A Petrobrás anunciou ontem lucro de R$ 8,285 bilhões no segundo trimestre de 2010, praticamente igual ao resultado do mesmo período do ano anterior, apesar de ter registrado grande aumento nas vendas. No semestre, a companhia acumula lucro de R$ 16,021 bilhões, alta de 11%. A empresa fechou o período com uma dívida de quase R$ 120 bilhões muito próxima do limite estipulado por sua política de endividamento.

O resultado divulgado pela empresa ficou um pouco acima da média projetada por analistas ouvidos pela Agência Estado, de lucro de R$ 7,9 bilhões. Houve expressivo crescimento na receita líquida, de 6%, para R$ 53,631 bilhões no trimestre, mas a redução na margem operacional (de 32% para 23%) reduziu a apropriação de lucro sobre os maiores volumes de venda. A queda da margem é resultado de uma redução nos preços da gasolina e do diesel em junho de 2009.

Além disso, explicou o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, paradas para manutenção em refinarias forçaram a empresa a importar mais diesel este ano. “O crescimento da receita é fruto da retomada da demanda de diesel no Brasil. Mas por conta das paradas programadas, tivemos que importar mais diesel, com uma margem menor”, disse o executivo.

O mercado de diesel cresceu 9% no trimestre, puxando as vendas de combustíveis pela companhia, que aumentaram 6% no período. Mesmo com a redução de preços em junho, a Petrobrás permanece cobrando mais caro do que no mercado internacional: a média dos preços praticados pela estatal esteve em R$ 158,20 por barril no primeiro semestre, contra R$ 150, 63 vigentes nos Estados Unidos. A situação já dura desde o terceiro trimestre de 2008.

Caixa. A empresa registrou no trimestre uma geração de caixa de R$ 15,927 bilhões, menos dos que os R$ 20,348 bilhões investidos no período. No semestre, a Petrobrás gerou R$ 31,003 bilhões e investiu R$ 38,101 bilhões – com destaque para um crescimento de 115,6% nos recursos gastos com novos projetos de refino e petroquímica. Os maiores investimentos vêm levando a um aumento nos níveis de endividamento da companhia.

“Geramos R$ 31 bilhões e investimos R$ 38 bilhões. É claro que estamos financiando investimento com captação”, afirmou Barbassa. O endividamento bruto da empresa atingiu R$ 118,4 bilhões no dia 30 de junho, R$ 10,2 bilhões a mais do que no fechamento do trimestre anterior.