Dólar fecha no maior nível desde 2002, a R$ 3,8771

Investidores também recorreram à moeda norte-americana

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Investidores também recorreram à moeda norte-americana

O dólar fechou no maior nível desde 2002 nesta sexta-feira, caminhando às máximas históricas, em meio a renovadas preocupações com a crise política e econômica no Brasil e com investidores buscando proteção antes de eventos importantes nos próximos dias, tanto no cenário local quanto no externo.

O dólar avançou 0,69 por cento, a 3,8771 reais na venda, maior nível de fechamento desde 23 de outubro de 2002, quando foi a 3,915 reais. Na semana, o dólar acumulou alta de 0,43 por cento sobre o real. Nesta manhã, a moeda dos EUA chegou a recuar 0,78 por cento, a 3,8202 reais, na mínima, mas o movimento atraiu compradores em meio às perspectivas ainda incertas. Na máxima, a divisa subiu 1,15 por cento, a 3,8945 reais.

“Quando você acha que vai ter um dia tranquilo, vem mais notícia ruim. O mercado não está para fracos”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

Preocupações com a deterioração das contas públicas e com a crise política no Brasil vêm golpeando o ânimo dos investidores nas últimas semanas, em meio a dúvidas sobre o comprometimento do governo com o ajuste fiscal. No front político, a Polícia Federal confirmou nesta sexta-feira que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido em um inquérito relacionado à operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção em estatais.

No cenário externo, investidores também recorreram à moeda norte-americana para se proteger antes da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, na semana que vem e da divulgação de dados sobre a economia chinesa no fim de semana (produção industrial e vendas no varejo).

Pesquisa da Reuters mostrou que uma ligeira maioria dos economistas consultados acredita de que o Fed vai elevar os juros na próxima semana. Uma amostra menor de economistas disse que a chance de aumento de juros na semana que vem é de 50 por cento, contra 60 por cento no mês passado.

“O mercado vai aproveitar qualquer baixa (do dólar) para comprar. O cenário está muito incerto, ninguém quer ser pego de surpresa”, disse o operador de uma corretora internacional, acrescentando que o dólar deve atingir 4 reais –máxima histórica intradia– em breve.

Na noite de quarta-feira, a S&P piorou a classificação de risco do Brasil para “BB+” ante “BBB-” e sinalizou que pode colocar a nota ainda mais dentro do grau especulativo ao atribuir perspectiva negativa ao rating. O mercado espera que o governo reaja anunciando mais medidas fiscais.

Impulsionado pela perda do selo de bom pagador pelo Brasil, o dólar disparou a 3,91 reais na manhã de quinta-feira, mas o movimento foi contido pela atuação do Banco Central, que anunciou leilão de venda de dólares com compromisso de recompra.

“O próprio mercado sabe que, se a moeda americana ensaiar um movimento de disparada mais forte, o BC deve repetir a dose de leilões de linha vistos ontem”, escreveu o operador da corretora SLW, em nota a clientes, João Paulo de Gracia Correa.

Nesta sessão, o BC apenas deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Ao todo, a autoridade monetária rolou o equivalente a 3,635 bilhões de dólares, ou cerca de 38 por cento do lote total, que corresponde a 9,458 bilhões de dólares.

 

 

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