O novo exame de Papanicolau feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde) começará a ser implantado no Brasil ao longo de 2025 e 2026. Ao Midiamax, o Ministério da Saúde explicou que, neste período, serão realizados treinamentos e capacitações das equipes, além da organização da rede de saúde para aplicar a novidade.
Entre as mudanças necessárias está a definição da logística de coleta e análise dos exames nos laboratórios.
“O Ministério da Saúde está iniciando a implementação do novo modelo de rastreamento do câncer do colo do útero no SUS, que passará a utilizar o teste molecular RT-PCR para a detecção do HPV (papilomavírus humano) em substituição ao exame de Papanicolau”, afirmou o Ministério, em nota.
Com sensibilidade de 97%, o novo teste permite identificar precocemente a infecção pelo HPV, principal causa desse tipo de câncer, aumentando a eficácia do rastreamento.
O HPV
O HPV é uma infecção viral responsável por praticamente 100% dos casos de câncer de colo do útero, que é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres brasileiras, com cerca de 17 mil novos casos por ano, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
A mudança faz parte de um novo modelo de rastreamento organizado, que será implantado em toda a Atenção Primária do SUS.
Ou seja, o teste molecular de DNA-HPV é uma substituição gradativa para o exame citopatológico tradicional.
Em Mato Grosso do Sul, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) está acompanhando essa transição e aguardando as novas definições do Ministério da Saúde para avaliar possíveis estratégias de atuação.
Segundo a pasta em MS, as orientações concretas deverão esclarecer como será feito o financiamento do novo exame, para que seja oferecido no sistema público de saúde, assim como a operacionalização do teste.
Como é feito o novo exame de Papanicolau
A coleta é feita da mesma forma, com a inserção de um espéculo na vagina para coleta de células do colo do útero. No entanto, o material coletado é analisado de forma diferente, buscando o DNA do HPV.
1. Introdução do espéculo:
Popularmente conhecido como “bico de pato”, esse instrumento é introduzido na vagina para proporcionar abertura do canal vaginal e, consequentemente, facilitar a visualização do colo do útero.
2. Coleta de amostra:
Em seguida, uma pequena quantidade de células do colo do útero é coletada com uma escovinha ou uma pequena espátula.
3. Envio para análise:
A amostra é enviada para um laboratório que vai analisar o muco coletado para verificar a possível presença de DNA do HPV.
4. Análise do resultado:
É o resultado do exame que vai indicar se o HPV foi detectado ou não. Em caso de detecção, ele ainda mostrará quais subtipos de HPV foram encontrados na amostra.
Quem deve fazer o exame
Atualmente, segundo as diretrizes do SUS, o exame deve ser feito anualmente. Se após dois exames seguidos os resultados apresentados forem normais, a frequência da coleta deve passar a ocorrer a cada três anos.
Com a mudança, o intervalo entre os exames aumenta. Para mulheres sem diagnóstico de HPV, ao invés de realizar a coleta a cada três anos, ela passará a ocorrer a cada 5 anos. Isso será possível devido à maior precisão do novo exame.
Em relação à faixa etária, quando não houver sintomas ou suspeita de infecção, permanece a mesma: de 25 a 49 anos.
Vacina contra o HPV
O HPV também está associado ao câncer na faringe, pênis, vagina e ânus. Atualmente, o método mais eficaz de combate ao aparecimento dessa infecção viral que pode levar ao câncer é a vacina.
O imunizante está disponível no SUS em dose única para meninas e meninos de 9 a 14 anos; também para pessoas imunocomprometidas (que vivem com o HIV, transplantadas ou pacientes oncológicos), que devem tomar três doses; vítimas de abuso sexual; usuários de profilaxia pré-exposição (PrEP) de HIV e pacientes portadores de papilomatose respiratória recorrente (PRR).
De acordo com a enfermeira Betânia Santos, da Câmara Técnica de Enfermagem e Saúde da Mulher do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), a vacina tem momento certo para ser aplicada.
“É importante que os pais vacinem suas crianças e adolescentes na idade correta, antes do início da vida sexual, pois a vacina é mais eficaz antes do contato com o vírus”, afirma.
Mato Grosso do Sul está entre os estados brasileiros com as piores taxas de vacinação contra HPV. Com a baixa adesão, a população fica desprotegida contra vários tipos de câncer, e não apenas mulheres, mas homens também.
O vírus também pode causar lesões orais, na língua e orofaringe, assim como doenças cardiovasculares. Além disso, também pode causar o aparecimento de verrugas na pele e na região da boca, nos lábios, nas cordas vocais, assim como na região anal, genital e da uretra.
Em todos os casos, o diagnóstico tardio pode contribuir para o desenvolvimento de quadros oncológicos.
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