, fecharam o tie-break em 15/12. Com jeito adolescente, festejaram sem cerimônia dentro da quadra.

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