Após uma hora de encontro com seu marido, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), Flávia Arruda deixou a Superintendência da Polícia Federal chorando. Ela não quis falar com a imprensa. Essa foi a terceira visita de Flávia ao governador afastado, que está preso desde quinta-feira por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça), acusado de subornar uma das testemunhas do esquema de corrupção.

Flávia levou nesta segunda-feira o almoço do governador. Ontem, ela não tinha aparecido. O cunhado do governador foi quem entregou a refeição. Segundo a Polícia Federal, Arruda recebe refeições caseiras porque não há mais carceragem no prédio e, portanto, nenhuma empresa presta serviço.

Desde o ano passado, os presos da Polícia Federal são levados para uma área reservada do presídio da Papuda. Lá estão outras cinco pessoas ligadas ao governador e que também são acusadas de participar do suborno do Jornalista Edson dos Santos, o Sombra. Estão presos: o ex-deputado distrital Geraldo Naves (DEM), ex-secretário de Comunicação Wellignton Moraes, o sobrinho do governador, Rodrigo Arantes, o conselheiro do Metrô, Antonio Bento da Silva, e o ex-diretor da CEB (Central Energética de Brasília, Haroaldo Carvalho.

Flávia não fala com a imprensa e tenta entrar sem chamar atenção da Polícia Federal. Hoje, ela veio em um carro dirigido por um policial militar e só foi vista ao sair do veiculo para entrar no prédio. Segundo assessores do governador, Flávia está abatida e já chegou a chorar durante as visitas. Arruda ainda não solicitou visita íntima e também não há previsão de banho de sol durante o carnaval.

Arruda está preso em uma sala da INC (Instituto Nacional de Criminalística) da Polícia Federal. Por lá, tem direito a uma cama, um banheiro individual, ar condicionado. O governador é monitorado por dois agentes, além de homens que fazem a segurança do local.

Na manhã de hoje, a Polícia Federal barrou a visita do secretário extraordinário de Educação, Afonso Brito, porque não estava agendado. Ex-professor e amigo da família, Britto repetiu o discurso da defesa e afirmou que o governador é vitima de uma armação e de injustiça das “instituições”.

Segundo o secretário, Arruda não teve direito a se defender. Brito minimizou o bilhete que comprovaria o envolvimento de Arruda na tentativa de suborno de uma das testemunhas do esquema de corrupção afirmando que “fatos são indícios e não provas”. “Fatos não comprovam, quando muito, apresentam indícios. Uma grande verdade, às vezes, é uma grande mentira”, disse.

Brito deixou de presente para o governador o livro “Os quatro gigantes da Alma”, um título de autoajuda que fala de ira, amor, dever e ciúme. O ex-professor disse acreditar na inocência de Arruda, principalmente, pela criação. “Conheço o governador desde os dez anos. É impossível que o Arruda, sendo filho de pais honestos como é, tenha prevaricado”, afirmou.