As mudanças nos sistemas político, tributário e da Previdência Social começa já nas eleições dos parlamentares que irão compor o novo Congresso Nacional a partir de 2011. A candidata à Presidência Marina Silva, do Partido Verde, destacou no programa 3 a 1, da TV Brasil, que caberá à sociedade escolher os melhores candidatos distribuídos entre os partidos.

Neste sentido, ela afirmou que uma vez na Presidência não poupará esforços para estabelecer uma relação programática e não pragmática com os partidos representados no Congresso.

“A reforma política que não é feita há séculos, metaforicamente falando, pode ser feita por você cidadão e cidadã não elegendo aqueles que não tem compromisso com as mudanças estruturais do país”, afirmou Marina.

Especificamente sobre a reforma tributária, a candidata disse que a redução de impostos é uma tarefa do próximo governo, mas simplificar é uma obrigação com a qual já está comprometida.

Neste sentido, ela citou necessidades como a desonerar a produção, mais investimentos e a necessidade de ter uma arrecadação voltada apenas para demandas do Estado que “é um gigante de boca aberta”.

Ela ressaltou que, neste sentido, o Estado cobra muito e oferece pouco ao cidadão. Marina citou, por exemplo, que 40% das crianças ainda não conseguem concluir o ensino fundamental e, na saúde, apesar da universalização do atendimento ainda se vê “filas enormes” para obter certos benefícios. “Então, o Estado que arrecada e cobra muito, principalmente dos que menos podem tem que ofertar um melhor recurso”.

Perguntada como superaria os obstáculos impostos pelo decorrer dos anos para a execução das reformas, como a tributária, em um partido pequeno como o PV, Marina defendeu “alianças pontuais” com os partidos. “Não é admissível que esses dois grandes partidos [PT e PSDB] não conversem. É por isso que quero conversar com os melhores do PT, PSDB, PMDB, e dos Democratas”.

Marina Silva também analisou a tradicional forma de se fazer política no país com base na partilha de cargos. “Não dá para a gente fazer o discurso hipócrita de criticar a política e continuar fazendo como sempre se fez neste país”. Ela lembrou que, quando pertencia aos quadros do PT, em duas ocasiões votou contra a orientação do partido: na criação da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) e na assinatura do

Protocolo de Quioto, no governo Fernando Henrique Cardoso, questões que considerava benéfico para o país. “Isso é fazer política com “p” maiúsculo”.

A candidata destacou que só é possível governar a partir do momento em que o candidato sinalize ao eleitor a forma como pretende executar suas propostas durante a campanha. “Eu estou dizendo isso agora: conheço muita gente boa dentro do PT, PMDB, PSDB, nos partidos de esquerda que tem que vir para o campo de um novo acordo social”.

Neste sentido, ela destacou os acordos sociais dos presidentes Fernando Henrique, que permitiu o país conquistar a estabilidade da economia, e o do presidente Lula que retirou 25 milhões de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza e colocou 30 milhões de pessoas na classe média.

“O acordo social que quero que saia das urnas comigo é àquele que é capaz de permitir o realinhamento histórico na política para que o Brasil possa fazer as mudanças que precisam ser feitas: temos que investir em educação, segurança, saúde, infraestrutura mas, também, na mudança do modelo de desenvolvimento”.

Ela qualificou de “velha” a ideia de que meio ambiente e desenvolvimento são pontos que se contrapõem. A candidata ressaltou que, no período em que foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula, a sua pasta praticamente dobrou o número de licenciamentos ambientais necessários para a execução de obras, se comparado com o governo anterior.

“Enquanto eu fiquei no governo ninguém deu licenças políticas, as licenças foram aprovadas com qualidade técnica”, afirmou Marina ressaltando que concedeu as licenças ambientais mais díficeis do governo Lula. A candidata destacou que seu pedido de demissão deveu-se a intenção do governo de revogar o Plano Nacional de Desmatamento e não a resistências em conceder licenças para construções de hidrelétricas.