O caminhoneiro Ricardo Luiz Oliveira, de 47 anos, separou o domingo (8) para curtir um percurso de pedal, mas o trajeto não terminou como planejado. Ele acabou atropelado na entrada da cidade de Terenos, a 30 km de Campo Grande.
Segundo testemunhas, ele foi atingido por uma Volkswagen Saveiro de cor preta, conduzida por motorista que não parou para prestar socorro.
O ciclista foi socorrido por testemunhas que o levaram a uma unidade de saúde do município. Ele ficou desacordado por cerca de 30 minutos.
Ainda segundo o relato da família, Ricardo recebeu os primeiros atendimentos e passou por raio-x em Terenos, mas diante da gravidade do caso, o médico plantonista recomendou que ele fosse transferido para Campo Grande, onde poderia realizar uma tomografia na Santa Casa, onde tem plano de saúde.
Problema no atendimento na Santa Casa
Como não havia ambulância disponível em Terenos, a família transportou o ciclista até o Pronto Med da Santa Casa.
Segundo a filha de Ricardo, Maria Eduarda, mesmo com sangramentos e fortes dores, ele foi classificado com a pulseira verde — que indica casos de menor urgência — e teve de aguardar por 1h40 para ser atendido, mesmo com a indicação de necessidade de tomografia de urgência.
“Ele estava com feridas expostas, morrendo de dor, e implorei por uma maca para que pudesse deitar, mas me disseram que, com a classificação verde, não havia o que fazer”, contou a filha.
A reportagem do Midiamax tentou contato com a Santa Casa, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Problemas se acumulam na Santa Casa
Desde março a unidade hospitalar opera em superlotação e com falta grave de insumos. No dia 24 de março de 2025, o hospital emitiu uma nota à imprensa relatando superlotação do pronto-socorro e, um ofício, pedindo a suspensão do recebimento de novos pacientes.
Na época, relatou grave desabastecimento, atendimento acima da capacidade máxima e sem possibilidade de novas admissões.
Até que exatos dois meses depois (23 de maio), o maior hospital de Mato Grosso do Sul emitiu outro ofício, comunicando o bloqueio do pronto-socorro adulto e infantil.
Diante do caos instalado, vereadores passaram a fazer pressão por abertura de CPI, que se intensificou após a morte da menina Sophie Emanuelle Viana, de 5 anos, internada por três dias na Santa Casa após um acidente doméstico. A família denuncia negligência no atendimento.
Dados oficiais apontam que Campo Grande possui 3.120 leitos hospitalares, mas apenas 58% são destinados ao SUS. Na Pediatria, o cenário é ainda mais alarmante: são apenas 111 leitos pediátricos para atender mais de 85 mil crianças de até seis anos — ou seja, 1 leito para cada 766 crianças.
Mesmo entre os adultos, os números estão abaixo do ideal. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o recomendado é de 3 a 5 leitos por mil habitantes, mas Campo Grande está longe desse índice.
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