Confusão: 45 famílias sem-teto resistem a despejo no Residencial Gaburas

Emha dá ultimato e exige a desocupação dos imóveis e famílias dizem que vão aguardar determinação da Justiça pela demora na entrega das casas

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Emha dá ultimato e exige a desocupação dos imóveis e famílias dizem que vão aguardar determinação da Justiça pela demora na entrega das casas

As famílias que estavam de maneira irregular nas casas do residencial Gabura, no Bairro Otávio Pécora enfrentaram na manhã de hoje uma tentativa de despejo por parte de funcionários da Empresa Municipal de Habitação. São 107 casas no local e 45 estavam vazias foram ocupadas por sem-teto e também por alguns contemplados que estavam apenas esperando receber as chaves da Emha.

A dona de casa Ivanir Valdez chegou ao residencial ontem, pois ficou sabendo que ainda havia casas vazias, porém já entrou em confronto com os funcionários da Emha. Deficiente físico e desempregada, a dona de casa declarou que só foi para lá, pois pagava um valor alto de aluguel. “Eu pagava R$ 250,00 de aluguel e daí acabava ficando sem comprar alimentos básicos. Meu filho e eu vivemos dos bicos que ele faz como pedreiro, nós precisamos de uma casa para morar”, lamentou.

Segundo informações dos moradores, as casas estão desocupadas há mais de oito meses e alguma pessoas já teriam sido contempladas, porém ainda não tinham recebido as chaves. “Eu vim correndo quando fiquei sabendo que estavam invadindo. Ganhei a casa em dezembro e só faltava pegar as chaves, não conseguia pegar na Emha e eles prometiam que iam entregar as chaves, mas não entregavam”, conta ela que é empregada doméstica e tem três filhos.  “Eu vou ficar aqui, porque eu sei que se invadirem minha casa não vão sair”, contou.

Esse é o caso dos desempregados Johny Azevedo (23) e Evelyn Valdez (21). O casal tem um filho de um ano e oito meses e estão morando no residencial há quase um mês. “Nós morávamos de favor, mas é muito ruim, ficamos sabendo que tinha casa vazia aqui e resolvemos ocupar”. Segundo ele, a intenção é regularizar a situação junto a Emha. “Daqui ninguém me tira, pode vir polícia ou a prefeitura que vamos enfrentar”, declarou.

O clima no local é tenso e a presença da polícia ontem deixou os moradores – regulares ou não – revoltados e prontos para enfrentar.

Outro lado

Segundo o presidente da Emha Paulo Matos, as casas já tinham destinatário, mas não era possível ainda fazer a remoção das pessoas para o local, pois ainda não havia água e luz no local. “Nós temos que entregar as casas já com ligação de água e luz e esse é um processo demorado, por isso algumas ainda não tinham sido entregues”, explicou.

Sobre a ocupação por parte dos sem-tetos Matos afirmou que a ocupação aconteceu na noite anterior e de forma organizada. “Na verdade são 32 famílias que fizeram esta ocupação em movimento organizado, com caminhões e chaveiros trocando os miolos das fechaduras na noite de ontem”, contou.

Segundo ele, o residencial ficou pronto recentemente e as casas foram construídas para remoção de famílias que moram em áreas de risco na região do Segredo. As pessoas que ocupam as casas de maneira irregular serão notificadas judicialmente em processo de reintegração de posse. “Não vamos tomar medidas radicais, mas vamos entrar judicialmente. Claro que queremos que todos tenham casas, mas aqueles que recebem uma casa e depois vendem não vão ter mais direito a ser contemplado com casas da Emha”, afirmou.

(Matéria editada para acréscimo de informações)

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