Dólar se descola do exterior e sobe 0,26% com cautela pré-eleitoral

A cautela pré-eleitoral impediu o real de se beneficiar da rodada de enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes nesta terça-feira, 25, em meio ao aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode reduzir o ritmo de aperto monetário a partir de dezembro após divulgação […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Após instabilidade e troca de sinais pela manhã e no início da tarde, o dólar se firmou (Agência Brasil)

A cautela pré-eleitoral impediu o real de se beneficiar da rodada de enfraquecimento da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes nesta terça-feira, 25, em meio ao aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode reduzir o ritmo de aperto monetário a partir de dezembro após divulgação de resultado abaixo do esperado da confiança do consumidor americano em outubro. Por aqui, a alta de 0,16% do IPCA-15 em outubro, às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e acima da mediana de Projeções Broadcast (0,09%) foi monitorada, mas não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio.

Após instabilidade e troca de sinais pela manhã e no início da tarde, o dólar se firmou em terreno positivo nas últimas horas de negócios e encerrou o dia em alta de 0,26%, cotado a R$ 5,3168 – maior valor desde 30 de setembro, último pregão antes do primeiro turno da eleição, quando fechou a R$ 5,3946. Na máxima desta terça, a divisa alcançou R$ 5,3572. A moeda acumula valorização de 3,28% na semana e perdas de 1,44% em outubro.

Segundo profissionais do mercado, a reação violenta do ex-deputado federal Roberto Jefferson à ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda contamina os preços dos ativos domésticos. Por mais que Jair Bolsonaro tente se distanciar de Jefferson, outrora tido como aliado de primeira hora, o comportamento do deputado joga contra a reeleição do presidente e, por tabela, o apetite dos investidores por empresas estatais e apostas a favor do real.

Há também quem veja no entrevero entre Jefferson e a Polícia Federal um prenúncio de possível reação violenta de bolsonaristas à eventual derrota no domingo, uma vez que o presidente sempre pôs em xeque a segurança das urnas eletrônicas Em entrevista a podcast conservador do EUA nesta terça, Bolsonaro afirmou que as forças armadas, que integram comissão de transparência eleitoral, dizem que “é impossível dar um selo de credibilidade” ao sistema.

Pesquisa Ipespe-Abrapel divulgada nesta terça traz petista na liderança, com 53% dos votos válidos contra 47% de Jair Bolsonaro. Na segunda à noite, pesquisa Ipec (ex-Ibope) mostrou Lula com 54% contra 46% do atual presidente (considerando votos válidos).

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Vellloni, afirma que investidores deram continuidade nesta terça ao movimento de realização de lucros na Bolsa e busca por proteção no dólar iniciado na segunda, na esteira da diminuição das apostas em virada de Bolsonaro na corrida presidencial após o episódio envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson.

“Existe muita incerteza sobre como vai ser a política econômica e a gestão da Petrobras se o outro candidato (Lula) ganhar, enquanto Bolsonaro representa continuidade com Paulo Guedes (ministro da Economia)”, diz o Velloni, para quem o real tem espaço para se apreciar após as eleições caso o vencedor dê sinais claros sobre a condução da economia, o que, no caso de Lula, poderia ser feito com anúncio do futuro ministro da Fazenda. “O dólar tem espaço para cair, com um primeiro suporte em R$ 5,07. Mas nesta semana deve ficar volátil, com eleição e a definição da última taxa Ptax de outubro na sexta-feira”.

Conteúdos relacionados