Roberto Luiz foi destaque no futebol profissional sul-mato-grossense, nas equipes do Comercial e Operário. Hoje, ele é um dos moradores que aguarda uma casa dos programas habitacionais públicos, mais precisamente da Agência Municipal de Habitação da Prefeitura de Campo Grande (Emha)

Roberto Luiz foi destaque no futebol profissional sul-mato-grossense, nas equipes do Comercial e Operário. Hoje, ele é um dos moradores que aguarda uma casa dos programas habitacionais públicos, mais precisamente da Agência Municipal de Habitação da Prefeitura de Campo Grande (Emha).

Enquanto não é contemplado pela Emha, o ex-jogador que no auge da carreira era conhecido como Piranha, está morando com o sogro, o aposentado Sebastião Souza; a esposa Rosa Maria Mendonça e o filho de três meses, no bairro Jardim Noroeste, na Capital. A família foi uma que teve direito de reintegração de posse do imóvel – um dos invadidos no sábado (10), com a presença da tropa de elite da Polícia Militar do Estado (Cigcoe).

Piranha revela que a família se mudou para o imóvel logo depois que foi determinada a saída dos invasores e que, no começo da noite do mesmo dia, uma mulher apontada como líder das famílias obrigadas a sair das casas retornou e fez ameaças. “Ela fez gestos obscenos e disse que isto não ia ficar assim. Pra gente tomar cuidado”, diz.

O ex-jogador diz que o mau gerenciamento e “apadrinhamentos políticos” são os culpados pela demora na entrega das casas e ainda o beneficiamento de pessoas que, para ele, “não teriam tanta prioridade para ter uma”.

O próprio Piranha revela que já ouviu depoimentos de várias pessoas procurando vereadores para tentar “um jeitinho” para não ficar muito na lista de espera por um imóvel, por mais simples que seja. Segundo ele, deputados ligados a área habitacional também são procurados.

No dia da retirada das famílias, o Midiamax conversou com Sebastião Souza. Ele contou que tentou se mudar para a casa no prazo estipulado pela Agência Estadual de Habitação (Agehab), que é de 30 dias a partir da data do recebimento das chaves do imóvel. Porém, ao chegar, os invasores que estavam se recusaram a sair e a família do aposentado teve que retornar com toda sua mudança.

“Tenho esposa e um filho pequeno para criar. A gente pagava R$ 200,00 de aluguel no bairro Tijuca, mas como hoje vivo de bicos e confecção de vasos para plantas ornamentais, não consigo manter e a casa e, como milhares de pessoas que há anos está no cadastro; preciso de uma casa urgentemente porque esta, realmente não é minha. Estamos de favor aqui”, desabafa.

Outros casos

A reportagem do Midiamax conversou com outros moradores do residencial que foi invadido no dia 10 de julho. O motoentregador, Eurico Rosa estava fazendo “bico” de pedreiro na casa de um amigo que foi contemplado, mas que ainda não levou toda a mudança. Segundo ele, o amigo Vanderlei de Oliveira decidiu primeiro fazer muro e colocar cerca elétrica antes de levar todos seus pertences. Isto porque ele trabalha o dia inteiro como vendedor e teme invasão.

A reportagem conversou com Belmira Silva, 82 anos. A aposentada está no imóvel, que pertence a um sobrinho, há aproximadamente dez dias. Ela revela que ouviu um morador comentar que consegui uma das casas no mesmo conjunto habitacional, por meio de um “apadrinhado político”. “Estou aqui só até meu sobrinho trazer todas as coisas dele. A gente escuta de tudo, mas é bom nem comentar, né?”, diz com certo receio de represália.

Fechadas mesmo com invasão

Um morador, que prefere não se identificar, revela que a maioria das casas que estavam invadidas e foram desocupadas no dia 10 sob forte esquema policial, continua fechada. Ele apontou três casas (uma ao lado da outra) que continuam fechadas e os donos, sequer, colocaram familiares para cuidar até que se mudem. “A polícia disse pra nós que já fez o trabalho dela. Agora, se invadirem denovo, o problema vai ser todo dos donos”.

As casas do conjunto habitacional têm dois quartos, sala conjugada com cozinha e banheiro. O local ainda não tem estrutura de asfalto.