Esperar a dívida “caducar” ou aderir ao Desenrola Brasil? Especialista de MS explica diferenças
Programa Desenrola Brasil deve ajudar milhões de brasileiros a limpar o nome e voltar a ter o nome limpo “na praça”
Thalya Godoy –
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O programa federal “Desenrola Brasil” começou na última segunda-feira (17) com a promessa de ajudar milhões de brasileiros a quitarem as dívidas e voltarem a ter o nome limpo. Um dos destaques do programa com três etapas é a retirada automática de restrições a quem tem dívidas bancárias de até R$ 100.
Além disso, o programa também visa ajudar na renegociação de dívidas bancárias de qualquer valor para quem tem renda de até R$ 20 mil. Os créditos reservados para a renegociação dessas dívidas totalizam cerca de R$ 50 bilhões.
Como estímulo às negociações, o governo oferece às instituições financeiras um incentivo regulatório para que aumentem a oferta de crédito.
Está prevista para setembro a última etapa para quem recebe até dois salários mínimos ou é inscrito no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal). Esse grupo poderá renegociar dívidas de até R$ 5 mil.
De acordo com dados do Serasa, mais de um milhão de sul-mato-grossenses estão inadimplentes. As dívidas somavam R$ 5,29 bilhões até maio deste ano.
Desenrola Brasil vale a pena?
Contudo, mesmo com as vantagens do programa do governo federal, muito brasileiro acredita que seja mais vantajoso esperar a dívida “caducar” após cinco anos de inadimplência e não procurar a renegociação.
Porém, engana-se quem acha essa estratégia a mais benéfica para a saúde financeira, conforme explica a economista e especialista em economia comportamental, Andreia Saragoça.
As dívidas em atraso por cinco anos deixam de ser cobradas pela instituição financeira e são retiradas do sistema de proteção de crédito do Serasa. Porém, a dívida não deixa de existir. Ou seja, caso o cidadão procure a empresa em que ficou devendo, esse débito aparecerá no sistema.
Para ela, o Desenrola Brasil é uma ótima oportunidade para renegociar dívidas com condições especiais e voltar a ter crédito na praça com o nome limpo. “O programa lançado pelo Governo Federal vai nessa mesma linha do sistema do Serasa”, ela explica.
Isso significa que não há perdão da dívida, mas retirada do nome do serviço de proteção de crédito. Caso o cidadão tenha outras dívidas bancárias acima de R$ 100, continuará com o “nome sujo” na praça.
Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a negativação da dívida de até R$ 100 será suspensa até 28 de julho. Porém, o cidadão precisará renegociá-la caso não consiga quitar em uma única parcela. A negativação será feita novamente no caso de não renegociação ou por falta de pagamento.
Planejamento
Saragoça alerta que, antes de aderir ao programa (veja abaixo como participar do Desenrola Brasil), é preciso analisar se as parcelas caberão no orçamento e conversar com a família sobre o comprometimento de “apertar o cinto” para se ver livre da dívida.
“A gente precisa revisitar o nosso orçamento, verificar certinho quanto tem, quais são as dívidas mensais e ajustar o que tem que ser ajustado. Às vezes, a gente consegue tirar do supermercado, restaurante, diminuir os custos de ar-condicionado, na água, na luz, na internet e de serviços que a gente paga e não usa, tais como serviço de TV por assinatura”, orienta.
A especialista em finanças pessoais também exalta a importância em manter o foco no objetivo financeiro no momento, que, neste caso, é quitar a dívida aproveitando as condições especiais de pagamento. Ela orienta que, quando é possível, é até aconselhável obter um serviço extra para ajudar a quitar a dívida.
“Não é porque todo mundo está fazendo que eu tenho que fazer também. Então o que é importante pra mim? A partir daí eu consigo fazer escolhas”, conta.
Nome limpo
Além de não pesar mais no bolso pela falta de crédito, limpar o nome na praça também representa alívio na consciência e menos uma dor de cabeça.
“A gente tem uma predisposição para entrar em mais encrencas financeiras do que já entra normalmente porque ficamos com o sentimento de culpa […]. A gente está endividado, vai lá e pega mais empréstimos porque não conseguimos fazer uma análise mais tranquila das coisas, isso é um problema muito sério”, afirma Andreia.
Outra dica da especialista em finanças é fazer uma reserva financeira. A estratégia é fundamental para imprevistos como reparos em casa, perda do emprego de forma repentina, troca de CNH (Carteira Nacional de Habilitação), multas, entre outros.
“A reserva financeira é estratégica: vai atender essa emergência e depois a gente repõe esse valor”, afirma.
Como participar do Desenrola Brasil?
O Programa Desenrola Brasil foi criado para combater o aumento da inadimplência que assolou o Brasil durante a pandemia de Covid-19. Nesse período, houve uma alta das taxas de juros, o que comprometeu o orçamento das famílias brasileiras.
Assim, poderão participar do programa pessoas que querem renegociar dívidas negativadas de crédito entre 2019 até 31 de dezembro de 2022.
Até o momento, o Governo Federal liberou as negociações das dívidas de até R$ 100 de pessoas com renda de até R$ 20 mil com dívidas de qualquer valor.
A última etapa será iniciada em setembro e contemplará cidadãos com dívidas de até R$ 5 mil. Esse grupo contempla quem recebe até dois salários-mínimo ou é inscrito no CadÚnico.
Para quem tiver interesse em participar do Desenrola Brasil, é preciso ter um cadastro no Portal Gov.br nos níveis ouro ou prata.
Como acessar a conta do Governo?
Digite www.gov.br, depois selecione “Entrar com gov.br”, insira o CPF e clique em “Continuar” para criar ou alterar sua conta.
Para aumentar o nível da conta Gov.br de bronze para prata ou ouro, é possível utilizar o aplicativo Gov.br e seguir as orientações.
Outra alternativa é logar pela internet na conta Gov.br e aumentar o nível em “Selos de Confiabilidade”.
Também é possível aumentar o nível da conta Gov.br de bronze para prata, realizando o login com a conta do banco. O devedor deverá ter o número de telefone cadastrado em seu banco para recebimento do SMS de confirmação do acesso.
Os interessados também poderão fazer o cadastro no GOV.BR presencialmente nas agências do INSS. No local será possível ter informações sobre como obter a certificação nível Prata ou Ouro.
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