Em março, o consumidor brasileiro diminuiu a preocupação com a inflação. Com isso o indicador que mede a expectativa sobre o comportamento dos preços teve um crescimento de 4,8% ante fevereiro, para 106,2, o que demonstra melhora, de acordo com a pesquisa Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC), divulgada nesta sexta-feira (30)  pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Neste contexto, apesar do segundo aumento mensal consecutivo, a preocupação do consumidor com a inflação ainda é alta, uma vez que o indicador está 4,5% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado.

Mesmo com a melhora da expectativa quanto ao aumento dos preços, o INEC ficou praticamente estável em março comparativamente a fevereiro, com aumento de 0,4%. Isso ocorreu porque metade dos seis indicadores que compõem o INEC teve alta e metade registrou queda.

O índice, de 113,2 em março, ficou 1,1% abaixo do registrado no mesmo mês de 2011. Já a expectativa quanto à manutenção do emprego caiu 1,6% em março sobre fevereiro, segundo a pesquisa da CNI.

O indicador recuou de 127,4 para 125,4 (no índice de base 100, quanto maior o número, melhor a expectativa). Em relação ao mesmo período do ano passado, a expectativa em relação ao desemprego ficou ainda pior, com queda de 5,6%.

“Os resultados da pesquisa desenham um cenário sem aumento do consumo de modo geral. Se por um lado a percepção sobre a inflação melhorou, a expectativa em relação ao desemprego piorou.

O mesmo acontece com os demais indicadores. A perspectiva de melhora na renda pessoal aumentou, mas a de situação financeira em relação aos três meses que passaram está pior”, analisa o economista da CNI Marcelo Azevedo.

Azevedo explica que a situação financeira do consumidor brasileiro ainda não preocupa, apesar da queda, porque está num patamar historicamente elevado (índice de 114). A melhora no indicador de endividamento, porém, não se traduz necessariamente em diminuição da inadimplência.

“Este indicador mostra que há menos consumidores aumentando a dívida”, sintetiza o economista da CNI. O indicador de endividamento melhorou 1,7% em março comparativamente ao mês anterior, para 108,3.

A intenção de realizar compras de maior valor, no entanto, teve queda de 0,4% no mesmo intervalo de comparação, para 111,9. Ao cruzar os dados, Marcelo Azevedo diz acreditar que esse tipo de aquisição será mantido no patamar atual nos próximos meses.

“Dos que responderam à pesquisa, 57% informaram que vão manter o mesmo nível de compra de bens de maior valor. O cenário não é de aumento das vendas, mas também é cedo para dizer se haverá queda”, conclui.

Vale lembrar que o INEC foi elaborado pela CNI a partir de 2.002 entrevistas conduzidas pelo Ibope Inteligência em todo o país entre os dias 16 e 19 deste mês.