Juiz federal em Mato Grosso do Sul pode ocupar vaga na corte máxima do Brasil; ele ficou famoso por condenar membros do crime organizado, um deles Fuad Jamil, tido pela justiça com o gangster da fronteira com o Paraguai

A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) deve anunciar nesta terça-feira, à tarde, o nome dos três juízes apontados pelos magistrados federais, com potencial de assumir uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), corte máxima do País. Entre os cotados, aparece o juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande (MS), Odilon de Oliveira. A escolha tem sido definida em duas consultas: na primeira, Oliveira apareceu como o preferido pela categoria; já a segunda votação foi concluída nesta segunda-feira, informou a assessoria de imprensa da entidade.

A partir da escolha dos três juízes, a Ajufe entrega a lista ao presidente Lula, que define se aceita ou não a indicação de um juiz federal como ministro do STF. Uma vaga será aberta no mês que vem, quando o ministro Eros Grau se aposenta e se afasta da corte.

Odilon de Oliveira disse ao Midiamax que como satisfação pessoal “tanto faz” se seu nome for o sugerido, mas a indicação de um juiz federal para compor o STF seria enxergada por ele como um “reconhecimento”. O magistrado disse ainda acreditar que se for o escolhido, ou mesmo aparecer na lista tríplice, terá a “sensação de que o desejo da sociedade é querer ver como ministro do STF” alguém com o perfil dele.

Um dos concorrentes diretos de Oliveira é o juiz da 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, Fausto De Sanctis, outro magistrado envolvido em decisões polêmicas, quase todas ligadas à lavagem de dinheiro.

No primeiro turno da consulta, anunciado na semana passada, Odilon obteve 67 votos dos juízes federais brasileiros contra 62 votos destinados a De Sanctis.

Odilon de Oliveira ganhou fama na esfera judicial ao condenar membros do crime organizado que agia em Mato Grosso do Sul, principalmente na fronteira com o Paraguai.

A mais recente decisão judicial do juiz Odilon que atraiu a atenção da mídia nacional pôs em lados opostos a Ajufe e a OAB nacional.

O magistrado autorizou a gravação eletrônica no parlatório [espaço reservado para os diálogos entre advogados e os encarcerados] no presídio federal de Campo Grande. A entidade que cuida dos interesses dos advogados moveu uma ação contra o magistrado. Já a associação dos juízes defendeu a interpretação de Oliveira.

O juiz anda protegido por escolta policial há pelo menos sete anos. No fim de 2008, o magistrado foi indicado para ocupar uma vaga no TRF (Tribunal Regional Federal), em São Paulo, corte que o promoveria a desembargador federal. Ele disse à época que não aceitou a promoção por temer a “agitação, a poluição e a violência” da cidade grande.

“Violência por violência prefiro ficar por aqui”, disse ele nesta segunda-feira. Já se escolhido ministro do STF, Oliveira deixou a entender que não recusaria a proposta: “é uma posição de destaque, não é, vejo isso com uma comparação: o sonho de um padre não é se tornar um dia o papa?