A moradora de uma chácara localizada na área urbana de Aquidauana, a 139 quilômetros de Campo Grande, vivenciou um verdadeiro pesadelo ao se deparar com uma onça-pintada invadindo sua propriedade e atacando seu gato na noite da última quarta-feira (7).
A invasão do felino ocorreu quase três semanas depois do ataque que terminou com a morte do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, conhecido como ‘Jorginho’, em um pesqueiro na região do Touro Morto, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
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Ao Jornal Midiamax, a microempreendedora Jucilene Mattos, de 40 anos, contou que reside na chácara há mais de duas décadas, na Vila Trindade, mas nunca recebeu a ‘visita’ de uma onça na propriedade, que fica a 1 quilômetro da região central. Por volta das 20 horas da noite, ela saiu para buscar o filho, de 19 anos, na novena da igreja e durante o trajeto foi surpreendida pelo felino que saltou na frente de seu carro.
“Fui buscar ele e antes de parar em uma descida próximo de casa, eu vi que ela [onça] saiu do meu padrão de luz e saltou na frente do carro. Deu para ver muito bem que ela entrou para o lado da nossa chácara. Logo, dei uma congelada, demorei para sair, tremi bastante, pois estava sozinha e tinha deixado meu celular em casa”, relatou.

Ao chegar na novena para buscar o filho, a moradora queria relatar o que presenciou minutos antes, mas não conseguia sequer sair de dentro do carro. “Eu queria contar para as pessoas que estavam ali, pois tinha muitos conhecidos, mas não consegui sair do carro. Eu estava realmente assustada”, contou a autônoma.
Depois, Jucilene retornou para a chácara com o filho, mas antes de chegar à residência começou a buzinar para tentar assustar a onça e fazer com que ela fosse embora. Em seguida, ela e o filho entraram no imóvel e por volta das 21 horas se arrumaram para ir a uma festa de aniversário.
Onça matou gato de 7 anos da família
No entanto, o que mãe e filho não esperavam era se deparar com a onça-pintada atacando o gato Mutisso, de 7 anos, na varanda de casa. Ao saírem na varanda, os dois observaram que o animal de estimação estava parado olhando para um lugar fixo.
Logo, o jovem imaginou que o gato pudesse estar vendo a onça e Jucilene já assustou. “Falei ‘Ai meu Deus! será?’”, relatou. Em seguida, ela e o filho foram em direção ao animal de estimação para pegá-lo e guardá-lo dentro de casa, mas não conseguiram.
“Gravei um vídeo para mostrar no grupo dos meus cunhados no outro dia. Quando meu filho foi pegar o gato, eu parei o vídeo, mas deu para ver perfeitamente bem. Ela [onça] adentrou para dar o bote e pegou ele, não foi o gato que foi até ela, foi ela que pulou dentro da nossa varanda para pegá-lo”, afirmou.
Assim que Jucilene e o filho viram a cena, o jovem imaginou que seria um filhote, então logo pensaram que a mãe do felino pudesse estar por perto.
“Ela pegou o gato, se embolou com ele e eu falei ‘Nossa! Vai soltar’. Não sei se porque eu gritei muito, ela não conseguiu levar ele. A onça pulou a cerca e o gato caiu, aí ele veio de encontro com a gente, mas só para morrer. Mas, ela ficou um tempo ainda do outro lado da cerca olhando”, contou.
Felino seria um macho filhote
Após a cena assustadora presenciada por mãe e filho, a microempreendedora divulgou um vídeo nas redes sociais, no intuito de alertar a população. E nessa quinta-feira (8), ela recebeu a visita de um biólogo e equipes da PMA (Polícia Militar Ambiental) na chácara para realizarem os levantamentos.
Ao Jornal Midiamax, ela contou que o biólogo lhe explicou que a suspeita é de que o felino seja um macho, que estaria marcando território e orientou que ela e o filho tomem cuidado.
“Falou que é para tomarmos cuidado, às vezes faz dias que ela está rondando por aí. Algumas pessoas da vila já falaram que tiveram cachorros de estimação sumidos. Os policiais comentaram que um casal de idosos teve as galinhas e porcos do quintal mortos na quinta-feira (8)”, disse Jucilene.
Segundo ela, foram vistas pegadas da onça no local e, a princípio, seria um felino de pequeno porte. Contudo, as equipes do PMA continuam na região realizando os trabalhos.
Moradora não consegue dormir desde o ataque
Durante entrevista ao Jornal Midiamax, Jucilene contou que vende roupas há mais de 18 anos. Como é vendedora a domicílio, ela não tem hora específica para atender suas clientes, mas após o ataque do felino precisou rever seus métodos de trabalho.
“Minhas clientes fixas sabem que se me ligarem às 21 horas querendo comprar um presente para uma festa, eu vou. Porém, ontem à noite eu já não fui e minha cliente falou que não precisava ir. Vou mudar algumas coisas aqui de casa a partir da próxima semana, porque realmente estamos com medo”, explicou.
Desde o ataque ocorrido na noite de quarta-feira (7), a mulher disse que não consegue dormir. Morando há mais de 25 anos na chácara na área urbana de Aquidauana, ela se recorda de antigamente, época em que os animais silvestres não chegavam próximo de humano.
“O ‘bichinho’ não teve nenhum pudor, pois antes pareciam que eles não chegavam perto por causa do movimento, do barulho. Eu estou dentro da cidade, minha chácara é dentro da cidade, em meio ao asfalto, então é bem assustador! Desde a primeira noite eu não consegui dormir, nesta madrugada tomei remédio para conseguir pegar no sono e descansar, pois também preciso trabalhar. E meu filho também não tirou o rosto para fora”, relatou a microempreendedora.
Após a divulgação dos vídeos nas redes sociais, Jucilene disse que teve um alcance que não esperava. Contudo, ela ressalta que a ideia foi alertar a população para tomar os cuidados necessários.
“Minha ideia foi alertar as pessoas, porque passa muita gente aqui na nossa rua, mas não imaginei que iria causar tanta proporção. Mas, meu objetivo era alertar as pessoas, causou pânico, mas espero que saibam que ela [onça] entrou aqui dentro. Acho que se ela anda por aqui, vai andar por vários lugares. então, que tenhamos cuidado aqui em Aquidauana, onde temos muitas crianças, jovens e adultos”, alertou.
Com o relato da moradora de Aquidauana, o Jornal Midiamax entrou em contato com a PMA e foi informado que a corporação está com equipes no local para verificar os sinais.
Ataque que matou caseiro no Pantanal
O ataque ao caseiro no Pantanal ocorreu no dia 21 de abril e a onça suspeita foi capturada pela PMA para exames que devem confirmar se ela é o animal envolvido na morte de Jorge.
A suspeita é de que a onça-pintada tenha aparecido na casa onde Jorge morava enquanto ele preparava café, por volta das 5h30 da manhã. Amigos e parentes acreditam que ele se apavorou e tentou fugir, mas foi cercado pelo animal no meio do deck que leva até o rio. Ali mesmo, a onça teria atacado o caseiro e arrastado seu corpo mata adentro, passando pelo rio.

Logo cedo, turistas chegaram ao local para comprar mel e se depararam com vestígios do ataque. Havia muito sangue, vísceras e pegadas na área. “A onça comeu o caseiro”, comentou um dos populares em vídeo gravado na manhã do ocorrido.
Após a denúncia, a Polícia Militar Ambiental utilizou um helicóptero para sobrevoar a região e localizar o corpo. As buscas foram encerradas após os restos mortais serem encontrados na manhã do dia 22 de abril, um dia após o desaparecimento do caseiro.
Com a captura da onça, também foram encontrados ossos e cabelo nas fezes do felino. No entanto, ainda não há confirmação se os fragmentos de ossos e cabelo são de humano. Por isso, os fragmentos foram recolhidos e encaminhados para perícia que posteriormente realizará o exame de DNA por comparação.
Além disso, o delegado Luis Fernando Mesquita, lotado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana e responsável pelas investigações, confirmou que havia uma lesão no corpo de Jorginho que possivelmente indica uma tentativa de defesa contra o ataque do animal.
“Temos uma lesão em membro superior, de defesa, com reação vital, compatível com ataque de animal silvestre de grande porte”, disse Mesquita.
Ainda segundo o delegado, a reação vital “significa que, no momento em que a lesão foi ocasionada, a vítima, estava viva”, explicou.
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