A onça suspeita de ter atacado e matado o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, no coração do Pantanal, na região do Touro Morto, passará por diversos exames no Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres). A captura do animal foi realizada na madrugada desta quinta-feira (24).
O animal, um macho que deveria estar pesando em torno de 120 quilos – mas apresenta 26 quilos a menos do esperado -, passará por uma bateria de exames durante seu período de internação no Cras.
No Centro de Reabilitação, serão realizados todos os procedimentos de saúde no animal, com coleta de materiais para análise, além da realização de exames de imagem. Também será feita a implantação de um chip e a coleta de material biológico (fezes).
“Vamos fazer toda a parte de check-up e avaliação de saúde. Como é um caso muito atípico, a partir da avaliação clínica e sanitária, vamos investigar qual doença ele pode ter, porque não é normal um animal desse porte estar tão magro. Assim, poderemos tentar relacionar ao caso”, explicou o professor e pesquisador Gedienson Araújo, especialista em animais de grande porte e integrante do Reprocon (Reprodução para Conservação).
Captura do animal
O animal, que é um macho de 94 quilos, considerado magro para a espécie, foi capturado na madrugada desta quinta-feira (24).
A captura do animal aconteceu três dias depois do ataque ao caseiro. A PMA (Polícia Militar Ambiental) localizou o animal próximo de onde o caseiro foi atacado. Cerca de 10 militares participaram da ação.
Nas imagens divulgadas pela PMA, o animal aparece já acordado dentro do veículo em que foi transportado e avança na grade ao perceber a proximidade de humanos.
No entanto, a polícia reforça que não é possível afirmar que esta foi a onça que matou o caseiro. “Capturamos porque era a que estava rondando a casa, está magra e abatida. Mas como ele (o caseiro) foi arrastado para o mato, outros animais podem ter atacado e comido”. Além disso, a PMA já havia dito que teriam mais animais da espécie no local.





Ataque
O ataque de uma onça-pintada ao caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, no coração do Pantanal, levantou diversas dúvidas pelo Brasil sobre o comportamento do animal. Apesar de diversas instituições de proteção animal explicarem que o caso é raríssimo e temerem ‘ódio gratuito’ à espécie após o animal devorar parte do caseiro, os comentários nas redes sociais dão vazão ao imaginário popular sobre as onças.
Um dos mais intrigantes, talvez, seria a história que ronda os pescadores: a de que a onça ‘pega gosto’ pela carne humana após um ataque. Segundo Tiago Leite, coordenador técnico do Instituto Profauna e biólogo especialista em Ecologia e Monitoramento Ambiental, incluindo de felinos, já existe um consenso entre pesquisadores que acompanham o caso de que corpo da vítima serviu de alimento ao animal.
Onça passa a gostar de carne humana?
Porém, Leite explica que o animal não ‘toma gosto’ pela carne humana. “Não é isso”, reforça. “A questão é que uma onça, às vezes mais velha ou com algum tipo de lesão ou comprometimento que a torne um pouco mais lenta para poder fazer uma caçada em ambiente natural de uma presa habitual, como um jacaré ou uma anta, e que descobre que o ser humano é uma presa potencial para ela, acaba dando uma certa predileção para esse possível recurso alimentar, o que sabemos que pode ser problemático”.
“A onça capturada estava bem magra, o que, potencialmente, pode ter contribuído com o ataque. Um animal magro pode já ser mais idoso ou que está passando por algum tipo de problema e, portanto, poderia estar tendo dificuldade de capturar suas presas habituais no ambiente natural. Isso pode ter o lavado a buscar fontes de recurso mais fácil, como uma presa humana. Mas isso são só hipóteses, não é possível ter certezas neste momento”, relatou ao Uol.
Casos do tipo geram desinformação e “pavor”, colocando animais em risco, conclui especialista. “Infelizmente, esse tipo de evento acaba ganhando grande repercussão por ser um evento traumático que causa um certo terror, e isso acaba gerando muita especulação e uma série de problemas”, diz. Ele alerta ainda que, após eventos como esses, a população busca realizar ‘justiça com as próprias mãos’.

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