O atleta teria se revoltado por não poder usar o tatame de Jiu-Jitsu utilizando botas de Wrestling

Um surto”. Foi assim que Rodrigo Botti, treinador de Jiu-Jitsu de Matt Brown, definiu a atitude do lutador na tarde do último dia 3. Após uma discussão, o peso-meio-médio do UFC partiu para cima do faixa-preta, que estava sentado no momento do ataque e nada pôde fazer. Palavras do próprio Botti em entrevista à TATAME.

O faixa-preta deu detalhes sobre o que aconteceu no fatídico dia. Segundo o relato de Rodrigo, Brown se revoltou após ser repreendido por não poder usar o tatame de Jiu-Jitsu utilizando botas de Wrestling. Esse motivo, aparentemente banal, foi o estopim para a incontida fúria do lutador.

“Aqui na nossa academia (Ohio Combat), nós temos um investidor. Esse cara gastou uma fortuna em tatame de Jiu-Jitsu e deixou bem claro que não poderíamos treinar nele usando aquelas botas de Wrestling, porque danificam o tatame. Eu falei isso para o Matt. Cara, além de treinador dele, eu sou o manager da academia, então, tenho que cuidar dessas coisas. Quando fui ver, ele estava com mais três caras treinado Wrestling no tatame novo usando o calçado que não pode. Eu falei numa boa: ‘Matt, você sabe que não pode, cara’. Ele virou puto, do nada, e disse: ‘Não posso usar minha bota na minha própria academia? P… que pariu”. Eu não gostei daquilo, porque usou um tom desagradável na frente dos alunos”, relatou o treinador.

Botti engoliu a seco. No dia seguinte, porém, chamou Brown para uma conversa. E, aí, as coisas saíram de controle.

“Eu estava sentado na mesa do escritório, onde fecho contratos etc, e ele chegou com o treinador de Muay Thai dele (Dorian Price). O Demian puxou a cadeira e sentou, e eu estava sentado do outro lado da mesa. O Matt sentou na arquibancada do ginásio. Eu falei para ele: ‘Cara, deixa eu te falar uma coisa. Não gostei da maneira como você falou comigo ontem na frente de todo mundo. Pega mal para a imagem da academia. E outra coisa: sou seu treinador. Eu não aceito isso’. Olha, eu nunca vi alguém com tanta raiva. Ele veio para cima de mim, atirou a mesa no tatame e começou a me dar socos na cabeça enquanto eu estava sentado. Eu tinha acabado de passar por uma cirurgia de catarata no olho esquerdo, então, meu primeiro instinto foi me levantar e proteger o olho, pois eu estava com 16 pontos internos. Eu gritava: ‘Olha o meu olho, seu filho da p…! Eu estou operado”. Aí, o Dorian, calmamente, disse para ele parar, e o Matt parou. Ele virou e estava indo embora quando eu falei: ‘Eu só não revidei porque corro o risco de ficar cego! Caso contrário, nós iríamos brigar até a morte aqui”. O Matt voltou enfurecido e me deu mais uma sequência de socos na cabeça”.

Tão logo Matt Brown e Dorian Price deixaram academia, Botti acionou a polícia. Com hematomas na cabeça e com o olho recém-operado ferido, ele foi encaminhado ao médico, que constatou que os pontos que levara na cirurgia haviam se rompido. Na última segunda-feira (8), Rodrigo teve que ser submetido a uma nova cirurgia no olho.

Botti e Brown estavam juntos desde o início de 2014, quando o americano preparava-se para enfrentar Erick Silva. A amizade, segundo o brasileiro, acabou. Segundo ele,uma briga entre amigos é normal. Mas o que Brown fez é covardia e falta de hombridade.

“Na delegacia, ele disse que eu o empurrei primeiro, que eu que comecei a briga. E o pior: o Dorian confirmou a versão dele. Cara… É inacreditável. Ele é um criminoso”, lamentou o faixa-preta.

O lutador usou as redes sociais para dar seu relato sobre o ocorrido. O peso-meio-médio se defendeu alegando que não é uma pessoa violenta.

“Sim, eu dei socos na cara dele. Não, eu não sou uma pessoa violenta. Eu fui provocado. Eu fui empurrado primeiro. Ele botou as mãos em mim antes e foi chorar para a polícia, dizendo que eu comecei. Não é dessa maneira que dois homens crescidos resolvem as coisas. Eu não vou dar uma longa versão e não vou comentar muito sobre isso”, escreveu “The Immortal”.

Enquanto a polícia não dá a versão oficial sobre o nebuloso caso, Rodrigo Botti já fez o que estava a seu alcance: deu entrada em um processo judicial. A expectativa é que a as autoridades locais se pronunciem sobre o assunto em breve.