No centro, são mais de 60 fechados ou vazios

A procura por imóveis para alugar ou comprar diminuiu em . Altos impostos, redução no financiamento, desemprego, incertezas com o mercado, são vários os fatores ligados a que afetaram o mercado imobiliário. Prova disso são as dezenas de imóveis fechados no centro da Capital.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax percorreu a área central da Capital e contabilizou mais de 60 imóveis fechadas no centro de Campo Grande, 30 vazios ou abandonados, 30 para locação e 7 imóveis para venda.

“Final e início de ano é normal ninguém quer investir. O pessoal não quer abrir negócio porque sabe que o ano só começa depois do Carnaval”, afirma o presidente do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), Delso José de Souza. Para ele, este início de ano foi pior por causa da inflação. “Aumentos de impostos, carga tributária, falta de confiança, é uma cadeia, tudo ajuda no aumento de imóveis fechados”.

Mesma opinião tem o corretor de imóveis e diretor administrativo do Sindimóveis/MS (Sindicato dos Corretores de Imóveis), William Morais. “Tudo gera custo, principalmente no centro, há muitas lojas, prédios, desocupando, consequência da crise. Um exemplo dessa diminuição foi o aumento do número de solicitação pra avaliação de imóveis para aluguel. Não acontecia em grande escala, hoje acontece bastante”, explica ele.

Willian ainda ressalta que muitos comerciantes estão procurando a periferia e outros preferem adiar a abertura de empresas. “Está difícil para todo mundo. As pessoas estão buscando formas de gastar menos”, afirma.

Para o corretor, imóveis parados reforçam o momento de crise. “As empresas estão repensando seus negócios. Empresas que tinham lojas em várias localidades, agora estão ficando com a que dá mais lucratividade. É um modo de se adequar a nova realidade do país”, explica.

Solução?

Muitas empresas estão fechando unidades na Capital. Um exemplo disso foram os Supermercados Makro, Maxxi Atacado e Walmart, que fecharam as portas no fim do ano passado.

“A solução para alguns empresários é ficar com a unidade que dá mais lucro, e com isso muitos escolhem lojas nas periferias. Assim, elas conseguem passar por esse momento com apenas uma das lojas, um modo de reduzir gastos”, diz William.

Para Delso, uma das explicações é o aluguel e a valorização comercial. “Nos bairros mais distantes do centro, o aluguel é mais barato, e em muitos as vendas são melhores e estão crescendo, como no Bairro Moreninhas”, exemplifica.

Imóveis vazios, como os do centro, são prejuízos para os locatários. “É melhor estar com valor menor, do que um imóvel sem ninguém. Ele só dá prejuízo, principalmente com a manutenção”, diz William. Imóveis vazios também podem virar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, febre chikungunya e zika vírus.

“A palavra-chave deste momento é renegociação, é sentar e negociar. Tem que ser bom para os dois lados. Aquele empresário que não precisa daquela renda acaba deixando o imóvel parado. Mas, se há interesse basta negociar”, destaca o corretor.

Muitos locatários estão dando benefícios aos interessados em locar seus imóveis. “No momento não é vantagem estar com o imóvel vazio, sem locar. Por isso, o pessoal está dando um bônus, pagando IPTU, por exemplo. É uma forma de fazer com que a pessoa se interesse no imóvel”, cita Carlos Silva, que trabalha com locação de imóveis na Capital.

Melhora no mercado

O presidente do CRECI acredita que a partir de março o mercado deve melhorar. “Nos próximos meses o mercado deve dar uma reaquecida. É normal as vendas aquecerem depois do Carnaval. Até fevereiro, muitas pessoas estão de férias, viajando. Quando voltarem sim, as vendas vão melhorar. E os preços não estão ruins, o que acontece é que falta confiança, e não há garantia. Muitas pessoas não tem fiador, o que para muitas imobiliárias é essencial”, explica.

Para Delso, há regiões que estão com uma valorização imobiliária maior. “Muitas bairros estão crescendo, como a região do Rita Vieira, Tiradentes. São regiões que vem desenvolvendo muito nos últimos tempos”, destaca.