Eles deixaram o espaço que ocupavam nos Altos da Afonso Pena para dar lugar à Cidade do Carnaval, que acabou não sendo feita

Há algum tempo o Midiamax vem relatando o dilema dos trabalhadores ambulantes que dependem do calor para tirar o sustento de cada dia, com a venda de água de coco nos Altos da Avenida Afonso Pena. Fiscais da Prefeitura de Campo Grande e seguranças particulares deram o ultimato para que ambulantes deixassem o espaço em frente à ‘Cidade do Natal’, alegando que ali seria transformado em ‘Cidade do Carnaval’.

Hoje (14), em pleno domingo de Carnaval, não há sinal de folia naquele trecho da Afonso Pena. A festa da Prefeitura acontece na Fernando Corrêa da Costa, como todos os anos, e o desfile das escolas de samba na Via Morena.

Entretanto, os vendedores de coco tiveram que deixar o lugar em que ocupavam, sob a sombra de árvores, em frente à Cidade do Natal, e se transferir para outro espaço, cerca de 300 metros abaixo, à mercê de sol e chuva e sem ligação na rede elétrica. Isso só aconteceu depois de muita resistência, porém alguns bateram pé e ficaram.

“Cansei de brigar e não ver solução”, diz Marcos Zuim ao afirmar que as vendas caíram 100%. “Debaixo desse sol, quem vai parar aqui para tomar uma água de coco?”, questiona o vendedor que ontem (13) vendeu duas águas de coco no período das 14h30 às 21h.

Ao entrar em contato com a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Zuim conta que o fiscal Delcídio da Silva, emitiu um pedido para que a Enersul ligasse a energia provisória no local para onde foram transferidos. “O pedido foi emitido dia 2 de fevereiro, falaram que em três dias íam ligar, e até agora nada”.

“Qual a diferença da gente estar aqui ou lá em frente? No que iria atrapalhar a nossa presença alí? Falaram que ia ser construída a ‘Cidade do Carnaval’, mas não foi”, diz indignado o trabalhador que aguarda o prazo dos 10 dias com a promessa de que alguma solução será tomada. “Nos pediram para contar 10 dias depois do carnaval que iam ter uma resposta se a gente ia poder voltar pro nosso lugar”.

Mesmo com a situação indefinida, os vendedores ambulantes não desanimam e marcam presença nos altos de uma das avenidas mais movimentada de Campo Grande. “Não podemos sair daqui, temos compromisso com nossos clientes”, enfatiza Zuim.

Após um mês e meio do novo ano, a Cidade do Natal, que foi construída especificamente para a época, continua no mesmo lugar. As casinhas estão lá, fechadas, só foi retirada a decoração. A única diferença é que a árvore de 40 metros de altura, que antes atraía a atenção das pessoas, hoje está no chão.