Torres da Plaenge na margem dos córregos dividem opinião de deputados

Coronel Ivan e Paulo Duarte acreditam que construções teriam sido uma das causas da erosão que arrasou avenida; Paulo Corrêa defendeu a construtora

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Coronel Ivan e Paulo Duarte acreditam que construções teriam sido uma das causas da erosão que arrasou avenida; Paulo Corrêa defendeu a construtora

O coronel José Ivan de Almeida (PRTB), que no mês passado alertou sobre os riscos da construção de prédios na Bacia do Prosa, disse hoje que o Ministério Público iniciou uma série de investigações sobre o assunto, mas não deu sequência e criticou a construtora que ergueu torres em toda a região. “Para mim, a Plaenge é que tinha que pagar pelos estragos”, frisa o deputado coronel Ivan.

Ao lado do prédio do Ministério Público Estadual, dentro do Parque dos Poderes, foi construído um condomínio e a Promotoria do Meio Ambiente travou uma batalha na Justiça, mas não conseguiu barrar o empreendimento. (Lei matérias relacionadas)

O deputado Paulo Duarte (PT) também aponta como uma das possíveis causas da erosão que ‘engoliu’ parte da Avenida Ricardo Brandão no último sábado (27) a construção de edifícios construídos depois de alterações na Lei do Uso do Solo. Os ‘ajustes’ na lei resultaram na liberação das obras na Bacia do córrego Prosa, região do shopping Campo Grande e do Parque dos Poderes.

Coronel Ivan e Duarte suspeitam de que o boom imobiliário naquela região teria sido uma das principais causas do arraso na Avenida Ricardo Brandão no último sábado (27).

Por outro lado, o parlamentar Paulo Corrêa (PR) usou a tribuna para defender construtora Plaenge, responsável por 400 apartamentos em uma área que representaria 1% de toda a Bacia do Prosa.

O assunto foi discutido na Assembleia Legislativa. Com ânimos alterados Duarte e Corrêa divergiram.

Porém, pouco antes, o deputado coronel José Ivan conversou com o Midiamax e repetiu a suspeita que veio à tona no mês passado, antes de acontecer a tragédia, de que as construções no entorno do Prosa seriam a causa da abertura da cratera aberta na Avenida Ceará. Essa erosão que nasceu nos fundos das quatro torres da Avenida Afonso Pena, perto da cachoeira, desceu o pontilhão e ‘engoliu’ parte da Ricardo Brandão.

“Sempre discordei das construções ali [Bacia do Prosa] pelo fato de estarem em área de preservação permanente. Os projetos foram mal conduzidos em local que não podia. O prefeito atribuiu à frouxidão da lei no período de 2002. A Plaenge queria fazer do parque o Jardim dos Imóveis. Tem que parar as construções”, frisa Almeida.

Bate-boca

A sessão da Assembleia Legislativa nesta manhã discutiu a polêmica que coloca de um lado as questões ambientais e a coletividade e do outro, os interesses econômicos.

Paulo Corrêa (PR) defendeu a construtora dizendo que ela é séria e gera empregos na cidade.

Duarte tentou rebater Corrêa que não lhe concedeu aparte para que usasse o microfone. Com o tom de voz alto e alterado, os deputados travaram o bate-boca.

O petista comunga da mesma opinião de especialistas como o professor de Arquitetura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ângelo Arruda, de que o excesso de construções na margem do córrego influenciou na permeabilização do solo e a enxurrada fez o arraso na avenida. Já o parlamentar do PR, atribui à chuva a causa principal causa de toda a destruição urbana. Os mesmos argumentos das autoridades municipais.

Duarte frisou que se a empresa tem interesses econômicos não faz favor de contratar operários. Ele defendeu a urgente revisão da Lei do Uso do Solo, contestou o motivo de a Prefeitura liberar a construção de uma torre da construtora na Avenida Mato Grosso ao invés de levar adiante o projeto do viaduto. “Vemos que o interesse econômico sobrepõe o público”.

Corrêa rebateu e disse que a discussão precisa ser feita de maneira responsável. “Será que choveu mais do que a cidade suporta? Tem que ter embasamento”, finaliza.

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