Os clubes filiados à FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) vão se reunir na segunda-feira (27) para discutir os rumos da entidade e do futebol estadual após a prisão do presidente Francisco Cezário, suspeito de desviar R$ 6 milhões de recursos da federação.

Times da elite do futebol como o Operário, maior campeão estadual, e Costa Rica, que representa o Estado atualmente nas competições nacionais, além dos tradicionais e novatos, como Comercial e Portuguesa, vão decidir sobre as próximas competições e a situação do futebol no contexto geral.

A FFMS estava à frente do Campeonato Estadual Sub-13, que segue sua tabela normalmente, e estava prestes a começar o Sul-Mato-Grossense Sub-20, nos primeiros dias de junho. Além disso, no dia 26 de junho aconteceria o arbitral para a Série B, competição que estava prevista para agosto.

Último adversário de Francisco Cezário nas eleições para a presidência da FFMS, o advogado Paulo Sérgio Telles disse ao Jornal Midiamax após o estouro da operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na federação que a única saída são os clubes intervirem na entidade.

Segundo a investigação do Gaeco, grupo chefiado por Cezário desviou R$ 6 milhões de recursos da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) e CBF (Confederação Brasileira de Futebol) de 2018 a fevereiro de 2023.

Operação Cartão Vermelho

O Gaeco deflagrou a Operação Cartão Vermelho na terça-feira (21) e prendeu o presidente da FFMS, Francisco Cezário, e outros quatro envolvidos no esquema de desvio e lavagem de dinheiro.

Entretanto, a hegemonia Cezário, que já dura 26 anos, pode estar perto de acabar. Isso porque o estatuto da Federação prevê sanção de inelegibilidade de 10 anos aos membros da instituição em alguns casos.

A situação de Cezário se aplica no inciso V do artigo 53 do estatuto, que diz sobre o afastamento de cargo eletivo ou de confiança de entidade desportiva em virtude de gestão patrimonial ou financeira irregular ou temerária da entidade.

Cezário e seu grupo são suspeitos do embolsar R$ 6 milhões de recursos da instituição. Se condenado, o atual presidente está fora da cadeira mais alta da entidade.

Operação na FFMS

Conforme informações do Gaeco, o grupo realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle.

Mais de R$ 800 mil foram apreendidos, inclusive em notas de dólar somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira, além de revólver e munições.

Dessa forma, os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores vinha ‘por fora’ ao grupo.

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.

Equipes do Gaeco cumpriram 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Conforme o Gaeco, o nome da operação faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

Lista de investigados na Operação Cartão Vermelho

Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS; Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa; Aparecido Alves Pereira, delegado de jogos da FFMS; Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS; Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira; Francisco Carlos Pereira Umberto Alves Pereira; Valdir Alves Pereira; Francisca Rosa de Oliveira; Marco Antônio de Araújo; Patrícia Gomes Araújo; Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindarbitros); empresa Invictus Sports.