Bolsa fecha em alta de 0,86%, com ganho de 8,28% na semana

O otimismo amparado na leitura muito acima do esperado para o mercado de trabalho dos EUA em maio, alimentando a perspectiva de recuperação global em V pós-pandemia, contribuiu decisivamente para que o Ibovespa encadeasse nesta sexta-feira, 5, a sexta sessão de ganhos, algo que não ocorria desde outubro, acumulando alta de 8,28% na semana, a […]

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(Divulgação/Facebook/BM&FBov/)
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O otimismo amparado na leitura muito acima do esperado para o mercado de trabalho dos EUA em maio, alimentando a perspectiva de recuperação global em V pós-pandemia, contribuiu decisivamente para que o Ibovespa encadeasse nesta sexta-feira, 5, a sexta sessão de ganhos, algo que não ocorria desde outubro, acumulando alta de 8,28% na semana, a maior desde o período que antecedeu a Páscoa. Nesta sexta-feira, o principal índice da B3 perdeu fôlego depois das 16h, em alta mais modesta no fechamento do que a observada mais cedo na sessão, aos 94.637,06 pontos (+0,86%) no encerramento, saindo de mínima a 93.838,60 e chegando na máxima do dia a 97.355,75 pontos.

Uma sequência de seis ganhos não ocorria desde o intervalo entre os dias 9 e 16 de outubro de 2019, separado pelo fim de semana de 12 e 13 de outubro, sessões ao longo das quais o Ibovespa se manteve entre 101.248,78 e 105.422,80 pontos naqueles respectivos fechamentos, refletindo então a expectativa para a votação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado ainda naquele mês e, no exterior, sinais de que a China buscava àquela altura um acordo, ainda que parcial, com os EUA.

Na máxima de hoje, o Ibovespa foi ao maior nível desde 9 de março, então aos 97.982,08 pontos no pico intradia daquela sessão. No fechamento de hoje, aproximou-se um pouco mais da marca de 6 de março, quando encerrou aos 97.996,77 pontos. O ganho desta semana, de 8,28%, foi o maior desde a semana encerrada em 9 de abril, pré-Páscoa, quando o Ibovespa avançou 11,71%, colhendo então o maior avanço semanal desde o início de março de 2016 (+18,01%). Em um mês, os ganhos do índice estão agora em 19,08%. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 38,4 bilhões, mais uma vez bem elevado, com o índice da B3 limitando agora as perdas do ano a 18,17%.

“Aos 97 mil pontos na máxima de hoje, os que entraram primeiro já começam a realizar um pouco, para colocar no bolso – assim, limitou a alta aqui em relação ao dia muito positivo lá fora, especialmente em Nova York. Todo mundo no mercado sabe que o segundo semestre será difícil, mas ninguém quer ficar fora deste movimento da Bolsa”, observa Ari Santos, operador de renda variável da Commcor. Ele considera que alguma realização ocorra antes de o Ibovespa retomar os 100 mil pontos. “Por volta do dia 15 a 17, a coisa tende a ficar um pouco mais clara, com a reabertura da economia e o aguardado corte de juros pelo Copom. Juros ainda mais baixos podem ajudar a retomada econômica”, acrescenta o operador.

A redução da percepção de risco contribui para que o investidor estrangeiro volte a olhar os ativos brasileiros, ainda que muitos fatores de incerteza permaneçam no horizonte, especialmente em relação à persistência da pandemia e, em consequência, o grau de reabertura da economia local.

Assim, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 852,811 milhões na B3 no pregão da última quarta-feira, quando o Ibovespa fechou em alta de 2,15%, aos 93.002,14 pontos, com giro financeiro a R$ 39,4 bilhões. Em junho, nos três primeiros pregões, o saldo ficou positivo em R$ 1,785 bilhão, resultado de R$ 41,427 bilhões em compras e de R$ 39,641 bilhões em vendas – um desdobramento animador, na medida em que a B3 não registra saldo mensal positivo desde setembro de 2019. No acumulado até aqui em 2020, os estrangeiros já retiraram R$ 75,061 bilhões.

No exterior, a surpreendente retomada da geração de vagas no mercado de trabalho americano em maio levou o presidente Donald Trump a celebrar que os EUA se recuperarão com o ímpeto de um “foguete”. Wall Street também comemorou, com o blue chip Dow Jones em alta de 3,15% no fechamento de hoje, enquanto S&P 500 e Nasdaq tiveram ganhos acima de 2% na sessão.

Espelhando também o apetite por risco, em dia de queda ante divisas de emergentes o dólar renovava mínimas frente ao real no início da tarde, caindo a R$ 4,9348, para fechar aos R$ 4,9909, em baixa de 2,73% na sessão e acumulando perda de 6,52% na semana, o que colocou a ação da exportadora Suzano, de papel e celulose, na ponta negativa do Ibovespa, em queda de 3,89% na sessão, superada apenas por Totvs (-4,29%).

No lado oposto, Azul subiu 10,90%, à frente de Yduqs (+9,83%), Gol (+9,74%) e Via Varejo (+6,45%). Entre as ações de commodities, destaque para Petrobras PN (+3,13%) e ON (+3,11%), enquanto Vale ON cedeu 1,89%, tendo acentuando as perdas à tarde e contribuído para segurar o Ibovespa. Acumulando ganhos de dois dígitos na semana, as ações de bancos também avançaram nesta sessão, embora limitando a alta na parte final, ajudando a segurar o índice de referência da B3 – destaque para Bradesco ON (+2,30%).

Antes mesmo da divulgação do payroll, já se notava demanda por ativos de risco nos mercados internacionais, após a informação de que a Opep e aliados, grupo conhecido como Opep+, concordou em estender corte na oferta de petróleo até o fim de julho. Assim, os contratos do Brent para agosto encerraram em alta de 5,78%, aos US$ 42,30 por barril, no fechamento da ICE. Destaque absoluto do dia, o relatório sobre o mercado de trabalho americano em maio trouxe inesperada criação de 2,509 milhões de vagas, quando se esperava destruição de 8 milhões de postos no mês.

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