Compra e venda de gado lideram comércio virtual em Mato Grosso do Sul

Impulsionado pelos leilões online, a comercialização de gado movimentou R$ 1,6 bilhão em MS

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Leilão de gado
Leilão de gado (Ana Laura Menegat, Midiamax)

Em 2023, Mato Grosso do Sul registrou um crescimento significativo de 266% no setor de e-commerce. O valor das transações subiu de R$ 303 milhões em 2022 para R$ 1,1 bilhão no ano passado. No entanto, o dado mais surpreendente é que os itens mais vendidos no e-commerce foram bovinos para a reprodução.

Ao analisar a série histórica de 2016 a 2023, os dados do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional revelam que o principal motor desse crescimento foi a venda de bovinos para reprodução. Ao todo, o segmento concentra R$ 1,6 bilhão do valor arrecadado no período.

Série histórica de 2016 a 2023
Série histórica de 2016 a 2023 (Divulgação, Observatório do Comércio Eletrônico Nacional)

É fato que Mato Grosso do Sul está entre os principais produtores de gado do Brasil. Segundo o Censo Pecuário do IBGE, o Estado é o quinto maior produtor de gado entre os 27 estados brasileiros. Em 2022, último ano do Censo, Mato Grosso do Sul concentrou 18.433.728 bovinos.

Mas a que se deve esse crescimento exponencial nas vendas via e-commerce no último ano?

Leilões online impulsionaram a venda de gado

Para a consultora de economia do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Eliamar de Oliveira, esse crescimento está relacionado à modernização dos leilões e eventos agropecuários nas modalidades virtuais, que se intensificaram durante a pandemia.

“O e-commerce ampliou o alcance, avançou fronteiras e conectou vendedores e compradores de localidades distintas. Isso trouxe praticidade para quem vende e mais comodidade para os compradores”, ressalta.

Além disso, comércio virtual tornou-se uma alternativa mais ágil e, por que não dizer, mais segura para a comercialização de animais. Eliamar explica que as negociações ocorrem por meio de aplicativos específicos para leilões, leilões online, plataformas de venda direta e até mesmo em plataformas não especializadas em produtos agropecuários.

A partir disso, fica estabelecido o valor inicial e os interessados fazem lances que aumentam gradualmente o preço dos lotes ou dos animais.

“Os produtores sempre se utilizaram de compra e venda em leilões rurais. Mas a realização de eventos virtuais facilitou o acesso e deu mais visibilidade para essa modalidade de comércio. Muitas vezes a escolha do vendedor considera a possibilidade de auferir melhor preço pelos animais, e para o comprador é o local em que terá perfil de animais que melhor atende à sua demanda”, diz.

Crescimento das vendas acende alerta para golpes

Imagem ilustrativa (Foto: Arquivo/Midiamax)

Embora a modalidade tenha atraído muitos produtores, Melina Barcelos, analista técnica da Famasul, orienta que é fundamental ter cautela nas negociações online.

“Os produtores sempre devem consultar a condição da empresa que está realizando o evento. Em Mato Grosso do Sul, o cadastro de Leiloeiro Rural é feito na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, e deve apresentar uma série de documentos. Além disso, tem validade de um ano”.

Segundo ela, o uso de empresas e plataformas devidamente cadastradas e fiscalizadas por órgãos competentes proporciona maior segurança aos compradores e vendedores, uma vez que as responsabilidades são claramente atribuídas.

Projeto E-commerce

Os dados do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional revelaram diferenças significativas entre as regiões brasileiras no cenário do e-commerce. O Sudeste lidera, concentrando 73,5% das vendas online, em seguida aparece o Sul (15,2%), Nordeste (7%), Centro-Oeste (3%) e Norte (1,3%). Conforme os dados, quando analisada a origem das compras, o Sudeste foi o destino de 55,6% das transações. Na sequência, aparece o Sul (16,8%), Nordeste (15,8%), Centro-Oeste (8,3%) e Norte (3,3%).

Outro ponto de destaque é o fluxo de transações: as operações interestaduais representam 62% do total, superando as que ocorrem dentro do próprio estado (38%).

Observatório do Comércio Eletrônico Nacional

Criado em em 2023, o Observatório do Comércio Eletrônico Nacional é a primeira ferramenta pública a consolidar dados oficiais sobre o comércio eletrônico no Brasil. Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o dashboard reúne informações de vendas de empresas para consumidores pessoa física, algo que anteriormente dependia de bases privadas.

Além disso, a plataforma permite uma leitura precisa dos produtos comercializados, podendo ser consultados por sua classificação na NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) ou pelos 2 primeiros dígitos (capítulo).

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