Menino de seis anos fica cego por falta de atendimento e família vai processar a Prefeitura de Dourados
Enquanto a esposa do prefeito Ari Artuzi colocava prótese nos seios com dinheiro de propina, família acusa saúde pública de Dourados por negligência no atendimento ao menino que perdeu a visão
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Enquanto a esposa do prefeito Ari Artuzi colocava prótese nos seios com dinheiro de propina, família acusa saúde pública de Dourados por negligência no atendimento ao menino que perdeu a visão
Prótese. Esta palavra agride os ouvidos de Cristiane Silva Barbosa e de seu marido Jair Barbosa.
A angústia toma conta do dia-a-dia deste casal de vive do que planta e colhe num sítio no Assentamento Amparo no distrito de Itahum no município de Dourados desde o dia sete de julho quando o filho de apenas seis anos feriu o olho direito.
A alegria do pequeno Joshua desapareceu do seu rosto e aquele olhar penetrante que adejava entre os longos cachinhos dourados do seu cabelo desapareceram.
Sumiu também a esperança de Cristiane e Jair nos políticos envolvidos na Operação Uragano. Sobrou apenas a certeza de que Joshua perdeu o olho direito por falta de atendimento adequado no Hospital da Vida. O menino vai receber um olho artificial. Uma proteste será colocada para que ele possa viver esteticamente melhor.
Prótese também foi a palavra mais pronunciada na última quarta-feira quando o prefeito Ari Artuzi e sua mulher Maria Aparecida foram presos com nove vereadores, secretários municipais, servidores e empresários. As manchetes diziam que “roubaram o dinheiro da saúde”.
Jair e Cristiane choravam pela saúde do filho. A mãe com uma tonelada de indignação em seu coração narra a saga de sofrimento em busca de atendimento para Joshua enquanto a ex-primeira-dama recebia uma prótese de silicone nos seios.
O dinheiro para a prótese de Maria, conforme a denúncia, veio de propina que Ari Artuzi recebeu de um conhecidíssimo hospital sexagenário.
Cristiane conta que no dia sete de julho, Joshua estava brincando no quintal. Em sua inocência e doçura pueril, o menino queria cortar o barbante do seu carrinho de brinquedo. A faca de cozinha escapuliu de suas mãos e a ponta feriu o olho esquerdo.
No mesmo dia, Cristiane levou o garoto até o Posto de Saúde de Itahum que fica a 70 km de Dourados por volta das 10h da manhã. “Mandaram-me para o Hospital da Vida”, disse a mãe que menos de duas horas depois estava em Dourados. “Esperei um pediatra que me atendeu somente às 13h”, disse Cristiane.
Quase no final da tarde Joshua foi atendido pelo oftalmologista Daniel Nogueira em seu consultório particular. A consulta, segundo a mãe, era pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Às 19h o filho de Jair foi internado para o “fechamento do olho”.
Os pais de Joshua contam que somente no dia 22 de julho é que a Secretaria Municipal de Saúde “deu encaminhamento” para que a criança recebesse atendimento especializado em Campo Grande. “Conseguimos que a Prefeitura conseguisse atendimento na capital para quinze dias depois”, disse a mãe.
Cristiane explica que não conseguiu autorização da Prefeitura para fazer um exame de ultrassonografia. “Pagamos R$ 90,00 numa clinica particular para fazer o ultrassom”, reclamou Jair. Na Secretaria de Saúde, Cristiane nunca conseguiu atendimento satisfatório.
Os pais seguiram para Campo Grande com o menino nos braços. Era dia 24 de agosto, quase um mês depois do acidente.
“Ao chegarmos ao Hospital São Julião descobrimos que a Secretaria de Saúde de Dourados não havia feito o encaminhamento para o atendimento de meu filho”, lamentou a mãe que se valeu de influências “com políticos da capital” para conseguir que Joshua fosse consultado. “Até hoje o encaminhamento não apareceu”, diz a mãe.
Cristiane e Jair dizem que por causa da demora no atendimento o olho do menino começou a se atrofiar. “O médico de Campo Grande disse que não tinha mais o que fazer e meu filho definitivamente tinha perdido o olho”, lamenta Cristiane. Diante da notícia Jair seguiu com o filho para Caxias do Sul (RS) onde mora uma tia da criança. “Lá conseguimos ser atendidos com carinho”, disse o pai.
“Vamos processar os médicos, o prefeito e a Prefeitura de Dourados e todas as pessoas que negligenciaram no atendimento do nosso filho”, afirmaram os pais de Joshua. Jair acredita que “a Secretaria de Saúde não funcionou e poderia ter sido mais ágil”.
O casal depois deste “furacão” que invadiu seu lar está começando a retomar a rotina. Diariamente Cristiane a Jair preparam a terra onde cultivam cenoura e outros legumes que são vendidos nos supermercados de Dourados.
Os avós de Joshua choram pelo descaso enquanto que o menino ainda não tem consciência do que aconteceu no olho. A mãe agora está se preparando para retornar com a criança até o Rio Grande do Sul pra colocar o chamado “olho de vidro”. “Aos treze anos ele terá que substituir a prótese”, disse Cristiane.
Joshua comemorou seis anos de dia 27 de agosto enquanto o olho secava. Jair diz sentir uma dor profunda na alma por causa do descaso enquanto o dinheiro da saúde pública era dilapidado.
Joshua em Hebraico significa “Deus é a minha salvação” e o nome foi escolhido pelo casal que frequenta a Igreja Batista e coloca em Jeová todas as esperanças na recuperação do filho e na salvação da cidade de Dourados.
“Posso falar apenas que enquanto aquela ruminante estava enchendo o úbere de silicone meu filho ficava cego”, disse o pai que se sente com a alma lavada ao ver os políticos corruptos presos.
“Os culpados devem ser punidos para que sirvam de exemplo e para que outras famílias e mais crianças como Joshua não sofram por causa da ganância daqueles que se aproveitam do dinheiro público para proveito pessoal”, finalizou Jair.
Fotos: Nicanor Coelho
Cristiane, Jair e Joshua: criança de seis anos perdeu um olho direito por falta de atendimento medico adequado
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