Vendedores de flores já ‘guardam lugar’ na frente de cemitérios em Campo Grande

Reservado para homenagear quem já partiu desse mundo, o Dia de Finados leva centenas de milhares de pessoas todos os anos aos cemitérios de Campo Grande. Somente nos três cemitérios municipais, cerca de 170 mil são esperadas durante o sábado (2). Com fluxo tão intenso de pessoas, os cemitérios acabam virando mais que espaço para […]

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Foto: Henrique Arakaki | Midiamax
Foto: Henrique Arakaki | Midiamax

Reservado para homenagear quem já partiu desse mundo, o Dia de Finados leva centenas de milhares de pessoas todos os anos aos cemitérios de Campo Grande. Somente nos três cemitérios municipais, cerca de 170 mil são esperadas durante o sábado (2).

Vendedores de flores já 'guardam lugar' na frente de cemitérios em Campo Grande
Lídia já garantiu o lugar que considera ser o melhor para faturar uma grana extra com a venda de flores no Dia de Finados | Foto: Henrique Arakaki | Midiamax

Com fluxo tão intenso de pessoas, os cemitérios acabam virando mais que espaço para celebrar a saudade. São oportunidade de renda extra para centenas de pessoas e conseguir um bom espaço é basicamente abraçar a lei do “mais forte”. Nesta quinta-feira (31), dois dias antes da data santa, já há quem tenha marcado presença para conquistar um lugar privilegiado na calçada e, assim, fornecer produtos aos familiares – de velas, caixas de fósforo e flores de toda sorte.

A artesã Lidia Benitez, de 53 anos, foi a primeira a chegar na área externa do cemitério Santo Amaro, o maior cemitério público da cidade, que conta com mais de 43 mil sepulturas. Nesta quinta, ela escolheu o que considera ser o melhor lugar para as vendas, no caso, flores de plástico produzidas por ela mesma, com preços que variam de R$ 5 a R$ 25.

“A gente chega cedo para garantir um bom lugar. Mesmo de noite tem que ficar alguém aqui, se não pode vir alguém e tirar a barraca do lugar. Tô nesse ramo há bastante tempo. Vou vender as flores e meu amigo vai vender salgados. É assim nessas datas. Dia das Mães, Natal, tô sempre vendendo”, relata.

Vendedores de flores já 'guardam lugar' na frente de cemitérios em Campo Grande
A comerciante Sarzia tem estabelecimento físico em frente ao cemitério | Foto: Henrique Arakaki | Midiamax

Do outro lado da rua, a comerciante Sarzia Lourdes de Lima, de 73 anos, também fatura com o mercado que surge em torno dos cemitérios. Flores e velas são os principais produtos, e não só no Dia de Finados: ela tem uma loja física que funciona todos do dias. Seus produtos variam de R$ 2 a R$ 40.

Como observadora, a comerciante relata que nos dias que antecedem o feriado, o movimento cresce significatimente na região. “Principalmente de manhã aparece muita gente pra limpeza. A tarde bem menos, porque tem muita gente”, destaca.

Mais renda extra

Além da venda de produtos, dias antes do feriado também cresce a procura por limpeza e manutenção dos jazigos. A aposentada Dorani Gomes da Cruz, de 65 anos, é conhecida no local como Dorinha, a quem muitos familiares recorrem.

“Eu faço a limpeza para as famílias que querem deixar tudo limpo para Finados. Estou nesse ramo desde 2011 e ao longo desses anos tem clientes que sempre liga. Mas, é nessa época que a gente ganha mais dinheiro, cerca de R$ 100 por dia, nessa semana. Até no sábado ainda faturo um extra, consigo até uns R$ 400”, detalha.

Vendedores de flores já 'guardam lugar' na frente de cemitérios em Campo Grande
A aposentada Dorinha espera faturar até R$ 400 somente no sábado | Foto: Henrique Arakaki | Midiamax

Mas, há também quem prefira fazer a manutenção com as próprias mãos. Dona Ramosa Lopes, de 65, professora aposentada, prefere ela mesmo fazer a limpeza. A reportagem encontrou a aposentada enquanto ela recolhia os matinhos do túmulo onde repousam os restos mortais do marido falecido há 25 anos.

“Eu mesma não gosto de vir no Dia de Finados, prefiro no Dia dos Pais, no aniversário dele… Mas como vem a família quero deixar tudo limpinho”, destaca dona Ramona, que também destacou a dificuldade de manter o espaço limpo. “Difícil deixar tudo bem conservado, porque todo enfeite que a gente põe, roubam. Nada fica no lugar. Também esperava que neste ano estivesse mais limpo”, conclui.

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