De calcinha usada a tênis sujo: confira as histórias de ‘perrengues’ de lojistas no Camelódromo
Comerciantes descrevem perfis de clientes tidos como ‘problemáticos’
Karina Campos –
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Estamos acostumados a ouvir relatos de clientes que foram enganados e fizeram uma compra ruim. Por outro lado, lojistas e comerciantes contam os ‘perrengues’ que já passaram no Camelódromo de Campo Grande. Pasmem: vai de calcinha usada a tênis sujo que consumidores tentaram trocar.
Robert Domingos, de 24 anos, descreve o cliente problemático como arrogante e exigente. Geralmente, o consumidor que chega no box fazendo milhares de perguntas resulta em dor de cabeça após a compra, ou também significa que não irá comprar o produto. “Eles já chegam perguntando: é falso? Ou então fica perguntando sobre vários produtos diferentes, que não é o primeiro que ele perguntou se tinha, por exemplo, veio comprar um fone de ouvido, daí pergunta de carregador ou de pilha. No final, não leva”.
Outra questão corriqueira é a falta de educação dos retornos. Robert fala que muitos jogam o produto no balcão exigindo um reembolso ou que troque o produto imediatamente. “Acontece bastante de comprar um produto original e voltar fora do prazo dizendo que estragou. Mas não tem chance de um produto original com garantia estragar, no final, o cliente derrubou, ou molhou. Tem um cliente que sempre vem aqui e a gente até evita de atender, porque toda semana ele está aqui, compra e depois de uma semana volta. É pontual, porque a gente acha que ele usa e depois volta, sendo que o produto não tem problema nenhum”, disse.
Vendedor desde os nove anos de idade, Erick de Lima da Silva, de 34 anos, relembra de um fato corriqueiro que aconteceu recentemente, quando uma idosa retornou ao box para trocar um produto que não foi comprado ali. O aparelho não tinha, sequer, selo que costuma ser vendido e testado na loja. “Temos muitas histórias que arrancam risada. Teve um dia que um senhor veio com uma roda de bicicleta e perguntou se eu fazia remendo no pneu, logo aqui numa loja de eletrônicos”.
“Tentou trocar na cara de pau”, diz lojista do Camelódromo
Alguns casos são tão absurdos que tiram a reação do vendedor. Stefani Ramires, de 22 anos, já atendeu cliente que até calcinha usada tentou trocar após dias da compra. Em muitos casos, o lojista acaba tendo prejuízo e, para evitar confusão, prefere devolver o dinheiro.
“Uma vez, uma mulher comprou uma lingerie e disse que estava apertado nela, mas a calcinha estava nitidamente usada. Eu expliquei que não tem como experimentar roupas íntimas aqui, em qualquer loja não pode, não há higiene. No fim, a gente fica com prejuízo, ‘bater boca’ não vai adiantar nada”.
Frank Vieira de Castro, de 38 anos, não fica atrás em histórias inusitadas da rotina do Camelódromo. Um cliente havia comprado dois pares de sapato, mas retornou dizendo que estava apertado, porém, a sola do sapato estava desgastada e o tênis sujo. “Eu falei para ele que estava na cara que ele usou o final de semana inteiro e quis trocar na segunda-feira. Ele deixou a caixa e disse ‘fica de esmola’. Falei para minha colega deixar no canto que ele ia buscar. Dito e feito! Depois de três dias ele voltou arrependido dizendo que foi o sobrinho que usou e não viu”.
Antoni Nogueira, de 34 anos, possui um box de perfumaria no Camelódromo. Ele diz que conhece ‘de cara’ o cliente problemático, não pela aparência, mas pelas atitudes e questionamentos que faz durante a negociação. “Eu trabalho como vendedor desde criança. Vendo perfumes originais e já aconteceu de uma pessoa comprar mais barato na internet e vir aqui trocar um produto falso por um verdadeiro. Ora, eu conheço bem meu produto”.
Em ambos casos, os comerciantes informam um prazo de troca, mas assim como as roupas íntimas e sapatos, não há como devolver o perfume após a retirada do lacre de proteção. Além disso, Antoni reforça que o cliente conhece o produto antes, sente o cheiro, etc. “Tem coisa que é impressionante. Teve uma senhora que comprou um perfume no Dia dos Namorados e veio essa semana tentar trocar, com o vidro pela metade, dizendo que o produto não estava fixando na pele”.
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