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Especial

MS 40 anos: conheça 5 curiosidades sobre o hino oficial de Mato Grosso do Sul

Sabia que a primeira gravação do hino é somente de 1994
Arquivo -

Mato Grosso do Sul foi criado em 11 de outubro de 1977, por meio de uma canetada do então presidente da República, general Ernesto Geisel. Todavia, na prática, o Estado só foi sair do papel em 1º de Janeiro de 1979. E para a solenidade de posse do governador Harry Amorim Costa e dos deputados constituintes, conta-se que houve um concurso para a seleção dos símbolos pátrios, dentre eles o hino de Mato Grosso do Sul.

Atualmente pouco difundido entre os habitantes do Estado, há alguns detalhes pouco exploradas nas aulas de história, que você confere a seguir.

Concurso

De fato, um concurso foi lançado para se escolher os símbolos pátrios do recém-criado Estado. Porém, somente brasão e bandeira foram premiados – a comissão julgadora não gostou das propostas de hino que foram inscritas no concurso. Com isso, o advogado Jorge Antônio Siufi e o agrônomo Otávio Gonçalves Gomes foram chamados às pressas, poucos dias antes do natal, para compor uma letra à melodia composta pelo maestro Radamés Gnattali, que seria apresentada nos dias seguintes durante a solenidade que ‘tiraria’ Mato Grosso do Sul do papel.

Primeira Execução

Toda a pressa era para que no dia 1° de Janeiro de 1979, data em que Mato Grosso do Sul passou efetivamente a funcionar, o hino pudesse ser executado e abrilhantasse a solenidade – a musicista Lenilde Ramos, hoje sanfoneira consagrada no Estado, participou da primeira execução, no Teatro Glauce Rocha. O hino, no entanto, seguiu esquecido até 1994, quando finalmente ocorreu o primeiro registro da partitura em mídia física, comandado pelo músico Odon Nacasato.

Calote

No concurso, o prêmio para o hino era de 100 mil cruzeiros. Mas, nem a dupla de compositores Jorge Antonio Siufi e Otávio Gonçalves Gomes e nem o autor da melodia, o maestro Radamés Gnattali, foram devidamente pagos por seus serviços. Radamés, no caso, recebeu apenas a primeira parcela do pagamento. O que foi feito com o dinheiro é um mistério que dura 40 anos. Siufi e Gomes receberam apenas um “obrigado”, como o mesmo relatou.

Representações

Além de divulgar e enaltecer belezas naturais de Mato Grosso do Sul, o hino também destaca figuras históricas e retrata grandes nomes de episódios históricos como a Retirada de Laguna, durante a Guerra da Tríplice Aliança, também conhecida como Guerra do Paraguai. Os nomes que aparecem são de Vespasiano Martins, que foi político e defensor da emancipação do sul do Mato Grosso; Coronel Carlos de Morais Camisão, que liderou a Retirada de Laguna; Tenente , que no mesmo episódio ordenou a retirada de civis e resistiu até a morte contra a artilharia Paraguaia; guerreiros Guaicurus, índios cavaleiros que lutaram na Guerra do Paraguai; e Ricardo Franco de Almeida Serra, engenheiro militar português responsável pela fundação do Forte Coimbra, em .

Hinos alternativos

Em 2005, em uma solenidade de abertura da XIV dos Jogos Abertos Brasileiros, durante a gestão do então governador Zeca do PT, a canção ‘Trem do Pantanal’, de Paulo Simões e Geraldo Roca, foi tocada no lugar da hino oficial. Foi a deixa para uma calorosa discussão sobre representatividade, conforme traz a obra de Álvaro Neder, ‘Enquanto este novo trem atravessa o Litoral Central’.

 

Mas, além de ‘Trem do Pantanal’, a canção ‘Sonhos Guaranis’, também de Paulo Simões, costuma ser considerada hino alternativo, até porque narra os mesmos fatos históricos mencionados na letra oficial de Siufi e Gomes. Porém, até a Mercedita, um chamamé clássico do Paraguai, já foi abraçado pelos sul-mato-grossenses como uma canção representativa da identidade de quem mora aqui.

Lembra ou não lembra?

O número de pessoas que sabe o hino de cor costuma ser bem baixo. Há várias possíveis explicações para isso, sendo a primeira o fato da gravação oficial ter demorado 16 anos. Isso dificultava, por exemplo, que as escolas ensinassem a letra nas aulas. Além disso, tem toda a questão que dialoga com o contexto autoritário no qual Mato Grosso do Sul foi criado – como uma estratégia para garantir número suficiente de representantes do partido Arena no Congresso Nacional, a fim de assegurar a eleição do general João Figueiredo em 1979 e sobrevida do regime militar até 1985, conforme apontam os historiadores.

“Vale lembrar que na época da criação do Estado, estávamos submetidos ao Ato Institucional n° 5, ou seja, no auge da ditadura militar. Não houve participação popular para a criação do Estado, muito embora, historicamente, alguns movimentos já tenham pedido a emancipação política do sul do Mato Grosso. Mas, numa ação sem clamor popular, as questões identitárias que envolvem o hino se tornam muito frágeis. Boa parte da população nem tinha ideia do que estava acontecendo”, explica a historiadora Alisolete Weingartner, do instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.

* Parte das informações desta matéria foram retiradas do documentário ‘Hino – Glória e Tradição de uma Gente Audaz’, exibido na última segunda-feira (9), no Museu da Imagem e do Som (MIS). A produção foi fruto do Curso de Documentário promovido pelo MIS, em parceria com a TVE, e teve coordenação de Marinete Pinheiro e de Carlos Diehl.

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