Oito de onze cidades brasileiras despencam em ranking global

Este centro analisa anualmente o desempenho das 300 maiores economias metropolitanas do mundo

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Este centro analisa anualmente o desempenho das 300 maiores economias metropolitanas do mundo

Oito de 11 metrópoles brasileiras despencaram no ranking de crescimento econômico elaborado pelo centro de estudos Brookings Institution, dos Estados Unidos.

Este centro analisa anualmente o desempenho das 300 maiores economias metropolitanas do mundo com base na evolução do seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita e da criação de empregos.

Salvador foi a cidade que mais perdeu posições, passando do 64º lugar em 2013 do estudo para 266º neste ano, com uma queda de 0,9% do PIB per capita e um aumento de 0,5% na taxa de emprego.

Porto Alegre foi a segunda cidade do país com a maior piora, ao passar do 158º para o 290º lugar. A capital gaúcha teve uma redução de 1,7% no PIB per capita e de 0,2% na taxa de emprego.

Além destas, São Paulo, Campinas, Brasília, Curitiba, Vitória e Fortaleza caíram no ranking. Já Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte melhoraram de posição.

Mas, de forma geral, o desempenho das cidades do país presentes no estudo decepcionou no ano passado, mesmo os das três que galgaram posições.

A queda no PIB per capita foi quase uma constante entre as metrópoles brasileiras. Somente Recife, em 200º lugar, teve um ligeiro aumento, de 0,2%.

 

Reflexo

Segundo Jesus Trujillo, coautor do estudo, assim como as economias de maior crescimento obtiveram um bom resultado embaladas pelo bom desempenho da economia nacional, o resultado ruim das cidades do Brasil é um reflexo do mau momento pelo qual passa a economia do país.

“O ano de 2014 foi ruim para a economia brasileira. O menor crescimento chinês afetou o crescimento da América do Sul, especialmente o do Brasil. Além disso, a economia global vem numa trajetória de recuperação lenta desde a crise de 2008. Por fim, a população cresceu mais do que o PIB, gerando um impacto negativo no PIB per capita”, afirma o pesquisador.

“Ainda assim, sete das 11 cidades tiveram um crescimento maior do que o da economia nacional e continuarão a ter um papel importante para a performance da economia brasileira no futuro.”

Para Antonio Carlos Porto Gonçalves, professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ano passado foi especialmente ruim para as economias metropolitanas por causa de sua dependência da produção industrial.

“No interior, o desempenho econômico foi melhor, porque as commodities estavam com um bom preço, mas vimos uma recessão de 4% na indústria brasileira, e também foi um ano ruim para exportação”, afirma o economista.

“É um indicador de que a economia do Brasil não está bem.”

O Rio de Janeiro obteve na melhor posição na lista entre as cidades do país, mas ainda assim ficou em apenas 162º lugar – 32 posições a mais do que no ano passado, quando estava em 194º. A cidade teve um aumento de 1,8% no emprego, mas sofreu uma redução de 0,2% no PIB per capita no último ano.

“O aumento da taxa de emprego foi a principal razão da melhora de posição do Rio no ranking, e isso ocorreu por causa dos setores de construção, serviço e turismo, com a Copa e as Olimpíadas, aumentando também o consumo”, afirma Trujillo.

Mas Gonçalves, da FGV, acredita que a tendência é de piora na posição da capital fluminense no ranking.

“Houve muitas obras na cidade e isso emprega muita gente, mas é passageiro. Por isso, vai piorar no próximo ano, ainda mais com a crise em torno da Petrobras, que emprega muitas pessoas na cidade, e a suspensão de investimentos e a maior dificuldade da empresa em conseguir recursos”, diz o economista.

 

Histórico

São Paulo e Campinas, dois dos mais importantes centros econômicos do país, ficaram nas últimas posições da lista.

Em 284º lugar, São Paulo não teve aumento nem redução do emprego entre 2013 e 2014. Entretanto, seu PIB per capita caiu 1,1%.

Campinas ficou em 291º lugar, a pior posição entre todas as metrópoles do Brasil. A cidade não teve variação na taxa de emprego, mas seu PIB per capita caiu 2,2% entre 2013 e 2014.

Trujillo, do Brookings Institution, acredita ser necessário analisar o histórico das cidades brasileiras no ranking para ter uma visão mais ampla de sua performance econômica.

No caso de São Paulo, por exemplo, a cidade teve o 95º melhor desempenho entre 2000 e 2014, com um aumento de 2,2% do emprego e de 1,9% no PIB per capita. Já entre 2009 e 2014, a capital paulista fica na 136ª posição.

“As cidades brasileiras passaram de forma geral por um crescimento impressionante desde o ano 2000, mas agora estão em um grupo de ritmo mais moderado, o que indica uma necessidade de buscar novas fontes de crescimento para a economia nacional, especialmente melhorando a produtividade”, afirma Trujillo.

“Todos os indicadores indicam que a performance das cidades brasileiras em 2015 será bem similar ao deste ano, se não for pior.”

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