Sucessivos aumentos nos derivados de petróleo e demais combustíveis ajudam a puxar a inflação no Brasil. Logo, com o poder de compra de consumidores “achatado”, revendedores precisam usar e abusar da criatividade para manter as vendas em .

O Jornal Midiamax constatou nesta semana que algumas revendedoras do (gás GLP) têm aderido ao parcelamento em até 10X no cartão de crédito e, em casos pontuais, até as notas promissórias ressurgiram no comércio para os clientes mais fiéis.  

Como em uma revendedora na Rua da Divisão. Lá, Rubens Luiz, de 43 anos, conta que aderiu ao parcelamento para ajudar os clientes nesse momento de recessão econômica. “A gente não parcelava, começamos há cerca de 5 meses por causa das dificuldades na rua. É um jeito de ficar mais acessível para o cliente e de ficar mais fácil para ele comprar”, detalha.

No estabelecimento, o preço médio do gás de cozinha é de R$ 110. Dividindo a compra no cartão de crédito, o valor da máquina será cobrado de acordo com o número de parcelas: em 2 vezes, por exemplo, o valor de cada uma sai a R$ 57,90.

Com 6 anos de atuação no ramo, Luiz relata que sentiu mudança sensível no perfil de compra. “As compras nos cartões de crédito aumentaram muito, 60% de dois anos pra cá. Começamos o parcelamento há pouco tempo, e os clientes que compraram gostaram muito. A maioria comprou em 5 vezes porque a parcela ficou barata”, diz.

‘Parcelamos em até 10 vezes'

Na Joanesburgoo, no bairro Presidente, o proprietário de outra revendedora de gás, Roni Alves de Souza, de 49 anos, também mudou a forma de vender para facilitar o consumo dos clientes.  

“Foi mais pelas condições dos meus clientes. Boa parte são das classes D, E e F, fiz para tentar facilitar a vida deles. Mas, claro, tem o acréscimo da máquina, que não é exorbitante. Fica a critério dele, parcelo em até 10 vezes desde que ele pague o valor dos juros da máquina”, explica.

Gás
Entregador de gás, ilustrativa (Foto: de / Jornal Midiamax)

Roni ressalta que não fazia esse tipo de venda, porém sentiu a necessidade após o último aumento. “Hoje, meu gás está R$ 110, mas dou R$ 5 de desconto à vista. No cartão, eu não consigo dar desconto. Em 2vezes a parcela fica em R$ 54,96, em 3 vezes fica R$ 36,90”, diz.

Ele também sentiu uma mudança no padrão de compra dos clientes ao longo dos últimos 12 meses. “De um ano para agora, aumentou bastante o uso dos cartões de crédito, principalmente no final do mês. Atualmente, o uso do cartão aumentou em 15%”, finaliza.

Retorno da nota promissória

Já no Tiradentes, em uma revenda na rua Air Silva Almeida, Nilton Vieira Flores, de 27 anos, conta que o estabelecimento também aderiu ao parcelamento na sua frente de vendas.

“Comecei no final de fevereiro. A gente viu a necessidade dos nossos clientes após algumas pessoas perguntarem se tinha como parcelar. Em 2 vezes eu não cobro acréscimo, já a partir de 3 vezes tem o adicional de R$ 5 da taxa”, explicou.

Com os preços do gás de cozinha em ascensão, a saída para alguns consumidores foi recorrer a métodos que já não eram muito utilizados. “Aumentou bastante a procura de gás a prazo, faço para quem compra comigo há muito tempo e são clientes fiéis. O preço do gás no dinheiro é de R$ 110. Na nota promissória, nós levamos o gás na casa do cliente e sai por R$ 135. Ele assina a nota na casa dele e tem o prazo para pagar no Pix em até um mês. Se tiver o deslocamento para ir receber, fica R$ 140”, explicou.