Anúncios de locação de veículos para motoristas de aplicativo estão longe de ser novidade em Campo Grande. Não é por menos: a estimativa é que as plataformas tenham de 7 mil a 10 mil motoristas parceiros na cidade – e boa parte não conduz veículos próprios.

Com isso, grandes empresas já estão consagradas como redes de aluguel de veículos para pessoas físicas e jurídicas. Mas, a conta também inclui outros atores: desde aqueles que têm carros parados na garagem ou os pequenos empresários, que encontraram no modelo uma nova forma de negócio.

É o caso de Erickson Hatanaka, proprietário de uma revenda de veículos em Campo Grande. Ele fez grande investimento para ter a renda semanal dos aluguéis, mas afirma que, em 2023, era mais fácil alugar um veículo do que atualmente.

“O mercado está mais difícil em 2024, pois os locadores acham que muitos clientes migraram para aplicativos de transporte com moto. Mas, ainda tem sido bastante rentável”. Ele é proprietário de sete veículos e os adquiriu especificamente para locação a motoristas de aplicativo.

“O melhor do negócio é que o valor investido pode ser recuperado com o aquecimento do mercado de veículos usados. Depois de alugar o veículo por um tempo, você consegue vender. Quando precisei vender, não tive uma desvalorização grande no veículo em relação ao preço quando comprei”, explicou.

A partir de R$ 600

O valor médio praticado é de R$ 600 por semana, com o proprietário sendo responsável pela manutenção, seguro e rastreador veicular. Já o motorista locador tem uma rotina de comunicação de quilometragem percorrida, bem como inspeções periódicas no veículo para informar avarias ou necessidades de manutenção extra, que, porém, não gera custos para si.

Já as grandes empresas locadoras de veículos seguem com planos de aluguel de carros para motoristas de aplicativos, com preços que variam a depender do modelo do carro. Contudo, podem ter mais exigências que as pequenas empresas.

Ambas requerem contratos de locação, que gerem ainda aspectos como prazo de locação, valor do aluguel, responsabilidades do locatário em relação ao uso e conservação do veículo, cláusulas de rescisão e penalidades em caso de descumprimento.

Custo-benefício

A avaliação quanto à lucratividade de utilizar-se de um carro alugado para trabalhar como motorista de aplicativo depende de alguns fatores, como o preço do aluguel, que pode ser diferente dependendo do tipo de carro e também da escolha do plano de aluguel.

Caso o motorista não possua um veículo, essa opção se apresenta mais barata do que um financiamento de um veículo novo, além de não precisar se preocupar com depreciação do veículo, impostos, manutenções e outros.

Na visão de Giovane, de 30 anos, que atua como motorista há 7 meses em Campo Grande, há vantagens e desvantagens em trabalhar desta forma. 

“A vantagem de alugar o carro é que o motorista trabalha com tranquilidade, não tendo despesas de manutenção, de seguro e outros gastos, que ficam por conta do locador. Por outro lado, o aluguel semanal pago pelo carro não é pouco, ainda mais porque o movimento do aplicativo já não é como era antes”, revelou.

Ele avalia que esta é uma boa opção para quem quer ingressar no ramo, mas ainda não possui veículo próprio.

“Para mim continua sendo rentável, pois tenho outra renda. Para quem está parado, também é uma boa alternativa, pois é uma forma de iniciar no aplicativo. Porém, se colocar na balança entre o carro alugado e o carro próprio, prefiro trabalhar com carro próprio, pois teria um lucro maior, apesar dos custos de manutenção”, disse.

Fazendo as contas

Os motoristas revelam que com o aumento no número de profissionais atuando na área, está sendo necessário ‘escolher’ aquela corrida que trará mais lucros ao prestador de serviço.

Estratégias que envolvem cálculos matemáticos são fonte de vídeos instrutivos publicados nas redes sociais para auxiliar os motoristas. Além disso, diversos aplicativos foram lançados para auxiliar o motorista a pegar as melhores corridas.

As variáveis calculadas envolvem a distância das corridas, o valor pago por quilômetro rodado, horários das corridas, tarifas dinâmicas, entre outras.