O adolescente envolvido no desaparecimento de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, disse durante acareação nesta semana que mentiu em seu primeiro depoimento porque estava sob efeito de drogas e foi ameaçado pela polícia. Segundo o advogado que representa o menor de idade, Eliézer Jônatas de Almeida Lima, seu cliente era usuário e estava sob efeito de crack quando foi preso. Ele também já usou cocaína, de acordo com o defensor.

Sobre o porquê de ter mantido as supostas mentiras mesmo depois de estar sem efeito de drogas, o adolescente, que é primo de Bruno, conta ter sido ameaçado por policiais.

“No dia em que eu levei os policiais do Rio de Janeiro até a casa, eu fui ameaçado”, registra documento de acesso escrito pela Polícia Civil com a descrição do que foi dito no encontro.

“A Delegada me pressionou pra eu poder falar, para eu poder inventar qualquer coisa senão eu ia pegar internação de seis anos ou mais. Ela falou que eu tinha que inventar qualquer coisa pra eu poder falar”.

Em depoimento prestado no dia 6 deste mês, o jovem afirmou que Eliza foi esquartejada e teve partes de seu corpo jogadas para cães. Ele também havia confessado que deu uma coronhada na vítima.

Depois desse depoimento, o rapaz conduziu a Polícia Civil até a casa do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Questionado sobre como conheceu o homem, o menor respondeu o seguinte, segundo o registro por escrito de seu depoimento: “Olha, era tudo mentira, porque eu já tinha ido na casa do Bola já, já tinha ido lá. Só, era mentira (…)”.

As declarações foram dadas na terça-feira (27) durante a acareação de que o menor participou com seu primo Sérgio Rosa Sales Oliveira. Diante de Sérgio, o jovem disse que só o acusou de ter participado porque foi o primeiro nome que veio a sua cabeça. Para Lima, o menor de idade mentiu por pressão da polícia.

– Ele foi pressionado pelas autoridades de forma irregular e ilegal. Ele sendo menor, não podia dar depoimento sem defensor ou sem os pais. As perguntas foram sendo colocadas e sendo induzidas.

Lima afirma que o menor foi agredido com tapas no rosto. Sobre a possibilidade de abrir um processo contra a polícia, o advogado diz que não teria como provar isso, já que assumiu a defesa dele semanas depois das supostas agressões, que não deixaram marcas nos dias seguintes.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro disse que não vai se manifestar sobre o caso.