Os homens já aceitam fazer as unhas, receber intervenções cosméticas e até encaram cirurgias plásticas. Por outro lado, eles ainda são pouco- ou quase nada- receptivos aos tratamentos de saúde. O resultado disso é uma população masculina contemporânea com um visual até mais bonito, porém que continua a ostentar indicadores de doenças típicos de países sem saneamento básico.

“Quando o homem procura o cirurgião plástico é para corrigir algum defeito e exaltar mais suas qualidades. Quando vai aos outros tipos de médicos, a cultura machista acredita que o diagnóstico vai expor sua fragilidade. Isso, ele rejeita”, explicou o secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Paulo Zimmerman.

Zimmerman foi um dos convocados para nesta segunda-feira, dia 2, ajudar outros “tops” da medicina brasileira a encontrarem um “remédio” para o seguinte cenário do País: os homens hoje vivem oito anos a menos do que as mulheres, reúnem o dobro de casos de mortes cardíacas comparado ao sexo feminino, fumam estatisticamente quase 10 pontos porcentuais a mais do que elas, nem sequer diagnosticam câncer letais como o de pulmão e próstata e ainda são maioria no ranking de mortes por acidente de trânsito e homicídio (eles são 80% dos números de violência).

Neste contexto de saúde frágil masculina, representantes das sociedades de Cardiologia, Pneumologia, Gastroenterologia, Urologia e Psiquiatria firmaram um pacto para elaborar políticas públicas voltadas aos homens e fazer com que as diretrizes, de fato, saiam do papel.

Um representante das cinco entidades foi eleito para negociar quais são, e quanto custam, as estratégias para aproximar os homens dos consultórios clínicos, vencer o medo deles dos tratamentos e ao mesmo tempo capacitar os profissionais da saúde para lidarem com os pacientes masculinos. “Em um prazo de uma semana, cada sociedade vai apresentar as suas propostas e vamos encaminha-las ao governo federal e também aos candidatos à presidência da República”, afirmou Modesto Jacobino, presidente da Sociedade de Urologia e eleito porta-voz das cinco entidades.