“Mais um ônibus quebrado para a alegria do povo que tem horário marcado no médico”. O relato indignado é de uma leitora que não consegue entender o aumento no valor da tarifa do ônibus, considerando a precariedade do serviço oferecido aos campo-grandenses pelo Consórcio Guaicurus.

Segundo a moradora, sair cedo de casa não resolve muita coisa. Isso porque, para chegar às 9h em sua consulta médica, ela precisou sair de casa antes das 7h30 e, mesmo com a antecedência, não sabe se conseguirá chegar a tempo de fazer seus exames.

A leitora explica que o veículo que faz o trajeto da Praça Ary Coelho ao Terminal Morenão, quebrou na Rua Rui Barbosa, por volta das 8h. Com isso, os usuários precisaram descer e aguardar outra linha.

“Chego ali no Morenão para pegar o 059, espero 20 minutos ou mais, porque é um único que tem e, quando entro, ele vai e quebra”, conta ela, revoltada. “Aumentou a passagem e os ônibus estão cada vez piores. Não tem horário!”

A moradora explica que este não é um caso isolado. Frequentemente ela precisa adaptar seus horários para tentar pegar a condução, mas essa ‘estratégia’ nem sempre funciona porque, pela falta de condução, os horários das linhas estão sempre em mudança.

“Eu trabalho em uma escola e tenho que ir andando todos os dias porque não tem muitos ônibus! Mudei meu horário para tentar pegar a linha que passava, mas agora eles estão passando mais tarde também. Trabalho com criança, corro a tarde toda e depois tenho que ir embora andando porque não tem ônibus”, acrescenta ela.

Valor do passe subiu 69% em 10 anos

O valor do passe de ônibus cobrado aos usuários do transporte coletivo de Campo Grande subiu 69% entre 2013 e 2023, período em que o Consórcio Guaicurus passou a explorar o serviço de transporte público na Capital.

Em 2013, quando o Consórcio Guaicurus passou a comandar o transporte coletivo de Campo Grande após vencer licitação, os usuários precisavam desembolsar R$ 2,75 para realizar uma viagem de ônibus. A tarifa dos ônibus executivos era de R$ 3,35.

A partir de maio de 2023, os usuários desembolsavam R$ 4,65 para realizar a mesma viagem, equivalendo a um aumento de 69% no valor do passe pago pelos passageiros.

Conforme o histórico dos preços das passagens divulgado pelo próprio Consórcio Guaicurus, apenas duas vezes o reajuste contou com uma diminuição do valor.

Em 2023, a empresa comprou apenas 71 novos ônibus, que renovaram 15% da frota atual de 450 ônibus. Assim, outros 111 ônibus vencidos continuarão circulando em Campo Grande.

A frota tem idade média de 7,7 anos, acima do ideal estipulado em contrato, que é de 5 anos. Porém, as empresas de ônibus não informaram se, com a renovação, a idade da frota ficará dentro do que estipula o contrato.

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