Com preços estáveis e mudanças na economia, poder de compra de população cresceu em 2023

Depois do aumento exponencial da pobreza desde a pandemia, 2023 foi marcado pela recuperação econômica da população no Mato Grosso do Sul

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(Nathalia Alcântara, Midiamax)

Como ficaram suas finanças em 2023? Sentiu economia nas contas do mês ou ainda tem dívidas em atraso? Depois do aumento exponencial da pobreza desde a pandemia de Covid-19, as famílias sul-mato-grossenses finalmente começaram a se recuperar financeiramente em 2023. Ou, pelo menos, tiveram oportunidade.

Índices mostram que, apesar das famílias continuarem endividadas, o custo de vida começou a reduzir, melhorando o poder de compra da população. A cesta básica de Campo Grande ficou R$ 68 mais barata ao longo do ano e o preço da gasolina estabilizou após montanha-russa em 2022.

Em um ano, 3,2 mil pessoas entraram para a lista de endividados, mas o número de pessoas com contas em atraso e que não terão condições de pagar teve redução. Isso porque os números da pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor de Campo Grande mostram 6,5 mil pessoas a menos entre aqueles que não pagaram as contas.

Assim, com as finanças em restabelecimento, a intenção de consumo do campo-grandense atingiu o maior nível desde antes da pandemia de Covid-19: em outubro, pesquisa constatou índice de 109,7 pontos na intenção de consumo de Campo Grande, sendo o maior resultado desde janeiro de 2020.

Maior poder de compra passa por aumento do Bolsa Família

Mudanças impostas pelo governo federal em 2023 foram fundamentais para proporcionar às famílias melhor poder de compra. Entre elas, o aumento proporcional do valor pago pelo Bolsa Família, programa de transferência de renda, e a mudança na faixa de isenção do imposto de renda.

Em maio de 2023 a nova tabela do imposto de renda entrou em vigor, mudando a faixa de isenção de R$ 1.903,98 para R$ 2.112. A criação da dedução automática de R$ 528, passou a beneficiar todos aqueles com salário de até R$ 2.640, que passaram a não pagar imposto. Na prática, mais dinheiro no bolso dos trabalhadores de baixa renda.

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beneficiários do programa Bolsa Família efetuarem a avaliação (Divulgação, Sesau)

Em relação ao Bolsa Família, algumas mudanças ocorreram. O valor mínimo repassado às famílias agora é de R$ 600, com adicional de R$ 150 por criança de até 7 anos, além de R$ 50 por cada integrante de 7 a 18 anos ou gestante, ou membro da família com até 7 meses.

O adicional de R$ 50 para cada bebê passou a valer desde o pagamento de outubro de 2023. Em Mato Grosso do Sul, 213,9 mil famílias são beneficiadas por mês.

Preços pararam de subir

Mais do que a queda nos preços de itens básicos, em 2023 destaque na estabilização dos preços após anos de altas consecutivas. A economista e chefe do Dieese/MS, Andreia Ferreira, destaca que considerando os preços de 2019 para cá, só em 2023 houve estabilidade ou queda nos valores.

Andreia dá como exemplo o preço da carne vermelha, que teve três anos consecutivos de alta. Em 2019 o preço médio anual do quilo da carne bovina era de R$ 21,13, considerando os cortes mais consumidos pelo brasileiro. Esse valor subiu para R$ 27,87 em 2020 e para R$ 37,72 em 2021.

Mas, em 2023, considerando dados até novembro, o preço médio da carne bovina está em R$ 37. Na prática, significa, que o preço da carne continua muito acima do patamar de 2019, porém estabilizou em 2023, com leve redução.

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Preço da carne em 2023 (Foto: Reprodução, Dieese/MS)

Por outro lado, dados do Dieese/MS mostram que a cesta básica de Campo Grande está 59% mais cara que em 2019. Para se ter ideia, em novembro de 2019 a cesta básica de Campo Grande custava R$ 422,06. E em novembro de 2023, os mesmos itens são vendidos a R$ 674,49, diferença de R$ 252,43.

Ainda assim, o valor mais recente reflete redução, já que, em abril de 2022, o custo da cesta básica atingiu o maior patamar da história, com valor de R$ 761,73 em Campo Grande.

Explosão de empregos no interior e desaceleração do comércio

Em 2023 também houve oscilação em relação ao mercado de trabalho no Mato Grosso do Sul. O setor de serviços segue sendo o principal gerador de empregos do Estado, foram mais de 12 mil novas vagas de saldo em 11 meses do ano.

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Ilustrativa (Foto: Nathalia Alcântara / Jornal Midiamax)

Entre janeiro e novembro de 2023, Mato Grosso do Sul teve saldo de 34,6 mil empregos, que representa a diferença entre admissões e demissões. Para se ter ideia, cada setor gera média de 5 mil empregos por ano, enquanto serviços teve geração de 12 mil vagas em 11 meses de 2023. Em contrapartida, o comércio pisou no freio das contratações.

Foram mais de 8 mil empregos gerados pelo comércio em 2022, contra 4 mil em 11 meses de 2023. Já na construção civil, enquanto Campo Grande foi responsável por 7,9 mil vagas, Ribas do Rio Pardo despontou como a segunda cidade do Estado a mais gerar postos de trabalho em 2023: foram 4,5 mil, diretamente relacionados à construção de uma fábrica da indústria de celulose.

O que esperar da economia em 2024?

Mudanças na economia têm potencial para melhorar a qualidade de vida da população no próximo ano, aumentando o poder de compra. Além dos já citados, em 2023 começou a redução da Selic, que é a taxa básica de juros. Após subir de 9,15% em 2021, para 13,65% ano passado, os valores começaram a ter redução, finalizando 2023 em 12,15%.

O aumento do salário mínimo acima da inflação e com ganho real para o trabalhador também pode ajudar na recuperação da economia. “A gente vem de crises desde 2015, que só se aprofundaram nos últimos anos. Estamos em um período de reconstrução e precisamos incluir o pobre no orçamento nacional para que a recuperação da economia ocorra”, finaliza a economista Andreia Ferreira.

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