O foco de incêndio na área do Pantanal da Nhecolândia, no município de Miranda, iniciado no último dia 23, atingiu e causou grandes danos na base de pesquisa do Instituto Arara Azul, localizado na Fazenda Caiman.

Desde que um caminhão boiadeiro pegou fogo e as chamas se espalharam pelas fazendas, as equipes de combate se deslocaram para a região, para tentar conter os estragos. Porém, o fogo segue se alastrando.

Na última quinta e sexta-feira, as chamas atingiram a base de pesquisas e destruíram diversas pesquisas aplicadas na área de conservação da arara-azul. Segundo a presidente da entidade, a bióloga Neiva Guedes, esse incêndio causou ainda mais estragos que o do ano 2020.

“Tivemos uma das piores tragédias dos últimos tempos com incêndios no Pantanal […] o fogo passou queimando tudo em nossa base de pesquisa na Caiman”, relatou a presidente.

Chegando ao local, a equipe do Instituto iniciou o trabalho de avaliação dos danos. A fumaça, porém, impediu o prosseguimento dos trabalhos e os profissionais tiveram que retornar no sábado.

Segundo Neiva, as equipes retornaram na segunda-feira, para iniciarem as atividades de mitigação dos danos. “Apesar de extremamente desolados e vendo nossa pequenez diante dessa tragédia, o que nos resta é manejar, recuperar o que podemos, é isso que estamos fazendo a partir de hoje”, afirmou.

Confira o vídeo:

Danos às pesquisas

Os incêndios destruíram diversos ninhos da ave, dotados de câmeras e com presença de ovos. As chamas atingiram um deles e o destruiu, mas o casal de araras não o abandonou. A câmera, por sua vez, destruiu-se totalmente.

Em um segundo ninho, as chamas derrubaram a árvore onde estava instalado. Segundo a presidente do Instituto, há necessidade que os profissionais hajam de forma rápida para evitar mais perdas.

“Foram deslocadas duas equipes de pesquisadores e assistentes de pesquisa, para avaliarem os danos e já começarem as medidas de mitigação […] ninhos artificiais que deverão ser instalados, imediatamente, para que as araras não percam o período reprodutivo”, explicou.

Na postagem da presidente na conta oficial do Instituto em uma rede social, o músico Guilherme Rondon comentou: “Muita tristeza, de cortar o nosso coração pantaneiro”.

Incêndios consomem 80% da fazenda

fazenda Caiman, renomada pela conservação ambiental e ecoturismo anunciou que teve 80% do seu território queimado. A propriedade rural localizada no Pantanal de Miranda também abriga uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), de 5,6 mil hectares.

Os incêndios florestais atingiram a propriedade no último fim de semana, apesar dos esforços da unidade e brigadistas em evitar que as chamas chegassem ao local.