Berço de talentos, MS caminha lentamente para profissionalização do atletismo
Celebrado nesta segunda, Dia do Atletismo é palco para atletas que lutam diariamente para alcançar o pódio na modalidade
Gabriel Neves –
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Acordar cedo, pegar ônibus, treinar duas vezes por dia. Essa é a rotina para quem sonha diariamente com o pódio em Mato Grosso do Sul. Considerado um dos berços do atletismo, o Estado revelou nomes como o de Hávilla Vitória Soares Marinheiro, Yuri Moreira Benites, Yeltsin Jacques e outros.
Nesta segunda-feira (9), é celebrado o Dia do Atletismo, que volta os holofotes para diversos atletas em todo o país. Embora seja um dos berços do atletismo nacional, Mato Grosso do Sul caminha a passos lentos para a democratização e profissionalização do esporte.
Com isso, nem mesmo a romantização ao longo deste celebre dia é capaz de esconder as dificuldades vivenciadas para quem deseja viver do esporte em Mato Grosso do Sul.
Dificuldades são diversas para quem deseja viver do esporte
Daniel Senna é ex-atleta e hoje atua como treinador de atletismo do núcleo paraolímpico da Prefeitura de Campo Grande. Há 32 anos vivenciado o esporte, ele comenta que as evoluções aconteceram, mas ainda de forma vagarosa.
“Na minha época, nós tínhamos muitas dificuldades e hoje vemos algumas evoluções. Temos um local para treinar, as bolsas, coisas que não tínhamos, mas sabemos que ainda precisamos de muitos investimentos”, comentou o treinador.
Para Senna, isso faz com que o esporte cresça ainda muito por iniciativa dos próprios professores e treinadores. “Não pode esperar pelo poder público, ficar de braços cruzados, tem que fazer. É uma luta”, complementou.
Quem deseja praticar o atletismo em Campo Grande pode procurar as pistas localizadas no Parque Ayrton Senna e no Centro Olímpico Rui Jorge da Cunha. Em uma delas está Aldri Gonzaga, de 19 anos, que promete carregar o nome de Mato Grosso do Sul por todo o país nos próximos anos.
Preparando-se no último dia de treino antes de uma prova, ele comenta sobre seu dia a dia e as abdicações que precisou ter para, hoje, ser um dos principais nomes do atletismo com cadeira de velocidade.
“Minha rotina é cansativa. Eu acordo 5h, tomo café e me preparo para pegar ônibus às 5h50. Venho treinar na pista agora cedo e volto para casa, depois descanso um pouco e vou para academia, onde fico cerca de três horas”, explicou o atleta.
Além da rotina frenética de treinos e exercícios, o jovem precisa conciliar estudos e rotina pessoal de casa.
O atletismo é para todos, sem idade ou renda
Um dos principais pontos do atletismo, assim como em diversos outros esportes, é a pluralidade em relação aos seus competidos. De olhos fechados para raça, sexo e idade, o único objetivo é o condicionamento físico.
“Não tem idade, às vezes a pessoa tem 15 ou 16 anos e acha que está velha para começar. Tem atleta campeão olímpico que começou com 22 anos, assim como aprecem crianças de 10 anos acima da média”, disse o treinador Senna.
Ele explica que aqueles que se interessam pelo esporte e desejam praticar ou até mesmo evoluir para um atleta de alto rendimento, podem procurar as fundações de esporte do município e do Estado. Onde serão orientados sobre os projetos realizados para cada modalidade.
Apoios públicos para ao atletismo
De acordo com a Funesp (Fundação Municipal de Esportes), existe a oferta do auxílio-atleta a praticantes da modalidade, os quais podem solicitar ao município até R$ 5 mil reais para representar a cidade em eventos competitivos.
O recurso pode ser utilizado para custeio do transporte, hospedagem, alimentação e inscrição na competição pretendida.
Já a Fundesporte possui o Prodesc (Programa MS Desporto Escolar), que busca criar um vínculo entre estudantes e a modalidade, para que eles passem a conhecer e praticar o atletismo e diversos outros esportes.
Em nota, a fundação explica que treinamento esportivo é oferecido no contra-turno das aulas em instituições da Rede Estadual de Ensino. O foco principal é a iniciação, mas também visa à descoberta de talentos.
Hoje, o atletismo é ofertado em escolas de 74 municípios, nas zonas rural e urbana, além de instituições vinculadas a aldeias e assentamentos. Para participar dos treinos, o estudante basta estar devidamente matriculado e se informar na coordenação da escola.
Além disso, para aqueles que vivem do esporte, podem solicitar o ingresso nos programas Bolsa Atleta e Bolsa Técnico, para se dedicarem exclusivamente para a prática esportiva.
Assim, o programa atende 59 atletas, da categoria estudantil a máster, e oito técnicos do atletismo contemplados pelo programa de incentivo financeiro.
Por fim, aqueles que desejam se inscrever no Bolsa Atleta ou Bolsa Técnico devem acessar o portal do programa e realizar a inscrição. Vale lembrar que a seleção terminou em junho deste ano, mas serão reabertas em 2024.
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