O sonho do asfalto no Residencial Oliveira, em Campo Grande, parece que virou um pesadelo. Isso porque, após um ano do início da pavimentação, algumas obras estão abandonadas em trechos do bairro. A situação é de extremo: ou chove muito e a população fica ‘ilhada’ e o barro impera na região ou a poeira toma conta do ambiente.

Para quem mudou para a região com o atrativo do asfalto, o que fica é a decepção. É o caso da moradora Camila Dantas, que está há dois anos no Residencial Oliveira. “Quando fui me mudar a vantagem era que iam asfaltar a nossa rua e foi um ponto importante para nos mudarmos. Porém, passou o tempo e nada de ruas asfaltadas”, explica. As mudanças começaram a surtir efeito quando completaram cerca de um ano morando no local.

Em um cenário visual da situação, as ruas que não receberam asfalto são de terra. Em dias de chuva, é impossível passar de carro, motocicleta, ônibus, enfim, qualquer meio, porque as chances de atolar são grandes.

Nos dias mais secos, os buracos e desníveis das pistas ‘pegam’ os veículos de jeito. “Os carros vivem no mecânico”, conta. A poeira também impera na região, o que leva a diversos problemas respiratórios, que vão de alergias à bronquite. “Ano passado eles ficavam na esquina de casa com as obras. Era terrível porque passavam com o caminhão correndo, vivíamos com a casa trancada por causa do pó”, relembra.

As obras iniciaram em setembro de 2022, com prazo de 270 dias corridos para serem finalizadas. Com isso, o término deveria ocorrer em junho de 2023. Um aditivo foi firmado, com prazo para abril de 2024. Mesmo assim, ainda nada.

A moradora explica que os residentes da região já cobraram, inclusive, um posicionamento da Prefeitura. “Eles falam que estão trabalhando na obra, porém ainda não finalizaram e as máquinas nem aqui estão. A gente está cansado de todo mundo vir aqui, tirar foto, postar, falar que as obras estão acontecendo, mas na verdade elas já precisavam ser finalizadas”, comenta.

Em alguns trechos, a pavimentação até chegou, mas as vias não são sinalizadas, como é o caso das Ruas João Ribeiro Guimarães e Maria Luiza Moraes, líderes de acidentes na região.

Asfalto parado

O porquê das obras estarem paralisadas é um grande questionamento dos moradores. Em uma pesquisa rápida no Portal da Transparência, é possível encontrar o valor do contrato entre a Prefeitura de Campo Grande e a BTG Empreendimentos, Locações e Serviços EIRELI (CNPJ 00568986000109) em R$ 10.037.602,02, com aditivos de R$ 3.664.027,16, totalizando R$ 13.681.629,76.

“Já tem mais de ano de atraso. Sem nenhuma precisão de acabar. Não tem nenhuma máquina no canteiro de obras e como você pode ver o, dinheiro está na conta”, explica morador da região desde os 15 anos.

Assim, ele conta que a Prefeitura chegou a organizar uma reunião com os moradores locais no início do ano. Na conversa, era proibido o uso de celular, mas explica que foi feito um jogo de ‘empurra-empurra’ entre os responsáveis pela obra.

“A gente cobra, eles fazem as obras por uma semana e somem. Agora mesmo está parado, você não vê maquinário nos canteiros”, comenta.

Drenagem e terraplanagem

Em nota, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) explicou que as obras foram interrompidas por dois dias na semana passada para manutenção das máquinas.

“Na sexta-feira a empresa concluiu a pavimentação de um trecho que estava faltando e agora está fazendo o meio-fio e a calçada. Nesta segunda-feira a empresa está começando a obra de drenagem da segunda etapa e amanhã inicia a terraplanagem do trecho que será pavimentado”.

A reportagem também entrou em contato com o setor jurídico da BTG Empreendimentos. Até o momento, não obteve resposta quanto aos questionamentos sobre o andamento das obras de pavimentação. O espaço segue abeto para posicionamento.

*Atualizada às 11h45 do dia 07 de maio para acréscimo de nota da Sisep

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