Com baixa adesão à vacinação contra HPV, população de MS fica desprotegida contra vários tipos de câncer

Estado tem uma das piores taxas de imunização do país contra a doença

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Vacinação de adolescente. (Reprodução, Marcelo Camargo, Agência Brasil)

Mato Grosso do Sul está entre os estados brasileiros com as piores taxas de vacinação contra HPV, o método mais eficaz de prevenção contra o câncer de colo de útero, doença que mata uma mulher por hora no Brasil. Março é o mês de conscientização e combate a esse tipo de câncer.

De acordo com dados do PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Governo Federal, em 2023 tomaram a primeira dose da vacina 76% do público-alvo, que são meninas entre 9 e 14 anos. Já a segunda dose foi aplicada em apenas 56% do público-alvo. 

Em relação aos meninos de 9 a 14 anos, os números são ainda mais baixos: 54% tomaram a primeira dose e apenas 35% receberam a segunda dose. Esse imunizante é a vacina quadrivalente, oferecida gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Doenças geradas pelo HPV

Além de câncer de câncer de colo do útero em mulheres, o HPV pode desenvolver câncer de ânus e garganta, e também causar o aparecimento de verrugas na pele e nos órgãos genitais em homens e mulheres. 

“Seja por desinformação, preconceito ou tabu, esses números representam uma taxa de imunização baixíssima, muito aquém daquilo que deveria ocorrer”, alerta a médica oncologista Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil.

Perigo crescente

“Tem muitos pais que atrasam ou nem querem que seus filhos sejam vacinados porque acreditam que a vacinação poderia antecipar o início da vida sexual do filho, ou que de alguma forma isso estaria relacionado à promiscuidade. Mas não é o caso”, pontua a médica. 

Isso porque crianças e adolescentes nessa faixa etária geralmente ainda não iniciaram a vida sexual de forma ativa, o que eleva as chances de imunização contra os diversos tipos de HPV que existem.

O HPV, que é o papilomavírus humano, é a IST (Infecção Sexualmente Transmissível) mais comum. “Sabemos que cerca de 80% dos adultos que têm vida sexualmente ativa vão ter contato com algum tipo do vírus HPV em algum momento da vida”, completa a especialista. 

Isso quer dizer que, quanto antes a pessoa se imunizar contra o vírus, mais protegida ela estará contra os tipos de infecção.

“Isso também vale para casais em relações estáveis, porque antes da relação estável o casal pode ter tido outras relações por onde o vírus esteve circulando, então a vacina dá essa proteção também ao casal, inclusive contra infecções persistentes”, reforça a diretora.

No Brasil, o câncer de colo de útero é a segunda maior causa de morte por câncer em mulheres com 20 a 49 anos. Além disso, esse tipo de câncer é o terceiro mais incidente entre as mulheres, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).

Como se vacinar

O SUS oferece a vacina quadrivalente contra o HPV para:

  • meninas e meninos de 9 a 14 anos;
  • homens e mulheres transplantados;
  • pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia;
  • pessoas vivendo com HIV/Aids;
  • e vítimas de violência sexual.

Pessoas com 15 ou mais, ou que não fazem parte do grupo contemplado pelo SUS, podem buscar o imunizante na rede privada, onde há disponibilidade da vacina nonavalente. Ela protege contra os nove tipos mais comuns de HPV e oferece 90% de proteção contra o câncer de colo de útero.

E a camisinha?

A médica ainda explica que a, apesar de todos os benefícios que o preservativo oferece, ele não impede que o vírus se espalhe de outras maneiras, já que ele pode estar na mucosa e ser transmitido até mesmo pela mão em contato com a genitália do parceiro. 

“Por isso, o melhor método de prevenção contra o câncer de colo de útero é, em primeiro lugar, a vacinação, em segundo e em terceiro lugar também. O preservativo ajuda muito, mas existem trocas íntimas em que o preservativo não cobre totalmente a pele e há contato de pele com pele. O vírus pode ser transmitido aí”, alerta.

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