Dirigentes dos clubes de MS evitam comentar desvio de R$ 6 milhões da federação de futebol

Presidente da Federação de Futebol foi preso durante a operação suspeito de desvio e lavagem de dinheiro destinado à FFMS

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Federação de Futebol ficou sob 'guarda' do Gaeco (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Dirigentes dos clubes de futebol de Mato Grosso do Sul escolheram a neutralidade ao comentar sobre a operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que investiga o desvio de R$ 6 milhões da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul).

Ao Jornal Midiamax, os presidentes que retornaram o contato da reportagem preferiram guardar as opiniões e acompanhar o desenrolar da operação, que prendeu o presidente da FFMS, Francisco Cezário, nesta terça-feira (21).

“Sem opinião até o presente momento, vamos aguardar as investigações”, diz o presidente do Esporte Clube Comercial, Cláudio Barbosa. Já o presidente da Portuguesa, Gilmar Ribeiro, informou que não ia se posicionar oficialmente. Por meio de sua assessoria, a Lusa ressaltou que é “um clube novo que se propõe a fazer a diferença em MS e deve se posicionar a favor da transparência”.

Já o dirigente André Baird, do Costa Rica Esporte Clube – time que representa o futebol sul-mato-grossense na Série D do Brasileirão – demonstrou apoio as investigações, mas prefere aguardar o desenrolar das investigações.

“Este acontecimento não passa despercebido por nenhum de nós, e deixa todos os envolvidos com futebol sul-mato-grossense consternados com tal situação. Existe uma preocupação muito grande por parte de toda nossa equipe, afinal, somos o representante do estado de Mato Grosso do Sul nas competições nacionais”, afirma à reportagem.

“[…] com certeza atuaremos fortemente na estrutura do futebol sul-mato-grossense para que não percamos esse trabalho. […] de antemão, nos posicionarmos contra qualquer ato de corrupção no futebol, pois milhares de pessoas têm seu ganha pão, tirado do futebol diariamente, e não é aceitável e nem justo que haja desvio nas funções da federação em benefício próprio”, comenta Baird.

O Jornal Midiamax também contatou a direção do Operário, atual campeão estadual, e o Náutico, mas não teve retorno até esta publicação.

Torcida vê saída para sucateamento do futebol de MS

Para aqueles que acompanham há anos o futebol sul-mato-grossense e tecem críticas ao sucateamento e falta de força da federação, a operação é uma luz no fim do túnel. Para os torcedores e amantes do bom futebol, a investigação pode ser o início de uma nova era no futebol regional.

“Sou totalmente a favor dessa investigação e que a verdade apareça. Estamos muito atrás do futebol do Mato Grosso, infelizmente. Uma vergonha para nosso MS”, opina o torcedor do Aquidauanense, Gil Girotto.

Liderança na torcida do Operário, Sidney Antunes acompanha o futebol sul-mato-grossense desde 1992. “Sabemos como os times de MS sempre sofreram com a decadência do nosso futebol ao passar dos anos”, afirma.

“Nés torcedores estamos acompanhando o desenrolar dessa investigação e com muita esperança de dias melhores para futebol do nosso estado e acredito que se for pra começar do zero que seja assim e que o MP e o GAECO possa dar a resposta que toda a sociedade sul-mato-grossense aguarda há anos”, acrescenta.

Operação na Federação de Futebol

Operação Cartão Vermelho identificou desvios de mais de R$ 6 milhões. Conforme informações do Gaeco, o grupo realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle.

Mais de R$ 800 mil foram apreendidos, inclusive em notas de dólar somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira, além de revólver e munições.

Assim, os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores era devolvida ‘por fora’ ao grupo.

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Equipes do Gaeco cumpriram 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Conforme o Gaeco, o nome da operação faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

Lista de investigados na Operação Cartão Vermelho

Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS; Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa; Aparecido Alves Pereira, delegado de jogos da FFMS; Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS; Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira; Francisco Carlos Pereira Umberto Alves Pereira; Valdir Alves Pereira; Francisca Rosa de Oliveira; Marco Antônio de Araújo; Patrícia Gomes Araújo; Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindarbitros); empresa Invictus Sports.(Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado)

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