Pular para o conteúdo
Economia

À espera da Lei do Pantanal, fazendeiros já negociaram 100 mil créditos de carbono em MS

Primeiro projeto foi lançado em maio deste ano e agora está sendo desenvolvida a metodologia do crédito da biodiversidade, também com a intenção de proteger a natureza e animais ameaçados
Graziela Rezende -
Onça em seu habitat natural. (Eucatur/Reprodução)

A área protegida, no Pantanal sul-mato-grossense, alcançou a casa dos 100 mil créditos de carbono comercializados para assegurar a conservação das espécies, como a onça-pintada, de acordo com o IHP (Instituto Homem Pantaneiro). O experimento foi lançado em maio deste ano, com a intenção de provar que era possível implementar programas de carbono no bioma. Agora, está sendo desenvolvida a metodologia do crédito da biodiversidade, também com o objetivo de proteger a natureza e animais ameaçados.

“As áreas certificadas não representam uma área muito extensa no Pantanal, mas, neste período, já conseguimos mostrar a viabilidade do projeto, que é factível e possível implementar programas de carbono no Pantanal. Este é um case e agora estamos fechando a metodologia do crédito da biodiversidade, em parceria com outra desenvolvedora. Creio que vai ocorrer o anúncio em breve e será fantástico, especialmente para proteger espécies ameaçadas”, afirmou ao Jornal Midiamax o coronel e presidente do IHP, Ângelo Rabelo.

Pantanal de MS. (Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

Neste projeto mais recente, o crédito da biodiversidade vai trabalhar na lógica de que há uma espécie que, pelas condições e característica, principalmente o grau de ameaça, passa a ter um valor.

“É analisada a área, a espécie e os riscos, para que este crédito tenha uma validade, como é o caso da onça-pintada, por exemplo”, ressaltou o presidente.

Já no caso do crédito de carbono, que está atualmente ao custo que varia entre 8 a 9 dólares cada crédito, os recursos cobrem de 70% a 80% dos custos do projeto REDD+ Serra do Amolar, ainda de acordo com o IHP.

“Lamentavelmente, o fogo de 2020, nesta região, prejudicou que o resultado fosse ainda melhor, já que o projeto de crédito de carbono está sendo desenvolvido ali, através de outro grande programa chamado Conexão Jaguar, criado pela empresa ISA da Colômbia. Aqui no Brasil é a ISA CTEEP, que procura assegurar a proteção de espécies a partir do apoio à conservação de áreas importantes, mas, cerca de 60% dos recursos necessários para a manutenção das áreas estão assegurados”, avaliou Rabelo.

Ana Carolina David, gerente de comunicação da ISA CTEEP. (Divulgação)

Já Ana Carolina David, gerente de comunicação, sustentabilidade e relações institucionais da ISA CTEEP, ressalta que, com o REDD+ Serra do Amolar, o programa Conexão Jaguar contribui com a proteção de uma área de mais de 135 mil hectares, formando um “corredor de biodiversidade para a onça-pintada e outras dezenas de espécies animais”.

“O foco do programa é apoiar com recursos técnicos e econômicos a implementação de projetos em áreas prioritárias para a conservação do habitat da onça-pintada, o que contribui para a mitigação das mudanças climáticas em linha com a transição energética, na medida em que incentiva e fortalece a captura e o estoque de carbono”, argumentou a gerente.

Ao todo, Ana ressalta que o programa completa seis anos de atuação na América Latina e possui nove projetos em curso. Em sua totalidade, cobrem mais de 820.000 hectares com ações de conservação ou restauração e um potencial de redução de emissões de cerca de 7 milhões de toneladas de CO2e durante o ciclo de vida dos projetos.

Primeira certificação de crédito de carbono no Pantanal

Pantanal sul-mato-grossense. (Documenta Pantanal/Reprodução)

O IHP obteve a certificação referente ao período de 2016 a 2020 de créditos de carbono para serem comercializados no mercado voluntário. A área tem alcance de 135 mil hectares no Pantanal, o que equivale a cerca de 200 mil campos de futebol e atende a um conceito de “produção de natureza”.

Implantado em 2019 no bioma, teve a primeira certificação em abril de 2023. Ainda conforme o IHP, o programa Conexão Jaguar oferece suporte técnico e financeiro às melhores iniciativas florestais para emissão e comercialização de créditos de carbono certificados sob os mais altos padrões internacionais: Verified Carbon Standard (VCS), Climate, Community and Biodiversity Standard (CCBS) e Gold Standard (GS), entre outros.

A certificação concedida ao projeto do IHP foi da VERRA, empresa que hoje domina o mercado na metodologia REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal).

Conforme especialistas, este é o primeiro exemplo em Mato Grosso do Sul de como arrecadar dinheiro com floresta em pé. E a maior fazenda do Pantanal, a Fazenda Santa Tereza, da Tereza Cristina Ribeiro Ralston Botelho Bracher, consegue ser uma área rentável mesmo com preservação ambiental, se tornando o principal modelo de sucesso para produtores locais, com as RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural), em parceria com a SOS Pantanal.

Mercado de carbono

Conceito que surgiu durante a criação da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática), durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, o mercado de carbono permite que empresas, organizações e indivíduos compensem as suas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) a partir da aquisição de créditos gerados por projetos de redução de emissões e/ou de captura de carbono.

A intenção é contribuir com a mitigação das mudanças do clima. Ainda existe um impacto econômico, uma vez que a compra e venda de créditos de carbono tende a se tornar uma fonte de renda.

Lei do Pantanal

sucuri amarela edir alves
Sucuri-amarela típica do Pantanal. (Foto: Edir Alves)

Conforme divulgado pelo Jornal Midiamax, a 1ª Lei do Pantanal chega na próxima semana e deve ser aprovada até o próximo dia 14 de dezembro, na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul). A informação foi confirmada pelo deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB).

“A lei está sendo finalizada. E provavelmente chega na Alems semana que vem. Sempre dentro dessas discussões pode ter alguma situação que possa adiar o encaminhamento, mas é essa a previsão”, disse Renato Câmara (MDB), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa.

No início da semana, o governador Eduardo Riedel também se reuniu com prefeitos de cidades pantaneiras, entidades e instituições envolvidas na elaboração da nova Lei do Pantanal, com o objetivo de alinhar detalhes antes do envio do projeto de lei para a Assembleia.

“O processo de elaboração da Lei do Pantanal está avançando com muito diálogo. Nesta tarde ouvimos os prefeitos das cidades pantaneiras e produtores, em mais uma das audiências com todos os atores envolvidos, e validados pelo Ministério do Meio Ambiente. Nosso objetivo é apresentar uma legislação inovadora e equilibrada”, destacou o governador Eduardo Riedel.

Leia também:

Pantanal com vocação para carne sustentável, que vai para mesa extralimpa e no ‘padrão terroir’

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Sesau suspende atendimentos em unidade de reabilitação e de saúde mental

Unidade da Bunge de Dourados tem vagas abertas por meio de programa de estágio

inss reajuste

INSS passará a exigir biometria para novos empréstimos consignados

Após morte de passageiro no metrô, Linha 5-Lilás inicia instalação de barreiras de segurança

Notícias mais lidas agora

Consórcio Guaicurus pede multa milionária ao município por ‘atraso’ no reajuste da tarifa

br 163 duplicações rodovia quilômetro

Com 18 acidentes por km nos últimos 11 anos em MS, trecho da BR-163 vai a leilão na quinta

acidentes

Você passa lá? Veja ranking das ruas mais perigosas para dirigir em Campo Grande

Você viu? Tutor procura por ‘irmãos de quatro patas’ desaparecidos no Tijuca

Últimas Notícias

Cotidiano

Funcionários denunciam hospital particular por atraso na folha de pagamento e falta de transparência 

A situação vem ocorrendo há, pelo menos, cinco meses

Polícia

Família encontra residência de casal morto em acidente na BR-262 revirada por bandidos

Parentes iam todos os dias olhar a residência do casal e na manhã de domingo (18) descobriram que o imóvel foi invadido e furtado

MidiaMAIS

‘Cinema nos Bairros’ leva sessão gratuita para toda a família em Três Lagoas

Durante o evento, serão oferecidos pipocas e refrigerantes

Mundo

Dólar recua em linha com exterior após rebaixamento dos EUA e fecha a R$ 5,6552

EUA tem perdido nos últimos dias a confiança de investidores após perder o título de "confiança inabalável" nas finanças públicas