A procura por materiais de construção, principalmente pelo tijolo, aumentou consideravelmente durante esta época de pandemia e muitos clientes viram que o preço também subiu em Campo Grande. A explicação para isso é que a além da ‘lei de oferta e procura’, a falta de capacidade das indústrias em conseguir suprir a demanda e reajuste ‘acumulado’ de meses atrás influenciaram diretamente no preço do item, pelo menos essa é a justificativa de quem fabrica o item essencial para a construção.

Danilo Pedro, proprietário da única fabricante da cidade, a Cerâmica , explica que a Capital possui uma demanda mensal de 10 milhões de peças de tijolos e percebeu que a indústria local conseguia suprir somente 7 milhões de peças. Por isso, como forma de suprir essa falta, havia compra do produto de indústrias das cidades de Brasilândia e Panorama, em São Paulo. “É uma região de trabalho muito informal e ficava uma concorrência desleal com a gente”.

De acordo com o presidente da Acomasul (Associação dos Construtores de ), Adão Castilho, o comerciante que antes pagava R$ 500 no milheiro do tijolo está comprando o material por R$ 1 mil.

Porém, Danilo explica que o setor buscava trabalhar com uma margem melhor e nos últimos meses, houve um reajuste que impactou diretamente o preço do tijolo e as empresas não conseguiam reajustar o preço de venda do produto como deveria. E por consequência da falta de produto, o proprietário diz que não viu saída a não ser elevar os preços ‘para não fechar as portas’.

“Estamos tentando trabalhar com o preço que deveria ser mesmo. É para a empresa trabalhar do jeito que deveria ser. A gente já não via luz no fim do túnel. Se continuasse assim por mais algum tempo, no preço que era, era questão de tempo para a indústria fechar as portas”, detalhou.

Danilo Pedra aponta também que a média do preço dos tijolos em junho era de R$ 500 o milheiro e como a demanda aumentou, impulsionada pelo atrativo do pagamento do e também do , a empresa decidiu subir o preço. “Nosso principal cliente são as lojas de materiais de construção. O que acontece é que quando está sobrando material, pessoas físicas vêm até a indústria e compram direto da gente e agora estão tendo que comprar na loja de materiais de construção”, diz o proprietário, acrescentando que o preço no mês de agosto deve ficar em R$ 600 o milheiro.

“Todo ano, nessa época, o mercado já é um pouco melhor, pois tem estiagem e o 2° semestre é melhor mesmo. Normal nessa época ter reajuste. Esse ano, em específico, com a falta dos produtos de fora, a demanda parece ser maior ainda”, finaliza.

Setor aquecido

Para o presidente da Acomasul, o aquecimento do setor foi uma surpresa. “Aqueles projetos que estavam engavetados foram colocados em prática e a construção está a todo vapor. Mas as indústrias não acreditaram no mercado, então acabou que a produção diminuiu e aí teve desabastecimento do material”, disse Castilho.