50% mais barato produto evita que vidro vá parar na natureza.

Diariamente centenas de milhares de garrafas de vidro são jogadas nem nenhuma preocupação nos lixões e aterros sanitários das cidades brasileiras. 

Preocupado com os problemas ambientais causados pelas lâmpadas, garrafas e outras embalagens de vidro o vidraceiro Mario Catellan, de 57 anos, encontrou uma solução que ele considerada 100% ecologicamente correta.

Há trinta anos na profissão, Catellan inventou um revestimento para paredes que substitui o grafiato e o graneli. O produto que foi patenteado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) deverá chegar ao mercado ainda este ano, pelo menos em Mato Grosso do Sul.

A vantagem do novo produto que foi batizado de “Ecovidro” em relação ao Grafiato que usa a areia e o Granelli que é feito à base de calcário, é que o vidro é a matéria-prima. “Além de todo o benefício para o meio ambiente o Ecovidro chegará ao consumidor 50% mais barato que os demais produtos disponíveis no mercado”, disse Catellan.

Entre as outras vantagens do Ecovidro, conforme enumera o inventor, está a não utilização de corações e de aditivos; ser impermeável, lavável e não desbotar. As cores do revestimento são geradas a partir das cores das garrafas usadas na produção da “nova tinta”.

O segredo do Ecovidro está numa base concentrada incolor que misturado ao vidro resulta no revestimento. Mario disse que é possível produzir o revestimento em oito cores diferentes dependendo da cor da garrafa usada.

O vermelho é obtido com as garrafas de cerveja. Já o verde tradicional se consegue com as garrafas de vinhos, sucos de uva e champanhe enquanto que o verde “Heineken” vem da embalagem da cerveja Heineken. Tem ainda o Ecovidro nas corres marrom, azul, transparente e a cor indefinida resultante da mistura do chamado “vidro de vidraçaria” e por fim uma cor que é a mistura de 50% de garrafas marrons e 50% de garrafas de Heineken.

O processo experimental de produção já começou num barracão que Mario Catellan alugou no Jardim Água Boa na periferia de Dourados. Neste local o vidraceiro já está produzindo o Ecovidro para demonstração a arquitetos, comerciantes no setor de tintas e jornalistas.

A intenção do empresário é produzir nos primeiros seis meses depois da ativação da indústria 50 toneladas mensais do revestimento. “Estamos desenvolvendo as embalagens e toda a logística de comercialização e entrega do produto”, disse Mario ao explicar que são necessárias cinco mil garrafas de cerveja para produzir mil quilos do Ecovidro.

Atualmente Catellan está arrecadando as garrafas de vidro em duas danceterias de Dourados. “Nestas empresas estamos conseguindo dez toneladas por mês de vidro que já está sendo triturado e moído para a produção do revestimento”, disse o vidraceiro que entrou para o ramo por acaso aos 27 anos de idade de, pois de deixar o trabalho de bancário, por influência de seu irmão que já atuava no setor.

“Se hoje as empresas que geram embalagens de vidro são obrigadas a pagar para colocar seus resíduos nos aterros sanitários nada mais justo do que nos pagar para recebermos as garrafas da natureza”, diz Catellan que também manterá equipe de coletas em residenciais, empresas e em outros locais que “não sabem mais o que fazer tanto vidro ocupando espaço”.

Catellan é um sonhador que se diz otimista com o sucesso do seu negócio que ainda conta apenas com recursos próprios desde a invenção, o patenteamento e a produção do Ecovidro. Até mesmo a maquina trituradora do vidro foi inventada por Mário Catellan que espera que o produto ganhe a simpatia dos construtores não apenas pelo custo que é menor, mas pela relevância para a preservação do meio ambiente.

O “vidraceiro” afirmou que receberá os vidros coletados pelos catadores ou cooperativas de reciclagem pagando o valor de R$ 0,15 o quilo. Para se ter uma ideia Catellan afirma que uma garrafa Long Neck pesa 190 gramas enquanto que uma latinha de alumínio pesa apenas 13,5 gramas o que torna a coleta de vidro mais fácil tendo em vista o seu peso e a facilidade para encontrá-lo como rejeito.