O pai e o filho atingidos por uma peça que se soltou de um dos caminhões do Fórmula Truck, neste sábado (29), compareciam ao evento pela primeira vez. O menino, de 5 anos, tem autismo e levá-lo para ver sua grande paixão, os carros e caminhões, seria uma forma de ajudá-lo com a sensibilidade ao barulho. Os dois já passaram por cirurgia e aguardam alta.

O gerente de ótica, Ricardo Alves, de 35 anos, contou ao Jornal Midiamax que levou o filho ao evento como uma forma de tentar auxiliar. “Meu filho tem autismo, então, tem uma grande dificuldade com barulho, só que ele gosta muito de carro e ficou super empolgado quando eu contei do evento. Ele estava super feliz. Resolvemos levar ele para ver se conseguimos ajudar com essa questão do barulho”.

Em uma das fotos enviadas à reportagem, Ricardo e o filho aparecem sorrindo com a pista do Autódromo Internacional de Campo Grande, onde os caminhões passavam, de fundo. “A gente tirou um pouco antes do acidente”, lembra.

Pai e filho chegaram e ocuparam seus lugares na arquibancada. “A primeira volta do carro, ele escutou o barulho e ficou super empolgado, porque os carros estavam vindo. No primeiro caminhão que passou, já aconteceu essa fatalidade”, explicou.

No momento em que a peça ‘copinho’ – a qual fica presa ao eixo do cardan, responsável por transmitir para as rodas e para os eixos a energia gerada no motor – se soltou, a criança estava no meio das pernas do pai. “Meu filho estava sentado do meu lado, mas estava com um pouco de frio, então eu coloquei ele no meio das minhas pernas. Não era nem para ter acontecido nada com ele, mas como eu coloquei ele sentado lá, acabou acertando os nossos dois pés juntos”, lamenta.

Estenderam toalha

Segundo uma mulher que também estava na arquibancada no momento do acidente, a peça se soltou do veículo, passou pelo alambrado e foi, em alta velocidade, na direção da família, atingindo primeiramente o menino.

Ela lembra que viu dois tênis voando e considerou que os calçados estivessem na pista e, com a passagem do caminhão, tivessem ido em direção à arquibancada. Só com o choro da criança foi que perceberam que algo muito mais grave havia acontecido.

“A gente começou a balançar o braço, teve uma senhora que começou a balançar uma toalha para ver se eles [organização] prestavam atenção no que estava acontecendo. Meu esposo, que também estava comigo na pista, pegou o carro, foi até uma entrada para pedir ajuda para a segurança, para eles chamarem o pessoal que estava do outro lado e avisar o que tinha acontecido”, lembra.

A peça atingiu primeiro o pé da criança e, depois, do pai. A criança teve o pé esmagado e dois dedos quebrados, enquanto o pai trincou o tornozelo. Ricardo teve que usar uma toalha para tentar estancar o sangue do filho até os socorristas do evento chegarem.

Pai e filho sendo atendidos por socorristas – (Foto: Arquivo Pessoal)

O gerente de ótica passou por cirurgia neste domingo (30) e aguarda por alta. “Estou bem. Devo ter alta ainda hoje e começar a recuperação com remédios. Meu pé está enfaixado e o machucado ainda sangra um pouco”, explicou ao Jornal Midiamax.

Já o filho, segundo Ricardo, teve um quadro mais complexo. “Meu filho fez a cirurgia no mesmo dia, foi para o Hospital da Unimed. Às 20h saiu da cirurgia e saiu às 23h, no mesmo dia que teve o evento. Ele está aguardando, porque teve laceração, fratura exposta, quebrou bastante o osso. Também teve esmagamento no pé. Então o caso dele está mais grave, e estamos aguardando”.

Organização e despesas

Um dos organizadores do evento, Gilberto Hidalgo, afirmou à reportagem que a Fórmula Truck se dispôs a arcar com todos os custos das despesas médicas do pai. Ricardo, primeiro, foi atendido na Santa Casa pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas depois foi colocado no lado particular do hospital, a pedido da organização.

O pai confirmou que a organização entrou em contato para arcar com os gastos. “A organização entrou em contato comigo, a gente conversou. Foi tudo conversado. O médico que está me atendendo aqui falou que o pessoal foi atrás dele para dar o suporte, então, a princípio, está tudo certo. Só vou descobrir quando tiver alta”, contou. O filho está em outro hospital e, conforme relato do pai, “parece que está um rolo lá”.

A expectativa é de que Ricardo tenha alta ainda nesta segunda-feira (1º). “A princípio está tudo certo [com as despesas médicas]. Só vou descobrir quando tiver alta”, contou o gerente.