Sem fomento suficiente, atletas profissionais de MS dividem tempo entre trabalho e treinos
Seja por meio de bolsas e auxílios ou trabalhando em outras áreas, atletas lutam para seguir no sonho do esporte profissional
Fábio Oruê –
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Do sonho de criança às realizações de adulto: é comum que na mais tenra idade, por incentivo dos pais ou da escola, crianças e adolescentes acabem por entrar para o esporte em época escolar. O problema é que, muitas delas, acabam deixando de lado a prática com o tempo.
É contra isso que a professora de judô Antônia Aparecida Ferreira, de 34 anos, ‘luta’. Ela divide seu tempo entre as aulas e os treinos, todos no tatame.
Nesta sexta-feira (10), Dia do Atleta Profissional, a homenagem é para uma das profissões mais antigas do mundo, com os primeiros registros do esporte profissional sendo datados de até 3 mil anos atrás.
“Para mim, ser profissional nessa área é poder estar passando para as pessoas, principalmente para as crianças e adolescentes, os jovens, tudo aquilo que eu aprendi”, diz ela ao Jornal Midiamax.
No judô há 22 anos e no Jiu-jítsu há 8, Antônia vê na nova geração o futuro do esporte. “Uma das minhas maiores realizações é ajudar na formação de uma nova equipe, de uma nova geração que são as crianças”, conta ela, que já lutou no Campeonato Brasileiro e no Pan-Americano de Judô.
Para a atleta profissional, que também dá aulas de Judô em escola particular e projetos sociais, ainda faltam investimentos para a prática esportiva aumentar em Mato Grosso do Sul. “Falta investimento em premiação, para os atletas em todas as classes. Isso para que eles possam competir mais”, opina.
É comum que as premiações em dinheiro, nas competições, sejam apenas para os melhores colocados e a grande maioria recebe medalhas ou certificados. Antônia é faixa preta em Judô e faixa marrom em Jiu-jítsu.
Parcerias
Para o lutador de Kickboxing Anderson da Mota, uma forma de fomento e incentivo por parte do Poder Público seria as parcerias com empresas. “Acredito que se criasse uma parceria pública com empresas, lojas e comércio, propondo uma redução de impostos para quem patrocinar atletas e eventos, ajudaria muito”, opinou ele ao Jornal Midiamax.
Anderson divide a rotina como motorista e os treinos do Kickboxing. Na modalidade, o atleta profissional já foi campeão Pan-americano pela seleção brasileira e é o 1º no ranking estadual e nacional, além de 7º no ranking mundial.
Para ele, o maior desafio dos atletas que decidem seguir na carreira profissional, é a questão financeira. “Depois vem a parte de conciliar trabalho e treinos e também os dias de eventos”, conta. “É uma luta diária, para conciliar trabalho e treinos. Temos alguns incentivos, mas não é suficiente”, acrescenta.
Fomentos e incentivos do Poder Público
Questionada sobre os fomentos ao esporte profissional, a Funesp (Fundação Municipal de Esporte) informou que oferece o Auxílio Atleta. “Em 2022 foram atendidos mais de 30 atletas e paratletas, com recursos destinados ao transporte, hospedagem, alimentação e inscrição”, diz o secretário Odair Serrano, diretor-presidente da Funesp.
Além disso, no ano passado, foram investidos recursos para promoção de eventos, que ofereceram condições para a realização da Copa Mundo de Futsal Feminino (categoria adulto) e do Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística (categoria pré-infantil e juvenil), realizados respectivamente, nos meses de agosto (21 a 27) e outubro (19 a 23), segundo a prefeitura.
A Funesp disse também que tem utilizado os espaços físicos administrados pela Pasta, para incentivar e buscar formação para atletas que buscam rendimento, e assim, galgar o esporte profissional para disputar torneios desde municipais até os nacionais.
Com investimentos oriundos do FAE (Fundo Municipal de Esporte e Lazer), a Fundação investe na participação de atletas nas competições esportivas pelo país e exterior.
Fundesporte
Por sua vez, em nível estadual, a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de MS) tem aplicado recursos e apoio ao esporte profissional, com editais de fomento a clubes e federações esportivas para desenvolvimento do esporte de alto rendimento.
“Firmamos com a Serc/UCDB no ano passado, equipe de futsal feminino, por exemplo. Além disso, vamos apoiar entidades via convênio e com apoio direto e aplicado na execução de seus eventos”, disse o diretor-presidente da Fundesporte, Herculano Borges.
Para 2023, dentro do esporte profissional, a fundação está elaborando o Programa de Apoio ao Talento Esportivo, que reunirá um grupo seleto de atletas visando os ciclos olímpicos de Paris-2024 e Los Angeles-2028.
Segundo a pasta, os atletas terão acompanhamento nutricional, psicológico, avaliação física, treinos específicos para cada modalidade, entre outros recursos de excelência, tudo isso em parceria com Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado.
Estadual Série A
A Fundesporte também apoia anualmente o Campeonato Sul-Mato-Grossense de Futebol Profissional. Neste ano, o repasse aos clubes foi de R$ 1.014.490,00 para os custeios da competição. Ademais, as equipes que participam de competições nacionais, como a Série D do Campeonato Brasileiro e a Copa Verde, recebem aporte financeiro, por meio de convênio.
A fundação ressalta que o Bolsa Atleta e Bolsa Técnico também são programas com ênfase no esporte profissional. “Hoje, existem categorias que contemplam atletas de alta performance e seus respectivos treinadores, com bolsas que chegam a R$ 1,5 mil”, explica Herculano.
Para 2023, a Fundação também apoiará grandes eventos em Mato Grosso do Sul, como a Supercopa de Futsal, que acontecerá em março, em Maracaju; etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia e demais competições nacionais.
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