População indígena cresce nas áreas urbanas do Brasil, mas MS ainda concentra maioria em aldeias

Na contramão da média nacional, em Mato Grosso do Sul 64% da população indígena vive em áreas rurais

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Aldeia indígena em MS
Aldeia indígena em MS (Divulgação, FCMS)

Entre 2010 e 2020, o número de indígenas residentes em áreas urbanas cresceu significativamente no Brasil, ao ponto de mais da metade da população indígena trocar o meio rural pelo urbano. No entanto, em Mato Grosso do Sul a maior parte da polução indígena ainda reside em meios rurais.

Os dados do Censo Demográfico, divulgados nesta quinta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que no Amazonas, estado que concentra a maior população indígena do Brasil, com 490.935 habitantes, 305.866 residem em áreas urbanas, enquanto 185.069 vivem em áreas rurais.

O mesmo fenômeno é observado na Bahia, que abriga a segunda maior população indígena do país. De uma população estimada em 229.443 habitantes, 180.035 residem em áreas urbanas e 49.408 em áreas rurais.

No panorama nacional, em 2022, cerca de 53,97% (ou 914.746 pessoas) da população indígena residiam em áreas urbanas, enquanto 46,03% (ou 780.090 indígenas) moravam em áreas rurais. Já em 2010, os indígenas em áreas urbanas eram 324.834 (ou 36,22%) enquanto 572.083 (ou 63,78%) viviam em áreas rurais. De 2010 para 2022, a população indígena em áreas urbanas cresceu 181,6%, ou um ganho de mais 589.912 pessoas.

Em MS, maior parte dos indígenas residem em áreas rurais

Indígenas Kaiowá
Indígenas Kaiowá (Divulgação)

Mato Grosso do Sul concentra a terceira maior população indígena do Brasil, com 116.469 habitantes, distribuídos por 29 municípios. Essas populações estão divididas em oito etnias: Guarani, Kaiowá, Terena, Kadwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaié e Guató.

No entanto, diferente dos demais estados, aqui, de 116.469 pessoas, 74.608 residiam em áreas rurais em 2022, cerca de 64%. Do total, 41.861 estão em regiões urbanas da cidade, 35,94%.

Ao filtrar pela localização do domicílio, os dados mostram que 68.682 estão aldeados, ou seja, 59% moram em terras indígenas. Desse total, há 67.259 (97,93%) estão em áreas rurais e outros 1.423 (2,07%) em regiões de meio urbano.

Entre os que residem fora das terras indígenas, há 47.787 habitantes, sendo que a maioria vive em áreas urbanas, cerca de 40.438 e os 7.349 restantes em áreas rurais.

Essas mudanças podem estar ligadas a diversos fatores, como o aumento das aldeias urbanas no Brasil, o fortalecimento do sentimento de pertencimento entre os indígenas e seus territórios, além das dificuldades em se adaptar e serem aceitos em determinados espaços de meio urbano.

Outro fator importante é a luta pela demarcação territorial, uma vez que os conflitos recorrentes dificultam o acesso das comunidades indígenas aos seus territórios tradicionais, forçando muitos a migrarem para áreas urbanas.

População indígena cresceu 51% em dez anos

Em 2010, a população indígena de Mato Grosso do Sul era de 77.025 pessoas, sendo 62.131 residentes em áreas rurais e 14.894 em áreas urbanas. Apesar dos conflitos territoriais constantes e do genocídio em curso, o número de indígenas aumentou desde o último censo demográfico. Entre 2010 e 2020, houve um crescimento de 51%, mas MS perdeu o posto de 2° maior população indígena do Brasil.

No entanto, se comparado ao último Censo houve um crescimento significativo de indígenas que residem no meio urbano em MS. De 2010 a 2022, o número passou de 14.894 para 41.861, o que representa um aumento percentual de 181%.

Etnias indígenas em MS

Ofayé – Donos de um território que ia do rio Sucuriú até as nascentes dos rios Vacarias e Ivinhema, com mais de cinco mil índios. A nação Ofaié Xavante se resume hoje a 50 pessoas, em uma reserva no município de Brasilândia.

Kadiwéu – Durante centenas de anos dominaram uma extensão do Rio Paraguai e São Lourenço, enfrentando os portugueses e espanhóis que se aventuravam pelo Pantanal. Habitam os aterros próximos às baías Uberaba, Gaiva e Mandioré.

Atikum Os Atikum são originários da Serra do Umã, em Pernambuco, mas migraram para o estado de Mato Grosso do Sul entre os anos 1970 e 1980. Eles se estabeleceram na Reserva Indígena de Nioaque, onde vivem também os Terena.

Guató – Os guató, conhecidos como uma grande nação de canoeiros, conseguiram recuperar nos últimos anos uma pequena parte de seu território com a demarcação da Ilha Insua ou Bela Vista. Agora confinados na própria cultura, isolados, porém semi-urbanizados na Aldeia Uberaba, a 350 quilômetros de Corumbá, no coração do Pantanal.

Guarani – Remanescentes dos ervais da fronteira com o Paraguai e com uma área superior a dois milhões de hectares, a nação guarani, do tronco tupi, tem sua população dividida em 22 pequenas áreas em 16 municípios no sul do Estado.

Kaiowá – Eles vivem na região sul do Estado e no passado eram milhares ocupando 40% do território de Mato Grosso do Sul. Pertencem ao tronco linguístico tupi e é um dos únicos grupos indígenas que tem noção de seu território.

Terena – Agricultores, os terena estão concentrados na região noroeste do Estado e com grandes levas nas aldeias urbanas de Campo Grande. Pertencem ao tronco linguístico Aruak. Foram os últimos a entrar na Guerra do Paraguai e pode ser este o motivo de não terem sido totalmente dizimados.

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