Erguer o primeiro troféu da Liga dos Campeões e, de quebra, sendo eleito o melhor da decisão contra o Liverpool, serviu para o goleiro Courtois fazer um desabafo dizendo que, enfim, mostrou suas qualidades para os duros torcedores ingleses, que jamais reconheceram suas qualidades.

Antes da transferência para o Real Madrid, o belga defendia as cores do Chelsea e saiu bastante criticado em 2018. Ele aproveitou o primeiro título da Liga dos Campeões para dizer que “está do lado certo” e fez um longo desabafo.

“Lá, na Inglaterra, eu não tenho respeito suficiente. Então, eu mostrei hoje. Eu queria colocar um pouco de respeito no meu nome lá”, afirmou Courtois, que fechou o gol no Stade de France, realizando pelo menos quatro grandes defesas e parando o ataque do Liverpool.

“Vi pessoas no Twitter dizendo que vou me humilhar hoje à noite por dizer que estou do lado certo da história. Bem, estou esperando”, seguiu. E não escondeu o gosto a mais pelo feito na vitória por 1 a 0 contra um clube da Inglaterra.

“Hoje eu precisava vencer essa final, pela minha carreira e por todo o meu trabalho. Colocar respeito no meu nome porque acho que não tenho respeito o suficiente, especialmente da Inglaterra. Eu vi muitas mesmo depois de uma grande temporada, dizendo que eu não era bom o suficiente, então…”

O goleiro ainda festejou ganhar uma Liga dos Campeões “antes de morrer”. “Parei uma grande chance do Mané, parei uma do Salah… Hoje ninguém ia tirar a minha vontade de ganhar a Champions. Antes de morrer, ganhei uma.”

Real Madrid x Liverpool

O Liverpool tentou esganar o com uma marcação lá em cima, na saída de bola. É um sistema de jogo armado para morder e roubar a bola.

Quando roubava a bola, o time vermelho usava toques curtos e intensa movimentação para partir em linha reta em direção ao gol. Com isso, o Liverpool se impôs no primeiro tempo e transformou seu domínio em chances de abrir o placar. O goleiro Courtois precisou fazer duas grandes defesas, uma delas que terminou na trave após chute de Mané, aos 20 minutos.

Matreiro, o Real Madrid tinha sua arapuca armada com a bola longa para Vinicius Junior. Do outro lado, o técnico optou por escalar Valverde em vez de Rodrygo. Foi uma opção por uma transição mais lenta, mas maior segurança no meio. Foi pouco para o rei da Liga dos Campeões, que finalizou pouco.

Os técnicos não tiraram coelhos cartolas, mas aí está parte do charme da Liga dos Campeões. Jogadores de talento conseguem ludibriar o rival mesmo com jogadas já previstas. É mais ou menos como os dribles de Garrincha, sempre para o mesmo lado, mas que nenhum zagueiro do mundo conseguia marcar.

Foi um roteiro visto várias vezes em que o Real Madrid se vê nas cordas, mas reage de maneira contundente. Isso quase aconteceu no final do primeiro tempo. Após uma longa checagem do árbitro de vídeo, fora dos padrões europeus, a arbitragem anulou um gol de Benzema, do Real Madrid.

No começo do segundo tempo, o Real Madrid mostrou novamente como é um time letal e abriu o placar aos 13. Em progressão, Casemiro, Kross e Valverde construíram uma jogada veloz e deixaram Vinicius Junior para finalizar sozinho. O brasileiro estava no lugar certo, aproveitando falha de marcação de Alexandre-Arnold, que ficou olhando só a bola.

O gol foi o símbolo de uma temporada de ascensão. Em 52 jogos, foram 22 gols e 16 assistências. Na Liga dos Campeões, o ex-jogador do marcou seu quarto gol e seguramente o mais importante de sua carreira até aqui.

A vantagem no placar transformou a partida em uma sequência de chances do Liverpool para furar o goleiro Courtois. Foram pelo menos quatro grandes defesas, entre elas, em um chute cruzado de Salah, aos 37. Era preciso muito mais para tirar a taça do rei da Europa.