Em Campo Grande, ‘fique em casa’ acaba beneficiando comerciantes nos bairros
Com a crise causada pelo coronavírus e as restrições para o controle da pandemia, o comércio no Centro amarga prejuízos em Campo Grande. Por outro lado, com as pessoas circulando menos pela cidade e optando por comprar perto de casa, as lojas nos bairros têm conseguido se manter e algumas até têm tido mais lucro […]
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Com a crise causada pelo coronavírus e as restrições para o controle da pandemia, o comércio no Centro amarga prejuízos em Campo Grande. Por outro lado, com as pessoas circulando menos pela cidade e optando por comprar perto de casa, as lojas nos bairros têm conseguido se manter e algumas até têm tido mais lucro durante a pandemia.
O comerciante Valdomiro Passos, de 70 anos, foi surpreendido com o aumento nas vendas com a pandemia. Ele conta que tem uma loja no bairro Moreninhas há 17 anos e que o rendimento quase dobrou. “Acho que em todo o ramo de construção aumentaram as vendas, foi ótimo para o nosso ramo. As pessoas se tocaram que não precisam ir ao centro para comprar algumas coisas”, comenta.
Valdomiro conta que com o aumento das vendas, até ampliou a loja e tem mais funcionários, que são da própria família. “As pessoas ficam em casa, começam a perceber que têm coisas pra arrumar. A esposa pede pro marido ‘ah arruma o chuveiro aqui, essa pia ali”, diz. Ele também acredita que a redução da frota de ônibus desestimulou as pessoas a irem ao centro.
O vendedor João Gabriel Ferreira, de 23 anos, trabalha em uma loja de utilidades e percebeu que está vendendo mais brinquedos e artigos de papelaria porque as crianças precisam brincar e estudar em casa. “Aumentou o movimento com a pandemia. Não foi muito, mas o suficiente para não fechar as portas”.
Uma vendedora em loja de móveis e colchão nas Moreninhas, que não quis se identificar, conta que achou que as vendas iriam parar com a pandemia, mas aconteceu o contrário. “Estamos vendendo mais cama, como o pessoal ficando em casa, às vezes decidem comprar móveis de mais utilidade”, diz.
Luana Campos de Oliveira, de 23 anos, trabalha em uma loja de sapatos e conta que as vendas caíram um pouco, mas foram suficientes para não fechar. “A gente achou que ia cair muito mais. Tá difícil porque o nosso horário é o mesmo do centro, das 9h às 17h. [O lockdown] aos sábados vai prejudicar porque era um dia de bastante movimento”.
Comércio nos bairros ficou mais atrativo
Conforme levantamento feito pela SPC Brasil e CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campo Grande, antes da pandemia havia 43.923 microempresas na Capital. Destas, 4.730 fecharam nestes quatro meses de pandemia de coronavírus.
O presidente da CDL, Adelaido Vila, explica que o número de empresas fechadas pode ser maior, já que algumas não conseguiram encerrar o negócio ainda. “Existem empresas que não conseguem fazer o fechamento total, não estão em dia com imposto, tributos, por conta disso não temos um número real”, diz.
Diante da crise causada pela pandemia, Adelaido explica que o comércio nos bairros tem cada vez mais força e oferece mais vantagens. Ele ressalta que os aluguéis no centro estão cada dia mais caros e a fiscalização é mais intensa e rígida na área central. Além disso, o comerciante do bairro geralmente contrata funcionários que moram próximos ao local, ou seja, não precisa pagar o transporte coletivo e o funcionário não terá os 6% descontados do salário.
“No bairro eu contrato pessoas que moram perto, essa pessoa ganha qualidade de vida, pode almoçar em casa, o trabalho é mais perto da casa dela. Fica mais barato para esse trabalhador, ele não tem desconto de 6%, e ele não passa horas no transporte público”.
Segundo o presidente da CDL, o comércio nos bairros ganhou características diferentes e tem sido mais atrativo, o que reflete numa mudança de comportamento do consumidor pós-pandemia.
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